sábado, 24 de março de 2012

Claquete documenta - Anderson Silva: como água

A aparição de Bruce Lee, logo no início do documentário assinado por Pablo Croce, dá a impressão de que Anderson Silva: como água tem objetivos mais nobres e artísticos do que aqueles que se revelarão ao longo da metragem da fita. Em uma fala muito famosa, Lee dá a sua receita para triunfar nas artes marciais. Anderson Silva é o brasileiro mais bem sucedido do UFC, principal liga das artes marciais mistas – esporte que cresce internacionalmente a passos largos.
É justamente servir como vitrine para o UFC, e para uma antecipadíssima luta que se espraia, que o documentário se apresenta. Pura e simplesmente. É muito pouco. Faltou desvendar a técnica impressionante de Anderson – a qual é aludida pelo título emprestado da fala de Lee - ou, ao menos, tatear o homem por trás do mito – objetivo supostamente primário da fita. Anderson Silva: como água se presta, ainda que desajeitadamente, a incrementar um mito pouco conhecido no Brasil. E aí se percebe outro problema do filme. Ao invés de se esforçar em apresentar o MMA a um público leigo, Anderson Silva: como água opta por se dirigir apenas aos fãs do esporte. Ainda que faça da figura de Chael Sonnen, maior oponente de Anderson Silva em um octógono, um vilão algo canastrão, o filme aliena quem não compartilha com aqueles que estão na tela, da adoração pelo MMA.
Esses são problemas estruturais da fita de Pablo Croce que, como se não bastasse, apresenta problemas narrativos também. Há personagens mal aproveitados, como a tia de Anderson que só surge nos créditos finais - e o espectador só fica sabendo que o criou se recorrer a outros meios alheios ao filme, o pupilo do lutador cuja relação é mal dimensionada, entre outros.
O filme se vale de uma abordagem tradicional, desenha Anderson como um herói incompreendido como se não tivesse outra opção na vida que não lutar no UFC, e tenta alcançar uma comunhão com o público que não existe: a cena final em que o lutador sai em uma ambulância para exames é prejudicada por um off em que Anderson exorta sobre como é importante saber apanhar da vida. Não parece ser ele, um bem sucedido lutador profissional que pouco apanha, o melhor parâmetro nesse departamento.
Como veículo publicitário para o UFC e para seu protagonista, Anderson silva: como água funciona relativamente bem - descontadas todas aquelas incorreções já citadas - mas como documentário é pobre em termos dramatúrgicos e míope narrativamente. 

2 comentários:

  1. Oi Reinaldo,

    Não o assisti ainda. Confesso que não me interesso por Anderson Silva, nem UFC. Depois de ler seus comentários, rs... O doc vai a nocaute comigo rs. Tenho gostado muito de documentários, hoje assisti ao de Raul e me emocionei. Acho uma pena o do Anderson ter sido míope, tudo que um registro da realidade não pode ser. Bjs
    Madame
    via smartphone

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  2. Madame: Pois é Madame. Fizeste uma boa opção. O Raul é muito mais rock and roll! rsrs.
    Bjs

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