sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Oscar Watch 2014 - Momento Claquete #39

O Oscar ao longo dos anos

A belíssima Raquel Welch chega à cerimônia de 1972 

 Spencer Tracy e Bette Davis na cerimônia do Oscar de 1939

Paul Newman ensaia na véspera da realização da cerimônia de 1958

 Meryl Streep e Christopher Walken de O franco atirador, grande vencedor da noite do Oscar de 1979

O gigante Charles Chaplin recebe seu Oscar honorário em 1972 

Audrey Hapburn e Grace Kelly nos bastidores da cerimônia de 1956

Uma encantadora Drew Barrymore no tapete vermelho da edição de 1983 do Oscar ; E.T concorria a melhor filme do ano

Cher e Michael Douglas, melhor atriz e ator no Oscar de 1988... 

... mas a melhor dupla daquele Oscar foi Jennifer Grey e Patrick Swayze que estavam que estava no topo do mundo com o sucesso Dirty dancing - ritmo quente 

Quem é o cara? Clint Eastwood com os Oscar de filme e direção por Os imperdoáveis. Barbra Streisand e Jack Nicholson, também concorrentes no ano, reconheceram essa condição

Como era verde meu vale...: Matt Damon e Ben Affleck chocam o mundo com o Oscar de roteiro original por Gênio indomável conquistado em 1998 

Catherine Zeta Jones assombra em performance musical sobre o filme Chicago, o grande vencedor da edição de 2003 do Oscar

Heath Ledger e Michelle Williams, então casados, indicados pelos trabalhos no filme O segredo de Brokeback Mountain são só amor no tapete vermelho do Oscar 2006 

Leonardo DiCaprio parabeniza seu amigo e diretor em Os infiltrados, Martin Scorsese, pela conquista do delongado Oscar de direção em 2007

O francês Jean Dujardin, vencedor do Oscar de melhor ator em 2012,  e o artista da noite, o cãozinho Uggie

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Espeço Claquete - And the Oscar goes to...


No embalo do Oscar que se avizinha com toda a sua imponência, relevância, cafonice e importância, os diretores Rob Epstein e Jeffrey Friedman, documentaristas de prestígio que no ano passado se aventuraram na ficção com Lovelace, lançam um documentário reverente, mas com inegável valor histórico, sobre este que não só é o principal prêmio do cinema, mas também um parâmetro de medição de excelência universal.
A produção, lançada agora no início do ano e exibida com exclusividade no Brasil pelo canal TNT, que também exibirá o Oscar com exclusividade neste ano, não deseja se aprofundar nas idiossincrasias da Academia de Artes e ciências Cinematográficas de Hollywood. A princípio, ordena um contexto histórico básico, realçando que a Academia não foi criada para conceder prêmios, mas que essa vocação se manifestou ainda em seus primórdios. Observa também que os vencedores eram repassados aos jornais com antecedências, mas depois que o Los Angeles Times vazou os vencedores em um determinado ano, uma empresa de auditoria, a PWC, passou a ser a responsável pela apuração, cujo resultado é mantido em sigilo até a abertura dos envelopes na cerimônia. A primeira transmissão do Oscar pela tv foi nos anos 50 e esse é apenas um dos elementos históricos resgatados pelo documentário.
Os primeiros negros indicados, as primeiras vitórias (em um recorte que pretende pintar a Academia com cores progressistas), os aspectos políticos (Michael Moore, Marlon Brando, macarthismo), os principais apresentadores. Ainda que não contribua com nenhuma revelação bombástica, esse aspecto histórico de And the Oscar goes to... é válido para quem não conhece tão a fundo a história do Oscar e da Academia que o outorga.
Você não sabia, mas o decote de
Julia Roberts é vital para a narrativa de
Erin Brockovich
Outro ponto de atração do documentário é o elenco de figuras do cinema reunidas para falar de cinema e Oscar, um deleite para qualquer cinéfilo. George Clooney, Steven Spielberg, Cher, Helen Mirren, Annette Bening, Billy Cristal, Benicio Del Toro, Ellen Burstyn, Tom Hanks, Jennifer Hudson, Jane Fonda, o montador Kirk Baxter, a atual presidente da Academia Cheryl Boone Isaacs, o diretor de fotografia Janusz Kaminski, Jason Reitman e John Voight, entre outros.
Há, também, muita competência na manipulação de imagens de arquivo, de maneira a incitar reflexões interessantes como o prestígio inerente ao Oscar, o ressentimento da derrota e a delicadeza de se competir entre pares.
Em outra frente, Rob Epstein e Jeffrey Friedman têm o cuidado de explicar categorias menos famosas como som, direção de arte e figurinos adensando a importância desses setores para um filme. É ótima, por exemplo, a explicação do figurinista de Erin Brockovich – uma mulher de talento para os decotes de Julia Roberts no filme e de como essa apresentação da personagem acrescentava valor à narrativa.
A diferença entre roteiro original e adaptado também é aventada, assim como a criação e extinção de categorias.
And the Oscar goes to... é um filme que agrada tanto o espectador ocasional, interessado em uma aula revisionista sobre o Oscar, como ao cinéfilo mais ardoroso e engajado na premiação.

Detalhes de bastidores, como uma fala de Angelina Jolie adolescente, no tapete vermelho de uma cerimônia nos anos 80, em que dizia que não queria ser atriz ou Sidney Poitier evitando politizar o fato de ter sido o primeiro negro a ganhar o Oscar de melhor ator na coletiva pós-cerimônia são lampejos da importância do Oscar para nós, eles e todos os outros.

Oscar Watch 2014 - A peleja dos atores


Da esquerda para a direita: Matthew McConaughey (Clube de Compras Dallas); Leonardo DiCaprio (O lobo de Wall street); Bruce Dern (Nebraska); Chiwetel Ejiofor (12 anos de escravidão) e Christian Bale (Trapaça)

Al right, al right, al right...

