terça-feira, 2 de novembro de 2010

Crítica - A suprema felicidade


Filme importante!

O festejado retorno de Arnaldo Jabor ao cinema se consuma em A suprema felicidade (Brasil 2010). Um filme idealizado por Jabor para rememorar um tempo (emocional e subjetivo) que não volta mais. Mais de 20 anos depois de ter lançado seu último longa-metragem, Eu sei que vou te amar (neste período lançou  um curta-metragem intitulado Carnaval), Jabor se lança em suas memórias. Fellini e Nelson Rodrigues são referências óbvias em A suprema felicidade, mas falta ao filme a demasia que caracteriza tanto Fellini quanto Rodrigues. A pretensão primeira de Jabor está lá. As sensações, as memórias, a simpatia que ele buscava concatenar com sua fita transbordam no filme. Mas essas só serão decodificadas por um público ávido pela mesma nostalgia do cineasta. Reside aí a dicotomia mais interessante de A suprema felicidade e, também, a dificuldade de rotular o filme como bom ou ruim.

As mulheres de Jabor: como era de se imaginar, a sexualidade e a presença feminina são elementos poderosos na construção cênica do filme

Existem gargalos na realização. Há cenas estendidas demais, outras gratuitas e mais algumas que apesar de belas não parecem agregar valor ao filme como um todo. Esse conjunto de fatores ocorre devido ao tempo que Jabor ficou afastado do cinema. Sua mão pesa. É perceptível. O fato de ter sido co-roteirista dilata essa impressão. Isso posto, é preciso dizer que A suprema felicidade é um filme necessário para redirecionar perspectivas. É um filme que não encontra igual na fauna cinematográfica brasileira. Bucólico e otimista, A suprema felicidade é um filme, cuja principal razão de ser, é fazer com que o espectador (ainda que de um perfil bem específico) saia revigorado do cinema. Em tempos que nosso cinema busca se provar comercial, com fitas como Nosso lar e Tropa de elite 2, é bem vinda a notícia de um filme que não se ajuste a tal franquia.
Não se trata de renegar o dinheiro. Não é essa a bandeira da fita, nem mesmo a intenção de Jabor ao regressar a seu ofício como cineasta. O que ele objetiva é alcançar um público como ele. Saudoso como ele. Dos tempos em que o cinema era um canal para expressar vivências pessoais. Na ironia proposta pelo articulista Jabor, a suprema felicidade passa por aí.

13 comentários:

  1. ótima crítica Reinaldo, mas pelo que vejo você mesmo ficou meio que divido em relação ao filme, certo ? Bem, pelo que percebo muitos ficaram... estou com vontade de ver, mas não gostei do trailer e isso acabou dificultando as coisas...

    Abs ;)

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  2. Também não gostei do trailer e não curto muito o Jabor. Mas, o elenco tem alguns bons nomes...

    Beijos! ;)

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  3. O filme tem um ritmo MUITO lento!!! A mão do Jabor pesou totalmente aqui. Achei a história muito nostálgica e sem conclusão. No final, a sensação que eu tive foi a de que a suprema felicidade não existe.

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  4. Saudoso e nostálgico, é assim mesmo que Jabor se apresenta. Concordo que é complicado de dizer se o filme é bom ou ruim. É a experiência dele, mas para mim, faltou mesmo um fio condutor.

    bjs

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  5. Oi Reinaldo,
    Ótima Crítica. Eu ainda não conferi A suprema felicidade, mas gostei da forma como você não detonou o filme como outras pessoas. Acho que Jabor queria mesmo voltar à época de Ouro que tanto dá nostalgia. Talvez ele devesse repensar como fazer isso no Cinema Nacional, sem pesar a mão e se extender muito. Eu aprecio as vivências pessoais no Cinema, acho essenciais, mas contato que o roteiro contemple isso sem deixar de entrar no íntimo do público. Parece-me que o filme não conseguiu fazer isso, o tiro saiu pela culatra.
    Bjs

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  6. Se ficaram na dúvida, respondo fácil: o filme é ruim mesmo.

