quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

OSCAR WATCH - Qual é o segredo de Meryl?


Ela está novamente cotada para o Oscar. Por dois filmes diferentes (Simplesmente complicado e Julie & Julia). Meryl Louise Streep de 60 anos é um prodígio. Uma lenda. Um patrimônio. O adjetivo que você preferir ou todos eles juntos. Com 15 indicações ao Oscar, é a recordista tanto entre homens quanto mulheres na categoria de atuação, e outras 88 indicações a prêmios diversos, Meryl Streep é uma constante, e renovável, fonte de inspiração e admiração em Hollywood e no mundo. Colegas e amigos dizem que ela é simples e comedida, no trato diário, e generosa, em cena.
Não gosta que fiquem bajulando-a (recentemente se inquietou com o colega Alec Baldwin que se pôs a elogiá-la demasiadamente em uma entrevista conjunta que concederam para o semanário Entertainment Weekly) nem de que se compadeçam por ela até hoje só ter ganhado dois Oscars dos 15 aos quais concorreu. Em 2009, ela fora indicada ao Oscar de melhor atriz por Dúvida e durante toda a cerimônia, comentários sobre a façanha da atriz (as 15 indicações) e se ela finalmente receberia a terceira estatueta consternavam a atriz; que soube extrair graça da situação e embarcar na piada, no que fez careta para Kate Winslet, a vencedora, e gestos de contentamento para Amy Adams, Elizabeth Taylor e outras atrizes que se obrigaram a fazer deferências a Meryl Streep.


Meryl Streep na capa da Vanity Fair de dezembro e com Alec Baldwin no especial que a EW preperou sobre o outono americano: Ela nunca sai de moda


A atriz, ano após ano, contraria a percepção dominante que se tem no mundo, e no cinema em particular, de que depois dos 40 torna-se ainda mais difícil para as mulheres arranjarem um bom trabalho. Seja no drama, seja na comédia, seja no filme independente, seja no blockbuster lançado em pleno verão de Transformers e bruxos, seja no papel pequeno, seja como a executiva megera, seja desafinada em um musical do Abba, seja como vilã, seja como maconheira, seja como vitima do nazismo, seja como dona de casa enamorada de um estranho, seja como mãe desnaturada, seja como mãe traumatizada, Meryl Streep assume cada uma de suas faces com veemência e furor. Muitos já tentaram descobrir seu segredo. Como pode, ela ser tão passional e exercer tamanha autoridade em qualquer papel? Como pode sua presença ser tão poderosa e tão suave? Como pode parecer mais bela quando precisa ser bonita e como pode parecer mais feia quando precisa ser feia? Como consegue se esconder quando necessário?



Pela atuação da judia polonesa que dá título ao filme em A escolha de sofia, ela venceu seu segundo, e até o momento, último Oscar. Já se vão 3 décadas...

Os adoradores de Meryl vão dizer que ela é uma baita atriz. Sim. É verdade, ela é. Também o são Diane Keaton, Lauren Bacall, Kathy Bates e Anette Benning. Atrizes contemporâneas de Meryl que não conseguem brilhar, e trabalhar, da maneira que Meryl consegue. Existe algo mais. É óbvio que um bom agente e um tato apurado para os projetos que lhe são oferecidos contam, e muito, para se manter viável em um industria impiedosa com tantas condições inexoráveis à vida como idade, equívocos, hesitações e estigmas. Mas também isso não é tudo. Nicole Kidman, Hillary Swank e Catherine Zeta Jones (todas quarentonas ou às vésperas de chegarem lá) também são muito bem representadas (todas já tem Oscar) e não conseguem se manter no nível de Meryl. Isso posto, a indefectível pergunta que dá título ao artigo se encobre de mistérios típicos de um romance de Agatha Christie e ganha contornos de bolão de mega sena. Fato é que o segredo de Meryl Streep é tão dela, tão prosaico e ainda sim tão peremptório que não só prescinde de classificação, como se indagada, a própria Meryl seria capaz de se embananar para prover uma resposta minimamente satisfatória para seu interlocutor. O recomendável é assisti-la. E intuir seu segredo. Mesmo assim, será difícil decliná-lo em palavras.