É o lema do ano. É daquelas “catchy phrases” e Matthew McConaughey soube grafá-la muito bem logo no início da temporada de premiações. O fato de remeter ao início da sua carreira deixa tudo mais apoteótico para o ator texano que concorre pela incrível performance em Clube de Compras Dallas, mas traz na bagagem umas dez atuações louváveis que redefiniram sua carreira no cinema.

Prós:
- Redefiniu sua carreira e Holywood adora reinvenções
- Colin Firth, outro saído das comédias românticas para os filmes de prestígio, foi premiado a pouco tempo
- Interpreta um personagem que vivencia grande transformação emocional. Isso costuma computar votos no Oscar
- Precisou passar por grande transformação física para viver o personagem, outro fator que conta votos a favor
- As excelentes performances dos últimos três anos negligenciadas pela Academia pesam a seu favor
- Está fantástico na série da HBO True detective e também em outro filme concorrente, O lobo de Wall Street, é muito McConaughey para se resistir
- Ganhou todos os prêmios significativos da temporada
- O lobby por sua vitória é dos maiores dos últimos anos na categoria

Contras:
- O buzz em torno de DiCaprio, único ator que não competiu diretamente contra McConaughey na temporada, cresceu muito nas últimas semanas
- O inevitável desgaste de quem assume o favoritismo muito cedo na corrida
- Entre astros em busca de redenção, DiCaprio busca há mais tempo
- Colin Firth não ganhou em sua primeira indicação, porque facilitar para McConaughey?
-A força da categoria em que todos os candidatos estão mais ou menos no mesmo nível

Primeira indicação

Essa metamorfose ambulante

Christian Bale olha para Matthew McConaughey e diz: eu já fiz isso (perder peso em demasia para um papel) há uma década. Christian Bale recebe sua segunda indicação ao Oscar por mais um trabalho de inserção em um personagem totalmente diferente em sua carreira. Congregando vulnerabilidade com garra e malandragem, o vigarista que interpreta em Trapaça é o ponto alto de uma carreira cheia de grandes destaques que vai se refinando mais e mais.

Prós:
- Está no elenco mais prestigiado do ano e isso pode contar pontos a seu favor
- É uma atuação que transita pela comédia e pelo drama, exigindo fruição que só encontra par na performance de DiCaprio

Contras:
- Não ganhou nenhum prêmio significativo na temporada
- A pecha de que a indicação já é reconhecimento suficiente
- Venceu o Oscar há três anos
- É bem claro que não defende a melhor atuação do ano

Segunda indicação
Indicação anterior
Ator coadjuvante por O vencedor em 2011
Vitória anterior
Ator coadjuvante por O vencedor (2011)

Um lobo maduro

Leonardo DiCaprio fará 40 anos em novembro deste ano. A maturidade como intérprete, no entanto, já havia se manifestado. Ator de muitos recursos e escolhas profissionais ainda mais interessantes, DiCaprio chega novamente ao Oscar defendendo a melhor e mais complexa atuação de sua carreira. Como o fraudador Jordan Belfort, esse poderoso lobo do cinema dá seu uivo mais potente.

Prós:
- Há um consenso na Academia de que é preciso premiar DiCaprio e esta é uma bela oportunidade de fazê-lo
- É uma atuação complexa e cheia de nuanças, uma das melhores dos últimos anos
-Geralmente avesso a campanha, DiCaprio – também produtor do filme – se engajou na promoção do filme e de sua candidatura nesta temporada
-Pode-se beneficiar da política de “prêmios pelo conjunto da obra”
- Ainda não disputou prêmio com McConaughey nas premiações principais e a rixa do Oscar com ele é mais antiga

Contras:
- Ainda é muito novo para um Oscar competitivo com jeitão de “conjunto da obra”
- A forte campanha de difamação a qual o filme foi vítima pode minar suas chances
- Sem McConaughey no Bafta, perdeu para Chiwetel Ejiofor
- O fato de seu personagem ser o único desprezível disposto na categoria

Quarta indicação
Indicações anteriores
Ator coadjuvante por Gilbert Grape – aprendiz de sonhador em 1994
Ator por O aviador em 2005
Ator por Diamante de sangue em 2006

Atuando para dentro

Bruce Dern traz para a contenda do Oscar o trabalho mais introspectivo e minimalista da competição. Suave, seu desempenho em Nebraska corta como lâmina espartana de tão denso que é nas miudezas. Mas é preciso prestar atenção. Sua performance não tem “momentos providos pelo roteiro” ou auxílio de trilha sonora e closes. É tudo ele. É um trabalho de escavação de um grande ator esquecido no baú empoeirado de Hollywood e que aos 77 anos vive a fase mais laureada de sua carreira.

Prós:
- Ganhou a Palma de Ouro em Cannes e isso foi presságio de prêmios para figuras como Javier Bardem e Christoph Waltz
- É da antiga Hollywood e compõem uma dinastia de atores no cinema americano. Isso costuma ter alguma representatividade
- Ganhou alguns prêmios da crítica
- Seria a zebra ideal

Contras:
- É o menos badalado dos indicados e esse perfil de candidatura não costuma triunfar
- A pecha de que a indicação já é reconhecimento suficiente
- Não tem trabalhado muito e, portanto, muita gente simplesmente não o conhece. O que pode pesar contra suas chances de amealhar votos indecisos
- É uma atuação minimalista em uma categoria que não costuma premiar esse tipo de composição

Segunda indicação
Indicação anterior
Ator coadjuvante por Amargo regresso em 1979

O inglês tranquilo

O nome é difícil e carrega a origem nigeriana de Ejiofor. Você já o viu em muitos filmes, talvez não tenha se impressionado com ele, mas sempre o aprova. Assim é Chiwetel Ejiofor, que foi pessoalmente selecionado por Steve McQueen para atuar em 12 anos de escravidão, o grande highlight de uma carreira sólida, mas de poucos protagonismos. De Simplesmente amor a Cinturão vermelho, passando por fitas de Woody Allen e Spike Lee, a versatilidade do inglês que surge como o coringa dessa corrida pelo Oscar de melhor ator é seu principal cartão de visitas.

