terça-feira, 4 de maio de 2010

ESPECIAL O MUNDO IMAGINÁRIO DO DOUTOR PARNASSUS - O filme pequeno que virou homenagem

Era uma vez um diretor que se apaixonou por um ator. Mas essa paixão não era carnal, muito menos romântica. O australiano Heath Ledger tornou-se o muso de Terry Gilliam. “O filme só conseguiu financiamento depois que Heath entrou no projeto”, disse o diretor à reportagem da Entertaiment Weekly. “O engraçado é que eu não havia oferecido o papel para ele. Ele pediu para ler o roteiro e então pediu para interpretar Tony. Quando o vi como Tony pela primeira vez, pensei comigo: Como que eu ia deixar essa passar?”, relembra Gilliam que já havia dirigido Ledger em Os irmãos Grimm (2005). Lembro de ter gostado muito da experiência de trabalhar com Ledger naquele filme, mas foi durante a pré-produção de Parnassus que me apaixonei pelo ator que ele é. Diretor e ator desenvolveram amizade depois do filme de 2005. “Ledger era um ator muito angustiado. Ele não sabia se deveria aceitar o papel em Brokeback Mountain. Certamente os prêmios e as indicações que recebeu o deixavam desconfortável”, continua o diretor, que foi grande incentivador para que Ledger aceitasse o desafio.
E é sobre Heath Ledger, para o bem e para o mal, que pairam os interesses em O mundo imaginário do doutor Parnassus. O filme que debutou no festival de Cannes do ano passado, não tinha distribuição garantida até que Batman – o cavaleiro das trevas fizesse o alvoroço que fez nas bilheterias. Lionsgate e Sony Pictures Classics se uniram para distribuir o filme e ajudar a perpetuar o legado do ator, cuja vida fora abreviada em janeiro de 2008.

Heath Ledger como Tony: Gilliam ficou arrebatado quando viu o ator em cena


Paralisação, tristeza e solução
A morte de Ledger, obviamente, paralisou as filmagens de O mundo imaginário do doutor Parnassus. Terry Gilliam, chocado, não sabia o que fazer. “Vi a notícia pela TV e me recusava a acreditar. Ele tinha estado comigo ali, cheio de vida, dias antes”. Sem Ledger não haveria como continuar pensou consigo. Mas o destino quis diferente. O mundo imaginário do doutor Parnassus não é um filme convencional, é uma fábula fantástica cheia de esquisitices e referências literárias que permitem devaneios estilísticos. Não à toa é um filme de Terry Gilliam. Três amigos e fãs de Ledger se apresentaram para terminar o filme. Mas não eram fãs quaisquer. Johnny Depp, Colin Farrel e Jude Law completariam as cenas de Ledger e doariam seus cachês para a filha do ator, Matilda. A aparente picaretagem era possível graças ao aspecto idílico da obra. Alguns ajustes no roteiro e pronto. Tony, o personagem de Ledger, passara a ser Tony, o personagem de Ledger, Depp, Farrel e Law.
“Fiquei muito feliz por eles recuperarem o filme e darem este presente a Matilda. Esse gesto já vale mais do que o filme”, disse o cineasta em entrevista no festival de Cannes do ano passado.

Jude Law (na foto), Colin Farrel e Johnny Depp entraram no projeto após a morte de Ledger em caráter de homenagem ao ator australiano


Não seria um sucesso de qualquer jeito
Apesar do estrondoso sucesso de O cavaleiro das trevas, Gilliam nunca se iludiu. “Já sabia que o filme não seria um sucesso”, disse à Entertainment Weekly. É lógico que o filme de Chris Nolan merecia todo o sucesso que teve, assim como Heath. Fico contente de tudo isso ter ajudado na realização de Parnassus, mas a proposta aqui é diferente”, sentencia o diretor.
Com duas indicações ao Oscar 2010 (figurino e direção de arte), O mundo imaginário do doutor Parnassus não fez sucesso comercial. O filme que estreou no natal nos EUA ficou em cartaz um mês e não se pagou por lá. A estréia brasileira ocorre nesta sexta-feira, 7 de maio, e não deve ocorrer nada de muito diferente. A fita dividiu a critica, para quem a marca de ser o último trabalho de Ledger pode ter ajudado a botar o filme nos cinemas, mas prejudicou na apreciação da mesma. Mas como diria Gilliam: não seria um sucesso de qualquer jeito.

Terry Gilliam abre o jogo: "Meu filme não seria um sucesso de qualquer jeito"

6 comentários:

  1. Louco para conferir Parnassus, pois aprecio bastante o Terry Gilliam e suas viagens alucinógenas. E ao que contam, com esse não é diferente.
    O amargo é por ter que constatar que esse é o último trabalho desse promissor ator que vinha se tornando o Ledger. Daquelas coisas de dar um aperto imenso no coração.

    Espero que chegue logo por aqui, pois por todos os motivos vale a pena conferir esse trabalho.

    Abraço Reinaldo!

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  2. Não tô muito ansiosa para esse filme. Minha curiosidade maior é conferir a saída narrativa adotada por Terry Gilliam após a morte de seu protagonista Heath Ledger.

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  3. Paulo: O filme estréia sexta Paulão. Eu acho que corre grandes riscos de ser o melhor filme de Terry Gilliam. ABS

    Kamila: cho que 9 entre 10 pessoas tem essa mesma curiosidade Ka. rsrs. vamos ver como ele se saiu. Bjs

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  4. Ah minha curiosidade e expectativa estão crescendo muito !
    Eu gosto muito desses filmes que mechem com o imaginário e abusam do estilo estético.
    Com certeza não vou me arrepender a ver esse filme ! =)

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  5. A ver pelo trailer me parece ser um filme que vou gostar muito, principalmente por toda psicodelia daquilo... Uma pena o acontecido com Heath Ledger... iria render ainda ótimos papéis se estivesse vivo.

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  6. Alan:Acho que vc vai encontrar exatamente isso neste filme Alan. E o especial de Parnassus contina em Claquete.Até o meio da semana que vem. Depois Tetro retoma com força.ABS

    Fernando:Concordo plenamente Fernando. Adoro Heath. Fiquei muito triste com sua morte. Seria, certamente, um dos maiores grandes atores do cinema. Tornou-se um mito, ainda que de forma precocee ligeiramente inadvertida.
    ABS

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