sábado, 1 de maio de 2010

Editorial - O mês da arte

Existe uma eterna batalha, às vezes velada, às vezes declarada, entre os filmes de arte e os filmes comerciais. Uma batalha de muitas facetas, vertentes e interpretações que têm na frase cunhada por Millor Fernandes uma bela tradução do senso geral: “Se um filme faz dinheiro é comercial, se é fracasso é arte”. É mais ou menos essa a percepção dominante. Um erro grosseiro, diga-se. A arte é muito mais fluída do que sugerem rótulos engessados pelo tempo. E cabe ao cinema e a artistas inquietos como Terry Gilliam, Ridley Scoot, Francis Ford Coppola e Roman Polanski (todos com lançamentos previstos para esse mês) afirmar o cinema como arte conceitual. É inegável, porém, o apelo comercial de alguns produtos que não deixam também de ser arte. Como o novo filme de Ridley Scoor, Robin Hood, que abrirá o festival de Cannes em 12 de maio. Por falar em Cannes, o leitor de Claquete terá a cobertura do que de melhor acontece no festival diariamente no especial Cannes updated.
Há quem diga, também, que a verdadeira arte que o cinema perpetra é arrastar multidões para ver os blockbusters. Mas essa é a arte dos americanos. Em maio, eles irão praticá-la bastante. Fúria de Titãs, Sex and the city 2 e A hora do pesadelo são alguns dos aguardados lançamentos do mês. Mas os mais esperados pelo (e)leitor de Claquete são Tetro, nova produção do diretor de O poderoso Chefão, e O mundo imaginário do doutor Parnassus. Dois filmes fracassados comercialmente e como diria Millor, artísticos por vocação. Você poderá sabe mais sobre esses dois longas nos especiais dedicados a eles que o blog organizará. Ainda fechando a conta de abril, as críticas de Homem de ferro 2 e Alice no país das maravilhas também pintam por aqui.

3 comentários:

  1. Bom dia, Reinaldo!

    E o meu mês de Abril ainda tem leituras pendentes, mas entendo que o Claquete é uma extensão da minha "casa" virtual e poderei finalizá-las em breve. E que venha o mês da Arte.

    Pra mim, falar em Arte no Cinema é bem complicado, a meu ver, mesmo que Cinema é a sétima "ARTE". Eu vejo e sinto ARTE e sou uma seguidora nata de Gombrich, que diz que a ARTE é feita de artistas. Pois é, na minha opinião, independente em qual área, a ARTE depende totalmente do trabalho do artista, ou seja , quem faz a arte é quem é realmente artista e não acho que todos os diretores e todos os atores sempre entregam "ARTE". Atrás do subjetivo da análise,sempre há um racional de que aquele produto não é arte e, não necessariamente, a ARTE é o filme europeu ou é o filme americano, é uma arte como cinema mundial que entrega um trabalho estético e excepcionalmente de pessoas que sentem e performam como artistas.

    É louco explicar isso! Ver arte depende muito do olhar sob alguns diretores inquietos mesmo, assim como os grandes pintores abriram as portas de movimentos artísticos desbravadores. Como você bem disse, há diretores que pensam o cinema como arte conceitual e tem os que usam uma estética bem apurada que eu enxergo como arte, no caso de Tim Burton e Quentin Tarantino, entre outros.

    Beijo

    ResponderExcluir
  2. Você levantou uma difícil questão. Tem filmes que já são lançados com o intuito de fazer dinheiro, de arrasar nas bilheterias e com isso acaba saindo um filme com uma qualidade incrível mas que muitas vezes não significa nada. Filme para mim tem que passar algo, tem que mostrar alguma coisa, sabe ?!
    O cinema por si só é uma arte, mas nem tudo o que é feito é Arte.
    Ok. Agora eu mesmo me perdi ! hehehehehe
    Mas belo texto Reinaldo.
    PS: Belo comentário Madame ! rs

    ResponderExcluir
  3. Primeiramente, aqui não fiz a defesa de nenhuma teoria acerca do significado de arte no cinema. Apenas expus pontos de vistas conflitantes. Claro que me ajusto a um deles, mas não me posicionei próximo a nenhum deles no texto. É um editorial que, em virtude de dois filmes ditos de arte terem sido eleitos para os especiais do mês, apenas aproveita o ensejo do tema, já que Cannes (o grande altar da arte no cinema)se aproxima, assim como a temporada de Blockbusters hollywoodianos (em que imagina-se não há arte alguma). Quis apenas iluminar a contradição. Instigado por vcs farei uma seção insight sobre o tema. Não a publicarei esse mês pq todas já estão agendadas, mas em junho certamente.

    Madame: Concordo com vc. Arte pode ser conceito, estética, discurso, atitude... e lugar nenhum é melhor do que o cinema para dar corpo a ela. A sétima arte é também cunhada como a arte definitiva. Esse título não é gratuito! Bjs

    Alan: É lógico que precisamos fazer a diferença entre arte e entretenimento. Embora fazer entretenimento também possa ser considerada uma forma de arte. Há música para consumo, literatura para auto ajuda e pintura para desestressar, o cinema tb pode se permitir essas "firulas".

    Grande abraço

    ResponderExcluir