Prós:
- É a alma do filme e isso costuma sensibilizar muitos votantes
-Ganhou o Bafta no momento em que os votos para o Oscar iniciaram
- É negro e a categoria foi a que apresentou maior incidência de vencedores negros entre as categorias de atuação nos últimos dez anos
- É uma performance expansiva e cheia de momentos, do tipo que o Oscar gosta de comungar

Contras:
- A performance de McConaughey também é  expansiva e cheia de momentos
- A pecha de que a indicação já é reconhecimento suficiente
- O filme que defende parece em descenso na temporada e isso pode minar suas chances

Primeira indicação


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Crítica - Robocop

Blockbuster com tutano; talvez até demais

José Padilha fez o filme que quis fazer e fez um filme que quem quer que tenha assistido aos dois Tropa de elite reconhece sua assinatura em Robocop (EUA 2014). O que mais chama a atenção e conta pontos a favor do cineasta brasileiro nessa sua promissora e elogiável estreia no cinema americano é que ele não se intimidou ante a expectativa de refilmar um clássico oitentista tão venerado por fãs e crítica como o é Robocop. Ao invés de tornar-se refém da versão de Verhoeven, Padilha fez um filme com pensamento próprio e ambições calibradas em sua filmografia.
A começar pela valorização do debate entre homem e máquina. O homem é capaz de suplantar a máquina? Ao trazer o elemento familiar para um dos principais eixos da narrativa, Padilha subverte a lógica estabelecida pelo primeiro filme e adiciona mais um elemento de combustão em seu filme. Mas o traço político é o que mais interessa o diretor. Michael Keaton faz Raymond Sellers, uma espécie de Steve Jobs do mal. A definição talvez seja vã, mas é Padilha quem força a comparação ao vestir o personagem como Jobs e até mesmo colocar uma das frases mais famosas do pai da Apple na boca do presidente da OmniCorp: “As pessoas não sabem o que querem até que alguém mostre a elas”.
Sellers é o principal fornecedor de drones e robôs para o exército americano e tenta a todo custo derrubar uma lei que proíbe o uso de máquinas em solo americano. A direita ultraconservadora americana, representada pelo jornalista Pat Novak (Samuel L. Jackson), apoia a visão de Sellers de que nenhum policial precisa morrer para manter as ruas das cidades americanas seguras.
Quando Robocop começa, a opinião pública é majoritariamente contrária à ideia de robôs atuando nas ruas americanas, mas Sellers tem uma brilhante ideia. Colocar um homem dentro da máquina. Produzir um “faz de conta” robusto e cativar o público. Ganhar a opinião pública. É aí que entra Alex Murphy (Joel Kinnaman), detetive honesto que depois de sofrer um atentado fica à beira da morte. Sua mulher (Abbie Cornish) aprova que ele faça parte do programa pioneiro oferecido pela OmniCorp.  

O Robocop em ação... 

... e Michael Keaton, de volta à boa forma, como a melhor coisa do filme

José Padilha não está mais interessado na ação do que em escrutinar o jogo político que se ergue por trás da existência do Robocop e é desse desbravamento que Robocop se ocupa em sua maior parte. O diretor brasileiro não estava brincando quando disse que iria fazer um filme que discutisse o uso de drones. Robocop vai fundo na discussão, mas peca justamente por não oferecer um ponto de vista mais lapidado. A direita, embora caricata, não surge vilanizada no filme e o vilão de Keaton (o grande atrativo do filme em conjunto com Jackson) é mais acinzentado do que os anos 80 permitiriam ser.
A família de Murphy também parece logo deixada de lado pela narrativa, como se fosse um apêndice necessário apenas para estabelecer o conflito entre homem e máquina que caracteriza uma das muitas diferenças entre o Robocop de Padilha e o de Verhoeven.
Outro problema do filme é a falta de catarse. Mesmo quando Robocop “se vinga” do responsável pelo atentado a Murphy, tudo parece mecanizado demais. Talvez tenha sido uma opção de Padilha para realçar essa automatização da violência, mas o filme carece de violência – uma contingência de mercado – o que acaba por esvaziar de sentido essa alternativa.
A discussão proposta pelo diretor, no entanto, não se perde ou anula. Robocop é um blockbuster com o louvável desejo de querer fazer a audiência pensar. Padilha fez um filme que repete em muitos aspectos a estrutura do segundo Tropa de elite, mas sem o ranço pedagógico que impregnou no filme em questão. Ele deixa com o público a competência de julgar e fecha seu filme com uma provocação à América.
A prolixidade de Robocop talvez seja a razão da divisão que o filme incitou na crítica, mas é inegável - gostando do resultado obtido por Padilha ou não - que se trata de um filme de personalidade, descaradamente atual e, ainda que com menos humor, tão provocador quanto o filme original.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Oscar Watch 2014 - A peleja dos atores coadjuvantes

Da esquerda para a direita: Bradley Cooper (Trapaça); Jared Leto (Clube de compras Dallas); Jonah Hill (O lobo de Wall Street); Barkhad Abdi (Capitão Phillips); Michael Fassbender (12 anos de escravidão)


Queridos, cheguei!

Já estava demorando, mas o alemão de ascendência irlandesa finalmente conseguiu sua primeira indicação ao Oscar. Parece justo que seja por um trabalho com o diretor Steve McQueen, que o colocou no mapa. Seu desempenho em 12 anos de escravidão não é especialmente superior a qualquer outro que tenha apresentado nos últimos quatro anos, mas é o que finalmente lhe valeu o passaporte de ator indicado ao Oscar.

