terça-feira, 11 de maio de 2010

ESPECIAL O MUNDO IMAGINÁRIO DO DOUTOR PARNASSUS - Critica

Devaneios e sonhos




Heath Ledger vive o enigmático Tony em O mundo imaginário do doutor Parnassus: um filme que oferece uma experiência sensorial e nostálgica


A expectativa pelo novo trabalho de Terry Gilliam, um legítimo cineasta cult, já era grande antes da morte do protagonista do filme (o ator Heath Ledger). Depois do fatídico e trágico acontecimento, a expectativa se agigantou; uma vez que seria essa a despedida definitiva de Ledger das telas e do público para com ele. O mundo imaginário do doutor Parnassus (The imaginarium of doctor Parnassus EUA/ING 2009) é, portanto, tomado por um inevitável sentimento de nostalgia. Esse sentimento embora permeie a platéia em um misto de curiosidade mórbida, fascinação e saudosismo, está intrínseco à fita de Gilliam. Isso ocorre devido ao caráter fabular de seu filme. Um conto fantástico que remete diretamente a um universo de possibilidades e sensações.
Em O mundo imaginário do doutor Parnassus, Parnassus (Christopher Plummer) fez, entre inúmeras apostas com o Diabo (Tom Waits), uma que o assombra. Pela imortalidade, prometeu ceder ao Diabo todo e qualquer filho que tivesse quando este chegasse a idade de 16 anos. Às vésperas da doce Valentina (Lilly Cole) completar essa idade, Parnassus é tomado pela ansiedade e tristeza. A frente de um grupo de teatro errante que perambula por uma soturna Londres, ele possibilita que seus espectadores entrem em seu imaginário. O acesso para o imaginário de Parnassus se dá através de um espelho.
A proximidade do 16º aniversário de Valentina motiva o Diabo a fazer nova proposta com Parnassus. Aquele que conseguisse primeiro 5 almas, até a data do aniversário da menina, venceria. A nova aposta coincide com o surgimento de Tony (Heath Ledger). Uma figura misteriosa de boa lábia e extremamente sedutora. Tony será decisivo para que Parnassus possa cumprir sua meta.


Passando o tempo:Parnassus (Christopher Plummer) passa a sonhada imortalidade apostando compulsivamente com o Diabo




A fita tem momentos oníricos e algumas passagens de beleza fugaz. O mundo concebido por Gilliam impressiona. Assim como a estratégia aventada pelo diretor para suprir a ausência de Ledger. Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrel vivem Tony dentro do espelho em diferentes momentos. Essa opção não só deu muito certo, como se revelou um recurso narrativo valioso para a história contada.
O filme, apesar de hermético e rocambolesco como são as obras de Gilliam, tem uma moral muito clara. Os vícios são a perdição do homem. E o sonho, e mais que isso a capacidade de acreditar neste sonho, podem ser elementos libertadores.
O grande “porém” da fita é seu ultimo ato. Apressado, mal desenvolvido e um tanto quanto impertinente ao tom que imperava até então no filme. Fica a impressão de que Gilliam não sabia muito bem como encerrar aquela história de maneira feliz, mas sem perder de vista a relevância de seu conto.
Quanto a Heath Ledger, o ator não está arrebatador como em seus últimos trabalhos (Batman – o cavaleiro das trevas e Não estou lá), mas demonstra o habitual tino para compor personagens indecifráveis. O que contribui para a elucubração perpetrada por Gilliam.
Nostalgia, fantasia e Heath Ledger. O mundo imaginário do doutor Parnassus se resume a esses elementos. Quis o destino que eles se embaralhassem.

5 comentários:

  1. Só tenho lido críticas positivas sobre o filme e minha expectativa aumenta !
    Só estou na espera para esse filme chegar logo aqui na minha cidade ! xD
    Ótima crítica !
    Abs.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Olá Reinaldo,

    Minha expectativa é realmente adentrar no onirismo fabuloso da obra. A premissa dos vícios que tanto amamos mesmo que nos perdemos com eles só reforça que, por trás do lirismo da obra, há uma verdade que não pode ser negada.

    Gilliam se inspirou na obra Fausto de Goethe?


    Bjs

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  4. As críticas não foram lá muito positiva mesmo... de qualquer forma ainda tenho vontade de ver principalmente por conta do tema abordado... me chama atenção filmes que trabalham a temática do sonho e devaneios...aBS!

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  5. Alan: Acho que só em DVD msm Alan. Em SP o filme só estreou em 3 salas para vc ter uma idéia... ABS

    Madame:É isso mesmo madame. O melhor é que a fábula é a dura realidade travestida de fantasia. Olha, quanto a inspiração de Gilliam, embora não seja algo assumido, imagino que toda a obra dele seja influenciada por um forte elemento faustiano. Bjs

    Fernando: Pois é Fernando. Sinto que a critica ficou aprisionada na estética da fita e no "fator" Heath Ledger. O filme não é nenhum espetáculo, mas creio ser o melhor filme de Gilliam desde Os 12 macacos (se bem que ele só fez três desde então, rsrs)ABS

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