terça-feira, 13 de março de 2012

Causos de cinema - Coisa de fã

O que Joana mais gostava nos filmes eram suas frases de efeito. Mais precisamente aquelas que revelavam algum entusiasmo romântico que só o cinema é capaz de mensurar. De “Nós sempre teremos Paris” (Casablanca) até “Você me faz querer ser um homem melhor” (Melhor é impossível), Joana anotou todas aquelas que considera “frases memoráveis” em um caderninho surrado que serviu de base para o perfil no twitter que criou: frases de cinema.
Mas Joana tem um fraco pelas frases que saem da boca do ator britânico Colin Firth. Tudo começou com O diário de Bridget Jones, aquele filme baseado em um livro que tão bem acampava os dilemas das balzaquianas de todo o planeta. Colin Firth, naquele filme, fazia uma versão moderna e muito bem adornada do ideal de príncipe encantando. O personagem, na verdade, é homônimo de outro que Firth viveu na minissérie adaptada de Jane Austen, Orgulho & Preconceito.
Existe uma cena em O diário de Bridget Jones que faz Joana parar no tempo. É mais ou menos na metade do filme. Bridget, vivida por aquela atriz americana que Joana acha tão insossa, acaba de passar por um dos muitos constrangimentos que a assombram durante a metragem do filme e Mark Darcy (quem poderia ser?) vai até ela e, de maneira muito desarticulada como o próprio sublinha, diz que gosta dela exatamente do jeito que ela é. Se aquilo era música para os ouvidos de Bridget Joana não sabia dizer, mas era um festival de rock para os ouvidos dela.
Desde que viu o filme, Joana passou a sonhar que era ela a beneficiária de tamanha declaração de afeto. O tempo foi passando e aquele sonho com uma ou outra mudança de enredo começou a preocupar Joana. Em alguns sonhos ela perdia Colin Firth para a Meryl Streep e depois descobria que Firth, na verdade, era gay (!). Em outro sonho, Firth era gago e não conseguia fazer a declaração do jeito que uma declaração deve ser feita em um sonho. Em um outro, Firth aprendia a falar português apenas para fazer a tal declaração na língua que se fala de Joana. Firth, Firth, Firth... aquilo já estava ficando opressivo!
Joana, aconselhada por amigas preocupadas com essa estranha obsessão, foi procurar um psiquiatra. Havia de ter algum ansiolítico para abrandar tamanha adoração. Qual a surpresa de Joana quando adentrou ao consultório do Doutor Marcelo e constatou que este era uma versão brasileira do Colin Firth, mais ou menos na mesma proporção que Dan Stulbach é o Tom Hanks do Brasil. Não teve dúvidas! Beijou o doutor ali mesmo. O que se tem notícia é que os sonhos com Colin Firth rarearam.  

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* Causos de cinema é um conto ficcional de periodicidade mensal aqui em Claquete. Gostou? Opine! Dê sugestões na seção de comentários.

4 comentários:

  1. É leve,adorável e com um desfecho muito espirituoso.Preciso assistir O diário de Bridget Jones.Apenas li metade do livro há anos atrás...

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  2. Entendo a Joana! Acho o Colin Firth um dos homens mais charmosos do universo cinéfilo e, com certeza, ele também habita meus sonhos românticos! rsrsrs Quem dera eu pudesse encontrar a versão nacional dele! rsrs

    Beijos!

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  3. Pat: Obrigado Pat. Pois é, não ter assistido "O diário de Bridget Jones" é um de seus pecados mortais...
    bjs

    Kamila: Pois é... essa sorte não é para todas.rsrs
    bjs

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  4. É cada "causo" rs! Gostei deste capítulo. HA!
    A minha Avó gostaria de ter este experiência, mas com o Tom Cruise!

    Abs.

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