Prós:
- Faz um vilão e eles têm valido vitórias nessa categoria nos últimos anos
- É a melhor atuação do filme
- O fato de ser um ator de muito gabarito e talento e com cada vez mais fãs na Academia pode pesar a favor
- É uma opção sólida para quem resiste premiar atores bissextos (Jared Leto), estreantes (Barkhad Abdi) ou questionados (Jonah Hill)

Contras:
- Não ganhou nenhum prêmio significativo na temporada
- A pecha de que a indicação já é reconhecimento suficiente
- Seu personagem talvez seja vilão demais para o gosto de alguns votantes
-Andou mostrando ressentimento por não ter sido indicado por Shame há dois anos e isso pode custar-lhe votos

Primeira indicação

Ele é o capitão agora

Barkhad Abdi é um colosso de talento. Há quem diga que jamais fará outro papel, pelo menos de maneira tão convincente, como o pirata somali de Capitão Philips. Detratores de plantão dizem que ele não interpretou, mas emulou uma variação de si mesmo. Besteira. Dizem o mesmo de George Clooney. Abdi não poderia contar com referência melhor nesse glorioso conto de fadas que estrela em Hollywood.

Prós:
- Ganhou o Bafta justamente quando os votos para o Oscar começaram a ser emitidos
-Faz um vilão mais justificável do que o de Fassbender
-Rouba a cena de ninguém menos que Tom Hanks e isso é o tipo de coisa que impressiona quem quer se impressionar com uma atuação
- Seria o primeiro africano premiado na categoria

Contras:
- Apesar de fazer campanha, é compreensivelmente retraído
- A pecha de que a indicação já é reconhecimento suficiente
- Ser um ator estreante
- A ideia já suficientemente difundida de que não está, de fato, “atuando”

Primeira indicação

Brincando nos campos do senhor

Jim Carrey morra de inveja! Steve Carell quem? No Oscar 2014, Jonah Hill mostrou que sua indicação dois anos atrás não foi acidental. Trabalhando com Martin Scorsese, seu diretor favorito, segundo o próprio Hill, o ator atinge não exatamente a maturidade como intérprete, mas um nível de qualidade que atores tidos como maduros muitas vezes não apresentam. Seu desempenho é avassalador e fia não só o trabalho de DiCaprio como a leitura de Scorsese para a delirante história de O lobo de Wall Street.

Prós:
- Sua indicação surgiu de dentro da academia, já que não foi nomeado a nenhum dos principais prêmios satélites. Pode se impor da mesma maneira na premiação
-É uma atuação nervosa e acelerada como a que rendeu prêmios para atores como Heath Ledger e Joe Pesci na categoria
-Ele e DiCaprio fazem frente a dupla McConaughey e Leto. Se DiCaprio crescer em sua disputa, pode favorecê-lo aqui
- É o melhor na categoria e isso deve contar para alguma coisa
-Tem mais tempo em cena do que seus concorrentes

Contras:
- Não esteve em nenhuma das premiações satélites
- Sua indicação foi muito questionada em redes sociais e isso pode afugentar novos votos
-Faz o meio termo entre vilão e babaca, é um tipo difícil de render prêmios

Segunda indicação
Indicação anterior
Ator coadjuvante por O homem que mudou o jogo em 2012

David O. Russell eu te amo!

Bradley Cooper é um bom ator, mas não é tão bom quanto parece sob as ordens de David O. Russell. Sob a batuta do diretor, Cooper consegue a façanha de ser indicado ao Oscar por dois anos seguidos. Fato raro e que só gente da tarimba de Russell Crowe e Tom Hanks, para citar atores contemporâneos, foi capaz de conseguir nas disputadas categorias de interpretação masculina. Cooper está refinando sua estratégia de carreira e, ao que tudo indica, vai sempre abrir espaço na agenda para colaborações com seu diretor de O lado bom da vida e Trapaça.

Prós:
- Está no elenco mais premiado da temporada
- A aceitação de que é um bom ator já está mais consolidada em Hollywood
- Está com trabalhos enfileirados com cineastas como Clint Eastwood e Cameron Crowe, e ele faz questão de fazer com que todos saibam disso
- A ideia de que um ator de Trapaça precisa ser premiado pode beneficiá-lo

Contras:
- Há lampejos de semelhança de sua atuação em O lado bom da vida
- Não ganhou nenhum prêmio na temporada
- A pecha de que duas indicações em dois anos já é reconhecimento suficiente

Segunda indicação
Indicação anterior
Ator por O lado bom da vida em 2013

Sem desafinar

Se não ganhar o Oscar, Jared Leto ficará chocado. Ele vem treinando premiação após premiação pelo grande momento de sua carreira como ator. É sua carreira como músico que pode privá-lo dessa consagração. Há gente que não gosta de dar Oscar a músicos. Bobagem. Leto é ator dedicado e talvez aqueles que gostem de dar Oscar pela dedicação superem aqueles com resistência a músicos. Leto torce para isso. Em Clube de Compras Dallas, ele mostrou que não desafina como ator.