Pelo papel da chefe megera de O diabo veste Prada ela recebeu sua 14a indicação ao Oscar. Estava estabelecido um novo recorde. De quebra, ela ainda criou uma figura icônica...

8 comentários:

  1. Lenda Viva!! Morro de amores por ela!!

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  2. Reinaldo!

    Hj mesmo li no blog de outro amigo um texto maravilhoso sobre Meryl Streep. E quando olho no meu blog me deparo com vc falando tb sobre esta excepcional atriz. Vc utilizou todos os adjetivos possíveis para falar desta lenda (usando as palavras do amigo ai de cima). Que me perdõem as outras atrizes citadas que são maravilhosas tb, mas nenhuma delas em minha humilde opinião supera MS.
    Sua frase final ta perfeita "será difícil decliná-la em palavras".

    Amei. E no próximo ano vou escrever um texto falando sobre os atores que gosto e ela esta entre eles.

    Um beijo. E ca estou eu, sem sono, lendo e escrevendo.

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  3. A Meryl é uma de minhas preferidas! E Oscar não quer dizer tudo, né? Grandes filmes e grandes atuações não foram premiados com a estatueta, daí, entendo a posição da Meryl. Ela sabe que é boa! Pra mim, ela está ao lado de outras preferidas minhas como Bette Davis, Greer Garson, Gloria Swanson e tantas outras...

    Ah, tô com uns amigos com um novo blog sobre o Oscar. Passa lá!

    www.umoscarpormes.blogspot.com

    Abração!

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  4. A Meryl Streep vai um pouco além das outras citadas no texto. Ela consegue sair de um trabalho para o outro sem ficar marcada, estigmatizada. Isso é muito complicado. Além de talento, é preciso ter muita técnica - e isso ela tem de sobra.

    Uma monstra! Sem dúvida nenhuma.

    Abs!

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  5. Cintia:Obrigado por passar sua noite aqui em Claquete Cintia. Bjs

    Marcelo:Que bom te ver aqui de novo meu brother. Vou lá conferir esse blog sim. Grande abs e feliz ano novo:

    Dudu: Concordo com vc. A Meryl Streep vai além das citadas no texto. E a razão de ser do artigo é justamente essa. Explorar esse segredo. Pq as outras atrizes tb são muito boas, mas não são Meryl né? Grande abraço Dudu!

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  6. Adorei este Oscar Watch e amo Meryl Streep, ela é praticamente minha diva contemporânea que sobrevive na selva hollywoodiana com o glamour camaleônico das grandes estrelas que simplesmente não precisam se glamourizar. Para elas, o glamour é ser simples e profissional e Meryl é excelência neste quesito. Além disso a acho divinamente versátil, a ver que ela tem a capacidade de encarnar a cobra do mundo fashio em o Diabo Veste Prada e depois ser uma freira acusadora em Dúvida. Definitivamente, ela é uma das melhores atrizes na minha curta lista de preferências.

    Eu idolatro este poder que ela tem de ser única e se reciclar sem ser cansativa e, principalmente, idolatro sua humildade, purpurina não tem nava a ver com o luxo hollywoodiano e para ser diva do cinema moderno é preciso ser uma sobrevivente cuja figura icônica ultrapassa e respeita a própria limitação do meio e das pessoas com as quais ela vive.Um meio, por sinal, muito mesquinho e fútil.

    Gostei de ter citado Diane Keaton, ainda que ela não brilhe como Meryl porque eu tenho um sentimento muito bom com relação a ela e a acho uma excelente atriz a qual gostaria de ver mais nas telas, em outros papéis que não sejam só com a sua veia humorística.

    Como você, muito inteligentemente comenta: Meryl é um patrimônio,o único que nunca deve ser tombado e sim revisitado em grandes produções.

    Beijos da Madame!

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  7. Obrigado pelas palavras madame. Concordo piamente com vc.
    Bjs

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