Desde sexta-feira em cartaz no país, Amor? é um filme rico em suas camadas. Além da força temática, a fita de João Jardim atrai para si importância pela opção de renovar a linguagem cinematográfica. Jardim avança na proposta de Eduardo Coutinho vislumbrada em Jogo de cena e oferece a seu espectador um filme inebriante. Assentado em uma investigação simples, mas apresentada de maneira sofisticada. Ficção documentada ou documentário ficcionalizado? Os rótulos pouco importam aqui. Mas é inegável que o olhar sobre o documentário precisará mudar. E mesmo sobre as possibilidades de uma narrativa ficcional. O venerado “inspirado em uma história real” pode adquirir novo prisma. Novo desenvolvimento. O frescor de Amor? o é, pela ciência de Jardim de que a força emocional do documentário, combinada com a liberdade criativa da ficção podem acrescer à experiência cinematográfica. Essa é a proposta primária de Amor?. O diretor admitiu em entrevista no festival de Brasília do ano passado que não quis que os atores fizessem pesquisa sobre seus personagens. Muito menos que entrassem em contato com os donos daquelas histórias.
Jardim pensativo no primeiro plano: um filme para renovar a linguagem cinematográfica...
Essas histórias de amor e violência, selecionadas pelo diretor e por Renée Castelo Branco, foram ouvidas em um extenso trabalho de pesquisa da produção. Esse trabalho foi capitaneado por Jardim. De posse das entrevistas, Jardim roteirizou Amor?. “Até pensei em mostrar os verdadeiros personagens na tela, mas, além da privacidade de cada um, havia a privacidade do parceiro de quem falavam”, explica Jardim no material de divulgação concedido à imprensa. “Além disso, havia também questões legais. Poderíamos ou não expor estas pessoas à esta situação? Então, optei por convidar atores. Por isso, Amor? não é um documentário. Nem ficção. É impossível de classificá-lo”.
Pelo menos por enquanto. Não é justificável, ainda que seja tentador, enquadrar Amor? nas concepções vigentes. Em um momento que o documentário cresce como gênero cinematográfico, Amor? vem expandir suas fronteiras. Assim como radicaliza a forma como a ficção se comunica com a realidade. É uma proposta tão inovadora quanto bem vinda. Maravilhosamente executada por João Jardim, um cineasta que – meio sem querer – firmou uma valorosa contribuição para a arte chamada cinema.
Assisti Amor? ontem e concordo com tudo o que falou. O filme tem um frescor cinematográfico, poético e, ao mesmo tempo, tão palpável a ponto de eu me ver em alguns relatos. Uma linguagem cinematográfica totalmente renovada na qual nem mesmo sabemos as fronteiras entre ficção e realidade.
ResponderExcluirQue híbrido fascinante! Sim, ele é revigorante como é o Cinema de João Jardim, um realizador que a cada dia me encanta. Estou apaixonada pela verdade do filme.
Beijo,
MaDame
Pô, Reinaldo, assim você só me deixa com mais vontade de ver o filme... Em Salvador só estreia dia 22, mas está em pré em uma única sessão longe de casa... Acho que vou fazer o sacrifício...
ResponderExcluirbjs
A cada novo texto que leio sobre esse filme, fico mais intrigada em relação a ele.
ResponderExcluirMadame: É fascinante mesmo! Desconfio que Amor? modificou a relação de Jardim com o cinema. Podemos esperar mais boas transgressões pela frente... bjs
ResponderExcluirAmanda:rsrs. Então segura essa: É um dos melhores filmes do ano até aqui. rsrs. Bjs
Kamila: Tomara que possa saciar sua curiosidade em breve.
Bjs