Prós:
- Ganhou todos os prêmios mais significativos da temporada
- É considerado o favorito na categoria desde muito cedo
- Apresenta o tipo de transformação física que costuma render Oscar
- É simpático e está fazendo campanha pesada pelo Oscar
- Se beneficia da estrutura do filme destacar o trabalho dos atores

Contras:
- Seu favoritismo já começa a demonstrar sinais de esgotamento
- A vitória de Abdi no Bafta inegavelmente lhe custará alguns votos no Oscar
- Muitos votantes resistem à ideia de premiar um ator que se anuncia cantor em primeiro lugar

Primeira indicação

Crítica - Nebraska

Desbravando a América

Os filmes de Alexander Payne costumam ser agridoces. Com Nebraska (EUA 2013) não é diferente. Neste road movie de imensa melancolia, Payne não deixa de se preocupar com seus personagens, mas revela uma preocupação que inexistia em seus filmes anteriores. O desejo de fazer uma crônica da América profunda, aquela que mesmo os americanos mais modernos e cosmopolitas têm pouco acesso. Não que a América não tenha surgido em cores vívidas em filmes como Os descendentes (2011) e Sideways – entre umas e outras (2004), mas ali surgia como consequência da riqueza dos personagens. Em Nebraska, primeiro filme que Payne dirige a partir de um roteiro que não é seu, esse interesse é prévio. Se isso vem do roteiro de Bob Nelson, e parece fatídico que vem, pouco importa. Payne sabe costurar essa narrativa como bom artesão de personagens que ele é.
Woody Grant (um irrepreensível Bruce Dern) está ficando senil. Mas não é exatamente por isso que encafifa que ganhou um prêmio de U$ 1 milhão em Lincoln, cidadezinha do Estado de Nebraska e que para lá precisa rumar para sacar seu prêmio. É muito claro que se trata de uma má peça publicitária, mas Woody está convencido de tal maneira que apenas a senilidade parece justificar seu comportamento.  David (Will Forte), o filho caçula, enxerga nesse surto intempestivo a possibilidade de se aproximar do pai que tão poucas boas memórias cultivou e se oferece para levá-lo a Nebraska e permitir que o pai veja por si mesmo o quanto se enganou.
Já em Nebraska, eles param em um vilarejo tranquilo para visitar familiares de Woody. É durante essa estadia que Payne revela o sabor de seu filme. A América profunda, de conservadorismo reiterado, costumes deslocados e ganância à espreita surge entremeada por um humor cândido, diferente do que estamos acostumados a experimentar no cinema.
Essa América afetada pela crise, com empregos minguando e figuras tão ingênuas quanto risíveis ganha estofo dramático à medida que o boato de que Woody é um novo milionário espalha-se pelo vilarejo.
Woody, um homem que escolheu recolher-se em sua insignificância, de repente, se via gozando de uma notoriedade estranha e por meio dessa situação francamente ridícula, David vai conhecendo melhor seu pai.
O elenco é vital para que os efeitos pretendidos por Payne sejam aqueles que Nebraska instiga. Sem Bruce Dern, um ator capaz de transitar entre o registro dramático e o apelo cômico sem deixar que a plateia perceba exatamente a diferença, faz de seu personagem a bomba emocional do filme. Emoção que não se tangenciaria sem o contrapeso ofertado por Will Forte. Com o peso do mundo nas costas, seu David é angústia e doçura sobrepostas e Forte atua para fazer Dern render mais. Generosidade maior só a de June Squibb, que surge para fazer de Nebraska um filme mais agradável do que o esquadro de Payne faz crer.
Ao fim da viagem, nada de muito significativo se aventa além da necessidade de retornar.
O preto e branco da fotografia adensa esse clima de intimidade pretendido por Payne. Intimidade que Woody ainda se ressente de desenvolver com seu filho, mas que seu filho - talvez por essa viagem sem grandes significados - entende não mais ser uma lacuna entre eles.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Crítica - Ela


O importante é que emoções eu vivi...

Theodore (Joaquin Phoenix) escreve cartas de amor. Elas não precisam ser necessariamente de amor, mas clientes que precisam de cartas de amor compõem a clientela básica do Beautifulletters.com. Sabemos que estamos em uma ficção científica porque em um futuro próximo, bizarramente e melancolicamente parecido com o nosso presente, as pessoas enviam cartas, mesmo que paguem alguém para escrevê-las. Theodore leva jeito com as palavras; sabe transmitir sentimentos que não sãos seus com ternura e docilidade. No entanto, Theodore não consegue organizar satisfatoriamente seus sentimentos. Do tipo solitário, sua situação é agravada pela dificuldade que ele apresenta em superar o término de um relacionamento longo e significativo. Na verdade, Theodore não sabe exatamente se sente falta de Catherine (Rooney Mara) ou de quem ele era com ela.
Theodore é daqueles que confiam à tecnologia vigente as miudezas da vida. É seu sistema operacional quem escolhe as músicas que ouve, lhe apresenta as notícias do dia, a previsão do tempo, entre outras coisas. Quando um novo sistema operacional, com a promessa de ser mais intuitivo e ajustável à personalidade do dono é lançado, Theodore como um geek em todo o seu esplendor logo compra a novidade. Depois de algumas perguntas, as quais Theodore pouco contribui com respostas, Samantha emerge com a voz rouca, sensual e abrasadora de Scarlett Johansson.
A partir daí se estabelece uma dinâmica que aos poucos vai evoluindo para uma relação amorosa. A maneira como Jonze tece essa história de amor nada convencional é tão imaginativa como sensível. À medida que Samantha vai dominando não só os pensamentos como o cotidiano de Theodore, ele, a princípio, se sente renovado. Com o tempo, no entanto, ele começa a divagar sobre a natureza de seu sentimento por Samantha e se há, de fato, um futuro para eles.
No mundo criado por Jonze, os relacionamentos entre humanos e sistemas operacionais estão ficando populares e há até quem se ofereça como uma espécie de cupido moderno para dar corpo a uma relação incorpórea. Quando isso acontece com Samantha e Theodore, Ela (Her, EUA 2013) atinge um nível de sensibilidade em sua proposta maior que a vida.

Apaixonar-se é uma insanidade socialmente aceitável subscreve Jonze com seu filme em que Joaquin Phoenix se apaixona por seu sistema operacional. O que torna uma conexão real?

