domingo, 10 de abril de 2011

Insight

 Transformando o erro em acerto


Começou na última semana a turnê de Charlie Sheen pelos EUA com o show “My violent torpedo of truth”. Sheen, como é público e notório, se engajou em uma espiral de polêmicas e ignorâncias nas últimas semanas. Os episódios, além de renderem notícias diárias sobre as “crises” do ator, ocasionaram sua demissão do programa de maior sucesso da tv americana, "Two and a half men". Renderam também, em um movimento de marketing mais comum em Hollywood do que se pode imaginar, esse show, que terá 22 apresentações. Sheen, que ganhava o maior salário da tv (cerca de U$ 1, 5 milhão por episódio) esgotou os ingressos para as apresentações em horas. Um feito e tanto. Ele conta detalhes de bastidores de sua vida pessoal (regada a bebidas e atrizes pornôs) e das gravações de "Two and a Half men". Esses picantes detalhes vêm entremeados por piadas de gosto duvidoso e auto bajulação.

Sheen na primeira apresentação em
Detroit: vaias

Mas Sheen sabe se promover ao gosto de um público sedento por esse tipo de promoção. Hollywood, como demonstra a história, adora consternações públicas e notórias. Escândalos são os combustíveis mais florescentes dessa indústria secular. O que mais chama a atenção no caso de Sheen não é nem mesmo a glamourização de picardias e insolências, mas a capacidade bidimensional (do público e de Sheen) de transformar um grave desvio de moral em acerto estratégico de carreira. Sheen não foi o primeiro a fazê-lo e nem será o último. Robert Downey Jr. é um membro emérito dessa causa. Mas o ator, diferentemente de Mickey Rourke, não se valeu de seus desvios para voltar ao topo. Rourke foi consagrado como intérprete ao viver um personagem nos cinemas (no filme O lutador) que guardava muitas semelhanças com sua trajetória pessoal. Houve quem se sensibilizasse com o ator. Houve quem resistisse a isso. Rourke, além de arrependido, teve quase duas décadas entre seu declínio e ascensão (ainda que a ascensão não tenha sido tão vistosa quanto o declínio). Com Sheen esse hiato nem sequer existiu. Empolgado, o ator faz o que bem entende. Dia desses, recebeu U$ 100 mil por um tweet.
A reinvenção de Charles Sheen logo precisará ser reinventada. Qualquer coisa, outro Charlie, o roteirista Charlie Kaufman tem a solução. O mais genial e irascível roteirista de Hollywood na atualidade descolou uma indicação ao Oscar de uma crise criativa. Impedido, devido a um total bloqueio, de adaptar um livro para o qual foi contratado, escreveu um roteiro sobre a crise que vivenciava. Se inseriu como personagem na trama, se promoveu como nenhum outro roteirista jamais havia feito e entregou a adaptação para a qual foi contratado. O nome do filme? Adaptação. That´s Hollywood baby!


Nicolas Cage é Charlie Kaufman em Adaptação: em Hollywood, original é não ser original...

5 comentários:

  1. O Charlie Sheen não é bobo. Soube aproveitar muito bem o que o destino trouxe.

    Em um país onde a imensa maioria é conservadora, qualquer rebelde vira rei! Seja com bons ou maus olhos, Sheen continuará com destaque e faturando por isso.

    É uma projeção temporária e curta, se ele quiser continuar tirando proveito disso, terá, logo, de fazer outras 'bobagens' para manter-se na mídia. Porque o público enjoa rápido, seja um bom ou mau exemplo.

    Agora, cá pra nós... Um pouquinho de teoria da conspiração. Não ficaria surpreso caso todo esse rebuliço seja apenas uma promoção de Two and Half Men. Quer um garoto propaganda melhor que Sheen pra isso? Ele representa no seriado uma versão light do que é na vida real.

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  2. Charlie Sheen sabe (e seus empresários com certeza), que polêmica é sinônimo de público e audiência.

    Seu show solo pode ser uma porcaria, mas o lucro já está garantido e após esta aventura, com certeza aparecerão vários convites para ele voltar a alguma série de tv, quem sabe até o próprio retorno para "Two and Half Man".

    Abrçao

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  3. Pra ser bem sincera, eu me recuso a dar atenção ao Charlie Sheen!!

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  4. Douglas: Primeiramente é um prazer te receber aqui em meu blog cara. Sinta-se a vontade para comentar sempre.
    Bem,concordo contigo.Como pontuei no final do texto, logo a reinvenção de Charlie Sheen precisará ser reiventada. É o ônus de viver Hollywood na veia. Essa coisa de retroalimentar é engraçada. Veja vc: o presidente da CBS (canal que exibe Two and a half men nos EUA) já defendeu a volta de Sheen ao programa. Vale lembrar que ele foi demitido pela Warner que produziu o show. Devido aos contornos do caso, não acho que seja uma promoção calculada, mas não duvido que o final não seja esse que vc previu. Afinal, Hollywood, como pontuei no artigo, vive disso. De engatar escândalos e chocking news uma atrás da outra...e nessa altura do campeonato, Sheen voltar ao programa seria uma notícia chocante...
    Abs

    Marcelo: Doido e bem resolvido. É possível?
    Abs

    Hugo: Observou muito bem Hugão. Abs

    Kamila: Mas atenção ao meu artigo vc deu? rsrs
    Beijos

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