    Salva-se atuações pontuais, mas o filme é bem ruim.

    nem com uma série de momentos se salva.

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  7. Ótimo ponto de vista sobre o filme Reinaldo!

    Ainda não tive tempo de conferir. Mas aquele meu último comentário ainda esta valendo. Rs!

    Quando assistir volto aqui e comento mais. E parece que o bom de A Suprema Felicidade é mesmo fugir da busca de franquias. Taí, creio até pelo óbvio e pelo que vc descreveu, um filme particular de um homem com saudades do cinema!

    Abs.
    Rodrigo

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  8. Posso não ser um cinéfilo cult,
    mas é fácil notar que faltou amarração.
    Há um conjunto sem fim de cenas perdidas que podem até fazer algum sentido para o autor, mas para quem assiste sem nenhuma pretensão o filme é muito e desconexo.

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  9. É legal lê elogios bem fundamentados de um filme que realmente não está agradando a massa (como eu já esperava, é verdade). Me deu vontade de assistir, masmo sem gostar demais do Jabor.

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  10. Alan: Achei o filme bem regular Alan. Mas não posso deixar d eelencar suas virtudes. Principalmente pelo fato de que é um filme que subjetiva muito essas virtudes. Abs

    Mayara:Não se afiance pelo elenco Ma. Se não gosta do Jabor e o trailer não te cativou deixe para depois. Bjs

    Kamila:Calma Ka. É sobre a busca né?! O ritmo é lento mesmo e Jabor pesa bastante a mão. Bjs

    Amanda:Entendo perfeitamente essa necessidade do fio condutor que vc alude Amanda. Acho que o fio condutor está ali. Mas ele é sensorial. É essa coisa da memória. Da nostalgia. É muito difícil para quem não sente falta das mesmas coisas que o Jabor. Bjs

    Madame: Obrigado madame. Pois é, Jabor andou dizendo que este foi o filme que lhe deixou mais satisfeito. A fala denota, de uma vez por todas, que ele não é mesmo um grande cineasta. Bjs

    Ednardo Ferreira: Obrigado pela visita. Volte sempre. Não sei se o filme é tão over assim como vc diz...rsrs. Abs

    Rodrigo Mendes: Vc resumiu muito bem o propósito do filme Rodrigo. abs

    Jader: Pois é Jader, é aí que ele emula Fellini, mas falta a densidade felliniana por assim dizer. Falta, como vc disse, amarração. Obrigado pela visita e volte sempre! abs

    Luis Galvão:É uma experiência interessante de se ter no cinema Luis. Isso eu garanto. Abs

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  11. Olá Reinaldo!

    Pois é, eu assisti ao filme e devo dizer mesmo que 'A Suprema Felicidade' é um filme feito para Jabor! Uma viagem ao próprio umbigo. O que não é de todo mau, pelo contrário, serviu para ele, pessoas como ele e ou/ da época dele e de meros cinéfilos que perceberão detalhes fílmicos dos anos dourados.

    É, o filme é bastante boêmio, nada mais carioca e pessoal. Felizmente retrata muito bem estéticamente o período, mas achei sem um final e até suas subjeções achei fracas e os clichês para exemplicar a tal felicidade. Faltou um Q de direção. Um hiato que prejudicou Jabor.

    O filme é somente *** Bom na minha avaliação e digo mais, acho que ele estreou na época errada. Deveria estrear lá para fevereiro em pleno Carnaval. Ele está atemporal aqui!

    Abs.
    Rodrigo

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  12. Ainda estou me debatendo qto a ver ou não esse filme... Claro que vc acaba de jogar mais areia no prato do sim, rsrsrs A esse favor pesa a dicotomia de que vc fala e q realmente parece interessante.

    Bjs

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  13. Rodrigo: Nada mais carioca e pessoal. Perfeita assunção. Tb concordamos em relação ao efeito desse hiato. Estamos em sintonia quanto às impressões do filme Rodrigo. Abs

    Aline: É interessante msm Aline. Afinal, não vamos ao cinema apenas para dizer se algo é bom ou ruim...
    bjs

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