A principal razão de ser desse belo, dolorosamente romântico e profundamente poético filme de Spike Jonze é conjecturar sobre a incrível necessidade humana de se conectar. Ela é tão forte que se pluga até mesmo ao que não for real. Não se trata de uma crítica a esse tempo de hiper-conectividade (um tipo de conexão totalmente diferente, afinal), ainda que essa crítica possa ser apreciada em um dos muitos subtextos do filme.
Amar é não racionalizar, racionaliza Jonze com uma amargura que paradoxalmente faz Ela soar ainda mais doce. É particularmente saboroso constatar que Ela é uma resposta mais complexa, mais doída e mais bem urdida a Encontros e desencontros (2003), de Sofia Coppola. Sofia e Jonze foram casados e as coisas não deram muito certo. Essa DR cinematografia, com Scarlett Jonhansson como uma espécie de Easter egg torna os dois filmes especialmente significativos para toda uma geração de cinéfilos.
Por falar em trunfos, Joaquin Phoenix segue desafiando convenções. O que esse monstro da atuação não é capaz de fazer? Totalmente entregue a um personagem difícil, hermético e em um tom totalmente diferente de tudo que já fizera como ator, Phoenix é o coração de Ela. Sem ele, o filme talvez não se conectasse (conceito tão importante na narrativa de Jonze) com a audiência.
Morfologias à parte, Ela é o filme mais relevante da temporada por abordar o status quo de toda uma geração de maneira tão bela e suave. Fluindo entre o humor e o drama, Jonze faz um filme solar que sabe se alimentar da tristeza. Um filme especialmente eloquente para quem quer que já tenha amado.

Insight - Quero ser Shia LaBeouf


Um dos grandes sucessos do cinema no nascedouro do século XXI foi Quero ser John Malkovich, dirigido por Spike Jonze e escrito por Charlie Kaufman. O filme brinca com a possibilidade de um simples mortal entrar na mente do célebre ator americano por quinze minutos.
Shia LaBeouf não é John Malkovich, talvez queira ser, mas essa é outra história. Aos 27 anos, o ator californiano que alcançou o estrelato como protagonista da trilogia Transformers parece viver uma crise peculiar, ainda que terrivelmente comum no mundo das celebridades instantâneas e da fogueira de vaidades hollywoodiana.
Tudo começou timidamente lá pelos idos de 2010, quando se pôs a diminuir a relevância da série Transformers e assumir uma culpa, que ninguém via, pelo quarto Indiana Jones, que estrelou em 2008, ser abaixo das expectativas dos fãs. LaBeouf começou a flertar com projetos mais sérios. Rodou a sequência Wall Street: pode e cobiça com Oliver Stone e filmes menores, em projeção, mas não em ambição, como Os infratores (2012), Sem proteção (2012) e Conquistas perigosas (2013).
LaBeouf dava declarações polêmicas, dizia-se interessado em expressar-se artisticamente e cansado da vida hollywoodiana. Fez um curta-metragem e, depois de surgirem acusações de plágio, confessou ter se enrolado nos limites entre inspiração e cópia. Para pedir desculpas ao plagiado, contratou um avião para desenhar as desculpas no céu com fumaça. Foi criticado pelo gesto megalomaníaco nas redes sociais e chegou a trocar farpas com personalidades de sua estatura em Hollywood, como a criadora da série Girls, Lena Dunhan. Suas divagações filosóficas no Twitter logo foram postas em suspeição também. Descobriu-se que grande parte era reprodução não creditada. LaBeouf então anunciou sua retirada da vida pública. Em paralelo corria atrás de Lars VonTrier prometendo fazer sexo e cenas de nudez explícita para estar em seu Ninfomaníaca.
No último festival de Berlim, para promover a versão integral e sem cortes do filme de Von Trier, o ator surgiu com um saco de papel na cabeça com os dizeres “não sou mais famoso”. Na mesma cidade montou uma exposição de artes plásticas em que a principal obra era ele. A ideia era ele ficar em uma sala escura, com o saco de papel na cabeça, e olhando fixamente para quem se dispusesse a compartilhar daquele silêncio incômodo com ele.

LaBeouf em Berlim: egocentrismo exacerbado ou algo a dizer?

A exposição foi pouco concorrida. Ele decidiu levar essa manifestação artística para Los Angeles, onde está em cartaz. Entrando na galeria, escolhe-se um objeto entre os muitos que estão à disposição do frequentador. Uma jarrinha com tuítes agressivos contra ele, um bonequinho de Optimus Prime e coisas que, de alguma maneira, remetam a LaBeouf, por mais discreta que seja a relação. A pessoa entra na sala escura e lá está LaBeouf com o saco de papel na cabeça e com olhos marejados olhando fixamente, sem tempo determinado, para ela.
É uma crítica ao culto a celebridade? LaBeouf está tentando uma elaboração artística sobre o significado de celebridade? Ou apenas quer atenção? Não é a primeira vez que astros do cinema tentam radicalizar a relação com a indústria que os molda. Joaquin Phoenix, há não muito tempo atrás, fingiu que tinha largado tudo para trás para seguir carreira de rap. Surgia barbudo, descabelado e fedido e falava coisas sem sentido. Era tudo um documentário exagerado sobre o ônus da fama. O ator deixou-se filmar recebendo sexo oral e com alguém defecando sobre ele.  
Quero ser John Malkovich, em sua proposta surrealista, Phoenix e LaBeouf revelam um mal-estar empírico, desabrido e de difícil elaboração. LaBeourf, à distância que a avaliação permite, parece não se reconhecer mais e mergulhado em uma melancolia que Sofia Coppola tão bem circundou em The Bling ring – a gangue de Hollywood.
La Beouf parece resignado com o fato de que só a arte é a resposta. Mas é preciso identificar nela as perguntas também.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Oscar Watch 2014 - A peleja das atrizes coadjuvantes

Da esquerda para a direita: June Squibb (Nebraska), Jennifer Lawrence (Trapaça), Sally Hawkins (Blue Jasmine), Lupita Nyong´o (12 anos de escravidão) e Julia Roberts (Álbum de família)

Toda poderosa Lawrence

Meryl Streep que se cuide! Jennifer Lawrence já até fez piada sobre superá-la. No ano passado. O futuro é estrelado e ninguém exatamente sabe até onde J. Law pode chegar. Por sua arrebatadora performance em Trapaça, ela está no páreo pelo Oscar no ano seguinte ao triunfo por O lado bom da vida e há quem torça o nariz a premiá-la novamente e, assim, tão jovem. Mas J.Law tem seus encantos e ...

