Pelo prazer de ser ruim!
Existem fenômenos que desafiam qualquer lógica e elaboração mais racional. Seja a imunidade do ex-presidente Lula aos sucessivos escândalos de corrupção, uma vez que continuou a gozar de imensa popularidade; seja o fato do Corinthians ter liderado o campeonato brasileiro de futebol de 2011 praticamente em toda a sua extensão, mesmo jogando tão mal; ou o fato da saga Crepúsculo fazer tanto sucesso, mesmo com uma qualidade tão questionável. Não é de hoje que os filmes da saga se provam imunes a críticas detratoras de toda sorte. Isso já era algo palpável quando o primeiro filme estourou nas bilheterias fazendo da obra de Stephenie Meyer algo inquebrantável.
Depois de dois filmes em que os respectivos diretores, Chris Weitz e David Slade, conseguiram potencializar as virtudes da obra e maquiar suas muitas fragilidades, Bill Condon, em parte pela mesquinha opção do estúdio de dividir o último livro em dois filmes, falha redondamente em tornar Amanhecer-parte 1, um filme minimamente eficiente.
Em Eclipse, para ficar em uma comparação com o melhor filme da saga – ainda que narrativamente não a tenha levado a lugar algum – atores bem dirigidos davam viço a personagens desconfortáveis com suas escolhas e com as escolhas impostas a eles. Ainda havia algum humor na cena em que Jacob e Edward conversavam sobre Bella e a rivalidade entre eles.
Em Amanhecer-parte 1, todas as tentativas de produzir algum humor falham e as cenas rodadas no Rio provocam risos embaraçados de quem conhece o Brasil. Kristen Stewart regride em sua caracterização como Bella. Totalmente desconectada do estado de espírito de sua personagem, a atriz não consegue passar para o público outra coisa que não tédio e agonia. Robert Pattinson se sai um pouco melhor do que sua parceira, mas é Taylor Lautner- um ator, ainda que carismático, em evolução- que fica parecendo um Al Pacino perante os dois. Jacob continua sendo o personagem mais interessante da saga, não a toa a própria autora considera um futuro para o lobo em sua literatura.
O imponderável aconteceu: a gravidez de Bella em Amanhecer-parte 1 escancara a fragilidade dramática da série e ajuda a fazer do quarto filme, o mais fraco de toda a franquia
Mas o grande problema do filme está na morosidade dos eventos, que são muito poucos (e tediosos) - embora haja um casamento, uma gravidez esquisita e inesperada e um parto sanguinolento. Condon e a roteirista Melissa Rosenberg não conseguem fazer do filme algo fluído. O diretor até tenta injetar alguma tensão no parto da filha de Bella e Edward ou na tocaia que a matilha de lobos faz, mas é tudo diluído pela inoperância dramática do texto original.
O triste a constatar é que os dois últimos filmes da série haviam feito notáveis melhorias em relação à primeira fita e este Amanhecer-parte 1 faz o primeiro filme parecer irretocável. O prazer de estar acima das críticas parece mover a série.
O próximo filme, a exemplo do que aconteceu com o último Harry Potter, deve ser consideravelmente superior a este. No entanto, o melancólico fim parece destinado a ser, também, um fim que fará por merecer as constantes “caras de dor de barriga” que Robert Pattinson teima em fazer com seu Edward.
Eu li e reli duas vezes, só pra me certificar: Kristen Stewart regride na sua interpretação. GENTE! O que resta, então?
ResponderExcluirBom, eu não imagino que o filme seja bom, mas confesso que anseio por vê-lo, mesmo tendo me decepcionado com os dois primeiros filmes, os quais vi no cinema. Se uma gravidez, um casamento e Rio de Janeiro não atraem atenção, acho que existem muitas falhas nesse filme.
E Jacob, a meu ver, é uma figura muito questionável, acho ele ora interessante ora tão chato quanto Edward. Penso que Bella seja a mais interessante, tanto nos livros quanto no filme, mas é verdadeiramente mal aproveitada - seja por Stephenie Meyer, que a tornou sonsa, ou pelos diretores dos filmes da saga que a tornaram três vezes mais sonsa do que ela já é no romance literário.
Mas eu insisto: verei todos.
hehe, adorei as comparações iniciais. Pois é, é um fenômeno sem explicação, pior ainda é a defesa fervorosa de alguns fãs a isso. Enfim. Só discordo das atuações, não achei Kristen Stewart tão péssima nesse filme e apesar de concordar que Jacob é o melhor personagem, não consigo ver Taylor Lautner como bom ator.
ResponderExcluirbjs
Perfeito Reinaldo! Ótima e divertida relação que você faz na abertura de seu texto abordando fatos nebulosos. Não sou petista nem corintiano, rs! O sucesso é algo que precisa ser pesquisado em um trabalho acadêmico.
ResponderExcluirOs fãs podem falar o que quiser mas quando eu escrevo sobre a saga nos filmes irregulares não perdôo. Até me divirto, rs! Pattinson está longe de ser este ótimo ator que falam, mas que ele é galã, bom isso é uma verdade. O sucesso né? Rs! Taylor Lautner pode ser interessante em outros projetos e a Kirsten idem. Tudo aqui nesta série é de uma medíocridade irritante e engraçada.
Excelente análise.
Abs.
Eu gosto dos livros da Stephenie Meyer e "Amanhecer" é uma obra interessante, especialmente na forma como desenvolve as alternâncias narrativas. Entretanto, o que muito me frustra nas adaptações cinematográficas dos livros da série "Crepúsculo" é que a história simplesmente NÃO evolui, ao contrário, por exemplo, dos filmes da saga "Harry Potter". Pra continuar na mesma comparação, os filmes da série "Crepúsculo" nem melhoram de qualidade, na medida em que a saga se desenvolvia, como acontecia com a série "Harry Potter".
ResponderExcluirEnfim, para voltar a falar sobre a parte I de "Amanhecer", acho que o primeiro ato do filme é perfeito, especialmente porque ele mostra aqueles elementos que me cativaram em "Crepúsculo", por exemplo... Pena que a história vira uma bagunça no segundo ato. Ainda bem que o Bill Condon se recupera na cena final, que, acredito, faz uma importante transição rumo ao momento que Bella mais esperava.
Porém, espero, sinceramente, que a parte II de "Amanhecer" seja melhor.
Beijos!
Luis: É... tem que ver mesmo Luis! sou super favorável. Quanto ao personagem Jacob, concordo que ele seja totalmente questionável, mas -pelo menos - é mais bem delimitado dramaticamente do que os outros dois protagonistas.
ResponderExcluirAbs
Amanda: Não acho Taylor Lautner bom ator Amanda. Mas nos filmes da saga Crepúsculo,ele é quem faz menos feio entre os protagonistas.
Bjs
Rodrigo Mendes:Acho que o Lula daria uma série de ótimas teses. Crepúsculo e Corinthians já tenho minhas dúvidas... rsrs
Abs
Kamila: Respeito sua posição de fã Ka, mas é preciso reconhecer a fragilidade do material original. Até admito que as adaptações sejam "pobres", mas negar que a fonte é -digamos - rasa é contraproducente em termos analíticos...
bjs