Prós:
- Consegue se credenciar com uma atuação ainda melhor do que a que ganhou o Oscar no ano anterior
- É a melhor na disputa
- Ganhou o Globo de Ouro e o Bafta
- É a maior estrela feminina da Hollywood atual e isso pode contar pontos a favor
- Tem menos tempo em cena do que a maioria de suas concorrentes
- Tem um papel suculento e que favorece seu talento

Contras:
- É a maior estrela feminina da Hollywood atual e isso pode contar pontos contra. A inveja, afinal, rola solta em Hollywood também
- Ganhou no ano passado e a Academia é resistente à ideia de premiar intérpretes em anos consecutivos
- Tem menos tempo em cena do que a maioria de suas concorrentes
- Não é ela quem conta com o hype, diferentemente do ano passado. Dessa vez, o hype está todo do lado de Lupita Nyong´o

Terceira indicação
Indicações anteriores
Atriz por Inverno da alma em 2011
Atriz por O lado bom da vida em 2013
Vitória anterior
Atriz por O lado bom da vida (2013)

A nova joia do Quênia

Ela nasceu no México, mas é filha de pais quenianos. Cidadã do mundo, Lupita é nome a ser batido no Oscar, pelo menos no critério da maioria dos analistas da indústria. Sua performance avassaladora em 12 anos de escravidão angariou fãs e marqueteiros como Oprah Winfrey. Lupita é a darling da temporada e merece curtir esse momento.

Prós:
-Ganhou o SAG e o critic´s choice Awards
- A categoria costuma premiar atrizes iniciantes e este é apenas  primeiro filme de Lupita
-Atrizes negras apresentam bom retrospecto na categoria. Foram quatro vitoriosas em oito anos. É a maior média entre todas as categorias de interpretação
- Tem cabos eleitorais poderosos
- Pode representar uma das poucas chances de premiar um filme que parece em declínio na temporada

Contras:
- Nos prêmios da crítica, ganhou menos do que Jennifer Lawrence
- É a menos experiente na disputa e isso pode contar alguns votos
- A pecha de que a indicação já é suficiente
- Ainda que o filme mantenha o prestígio, parece ter perdido força na corrida e isso pode pesar contra suas chances

Primeira indicação

Simplesmente feliz!

Sally Hawkins é daquelas atrizes que já deveriam ter sido indicadas ao Oscar. Todo mundo sabe disso e a Academia também. Dona de um repertório de atuações discretas, mas particularmente eficientes, especialmente em dramas ingleses, Hawkins é daquelas que a indicação ocasional faz justiça a uma carreira sem sobressaltos e especialmente sólida. Em Blue Jasmine ela só não rouba a cena, porque Cate Blanchett insiste em não deixar.

Prós:
- Se for para votar em uma zebra, não há listras melhores
- Pode se beneficiar de eventuais votos casados que tem Blanchett como cabeça
- É inglesa e inglesas também costumam ir bem nesta categoria

Contras:
- Cate Blanchett chama toda a atenção para o filme
- Não ganhou nenhum prêmio na temporada e esse fato diminui sensivelmente suas chances
- Não foi indicada ao SAG, o que também dificulta suas chances

Primeira indicação

Come to grandma!

June Squibb é um acontecimento. Em Nebraska ela impressiona pela vitalidade e sensibilidade que demonstra em um papel muito escorregadio. A veterana de 84 anos, mais velha indicada da safra de 2014, sabe que suas chances são pequenas, mas o importante é curtir o momento neste road movie da vida que ela estrela com exuberância.

Prós:
- Defende o tipo de atuação “rouba cenas” e isso faz sucesso com muitos votantes
- É a mais velha entre as indicadas e o fator idade provoca simpatia
- Depois de premiar Chistopher Plummer entre os coadjuvantes, então com 82 anos há dois anos, academia poderia seguir fazendo história nesse quesito. Já que Squibb o superaria como a mais velha vencedora do Oscar

Contras:
- Não ganhou nenhum prêmio na temporada o que diminui suas chances
- A pecha de que a indicação já é reconhecimento suficiente
- Pode afastar os votos mais jovens da academia que deve se concentrar em Jennifer Lawrence e Lupita Nyong´o

Primeira indicação

The comeback of the year!

Ela não tinha partido, mas Julia Roberts se permitia um hiato ou outro agora que a família é prioridade número 1,2,3... Por Álbum de família, Roberts consegue voltar ao Oscar 13 anos depois de tê-lo vencido. Muita coisa mudou na vida da eterna queridinha da América, mas o que chamou mesmo a atenção foi vê-la totalmente sem vaidade dividindo a cena em surpreendente equidade com Meryl Streep. Se o Oscar vier fará justiça a uma grande atriz que por muito tempo se escondeu sob a pele de uma estrela. Mas este ainda não é o fim de Mrs. Roberts.

Prós:
- É da velha guarda das queridinhas de Hollywood e pode concentrar votos ressentidos de Lawrence
- É sua melhor atuação desde Closer e isso é motivo de júbilo para quem gosta de cinema
- Aquele sorriso continua um charme que só
- É uma opção conservadora a qualquer uma das indicadas

Contras:
- Não ganhou nenhum prêmio na temporada
- A pecha de que a indicação já é suficiente
- Concorrer contra atrizes cujos filmes têm força em outras categorias
- Já ter ganho um Oscar em uma categoria que raramente consagra vencedoras

Quarta indicação
Indicações anteriores
Atriz coadjuvante por Flores de aço em 1990
Atriz por Uma linda mulher em 1991
Atriz por Erin Brockovich – uma mulher de talento em 2001
Vitória anterior
Atriz por Erin Brockovich – uma mulher de talento (2001)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Crítica - Operação sombra: Jack Ryan

O espião que permanece frio

É inegável que nesse frisson por reimaginações, reboots, remakes e toda sorte de recomeços que só Hollywood consegue capitalizar, o espião surgido na literatura do grande e finado Tom Clancy seria a bola da vez. Na verdade já havia sido, por força de circunstâncias, em 2003, quando Ben Affleck assumiu o papel de Jack Ryan, já defendido por Alec Baldwin e Harrison Ford, em A soma de todos os medos. Mas todo mundo estava fazendo e a Paramount sondou Fernando Meirelles, que melhorou (o que parecia impossível) outro best seller de outro papa da literatura de espionagem (John Le Carré) em O jardineiro fiel para saber se ele tinha interesse em tocar a reimaginação da franquia de Jack Ryan. Meirelles não topou, mas o estúdio estava decidido a ter uma grife por trás dessa nova empreitada e fechou com o shakespeariano Kenneth Branagh, que acabara de dirigir o blockbuster Thor (2011) para a Marvel.
Coube a Chris Pine, o protagonismo e seu Jack Ryan é um híbrido de Jason Bourne e Ethan Hunt. Essa radicalização, se o aparta do personagem criado por Clancy (mais cerebral, sofisticado e inseguro em ação) veste exatamente a atualização pretendida pelo estúdio.
Em Operação sombra: Jack Ryan (Jack Ryan: shadow recruit, EUA 2014), há uma atualização em todas as frentes. É o mundo pós-11 de setembro e vemos como o estudante de economia que vai servir seu país por patriotismo, é ferido em ação, acaba como analista da CIA. Ocorre que, aqui, Ryan já surge como espião. Ainda que um tipo almofadinha de escritório.

Kevin Costner e Pine em cena: produção agradável, pretensamente sofisticada, mas nada notável

O filme começa bem. O plot recupera a rivalidade com a Rússia e usa sabiamente o hibridismo de terrorismo e colapso econômico, tão bem urdido na contemporaneidade. Mas o argumento não sobrevive ao pífio desenvolvimento do roteiro assinado por David Koepp, que escreveu o primeiro Missão impossível (1996) para o estúdio.
Orçado em U$ 60 milhões, o filme não esconde seu porte mediano – ainda que tudo seja muito refinado (o que as participações de Branagh como o vilão russo e Keira Knightley como o interesse romântico de Pine ajudam a estabelecer), com um clímax rápido demais e emocionante de menos.
Uma das boas novas do filme é Kevin Costner em um papel que ele faz muito bem. O tipo solitário, mas feroz.  O reboot de Jack Ryan talvez não fosse aprovado por Clancy, ele encascou com Jogos patrióticos (1992), que é um filme muito melhor e que, grosso modo, também era um reinício. De qualquer modo, Operação sombra: Jack Ryan é um bom filme de ação. O que, definitivamente, não esquenta as coisas para o personagem, muito menos para o estúdio. 

Oscar watch 2014 - 30 segundos de Jared


São 27 créditos como ator. Não é exatamente uma carreira agitada no cinema a que ostenta Jared Leto, aos 42 anos de idade, mas com o rosto de eterno menino. A média baixa de produções se justifica pelo fato do ator também ser músico. Na concepção de Leto, e isso é muito importante, ele é um músico que também é ator. O vocalista da banda de rock alternativo, nem tão alternativo nos últimos tempos, 30 seconds to Mars, no entanto, em sua encarnação no cinema não brinca em serviço. Às vésperas de se sagrar um vencedor do Oscar pelo papel de um travesti HIV positivo em Clube de Compras Dallas, Leto permanece sem novos trabalhos em vista. Criterioso, só se envolve em projetos que signifiquem muito em um nível pessoal. Talvez por isso, estivesse afastado do cinema desde 2009.
A presença em filmes tão díspares e significativos, ainda que em papéis menores, como Clube da luta (1999), Além da linha vermelha (1998), Garota interrompida (1999) e Psicopata americano (2000) entrega o faro apurado de Leto para bons projetos. Claquete destaca os melhores trabalhos do ator.

Réquiem para um sonho (2000)

No drama pesado de Darren Aronofsky, o ator faz um viciado com um grau de veracidade que ainda hoje espanta.

O quarto do pânico (2002)

Sob as ordens de David Fincher, ele vive um assaltante inseguro e imprevisível e novamente espanta pela urgência que impõe à performance. O tom grave de seu desempenho ajuda a manter o espectador preso à poltrona enquanto Fincher tece um dos grandes suspenses contemporâneos.

Alexandre (2004)

Em um filme de muitos equívocos, Jared Leto é um dos poucos acertos. No ambicioso épico de Oliver Stone, Leto faz o melhor amigo e objeto de um amor abnegado do protagonista vivido por Colin Farrell.

O senhor das armas (2005)

Como o irmão instável do traficante de armas vivido por Nicolas Cage, Leto surge intenso e emocionante; provando mais uma vez que sabia dilatar papéis coadjuvantes como poucos atores de sua geração.

Capítulo 27 (2007)

No filme que acompanha os dias que antecederam o assassinato de John Lennon a partir da perspectiva de seu assassino, Leto dá um show em um papel complexo, obscuro e tremendamente desafiador. Pouco visto, seu desempenho nesta pequena joia do cinema independente permanece como um de seus melhores trabalhos.