sábado, 10 de março de 2012

Cantinho do DVD

Ganhar ou ganhar, destaque da seção Cantinho do DVD, entrou no Top 10 de Claquete dos melhores filmes de 2011. Não ouviu falar dele? Não se recrimine. A fita dirigida por Thomas McCarthy passou abaixo do radar midiático ao ser lançada diretamente em DVD no último trimestre do ano passado. Mas Ganhar ou ganhar merece ser descoberto. Eis a contribuição de Claquete.  Aproveitando o ensejo, não deixe de conferir a lista com os dez melhores filmes lançados no Brasil comercialmente em 2011. Clique aqui!


Crítica
Há quem torça o nariz para o cinema independente americano por sua vocação de aplicar lições de vida e enveredar moralismos a torto e a direito. Mas não se pode rejeitar a destreza com que alguns filmes fazem isso. É o caso de Ganhar ou ganhar (Win win, EUA 2011), de Thomas McCarthy, ator e diretor que apresenta sólidos trabalhos na seara independente como O visitante (2007) e O agente da estação (2003).
Em Ganhar ou ganhar, Paul Giamatti vive Mike Flaherty, um advogado atolado em dívidas que se descobre com ataques de pânico e poucas opções para sair desse atoleiro. É da improvável relação com um adolescente problemático que Mike irá tirar forças para não deixar sua vida e princípios esmorecerem.
McCarthy tece um inebriante conto de sobrevivência e das bifurcações necessárias para que não nos apartemos de alguns nortes na vida. Para isso, cria personagens cativantes que apelam à realidade cotidiana. O garoto com problemas familiares e talento exímio para a luta greco-romana, mas que vive a se sabotar. O amigo de infância de Mike (ótima participação de Bobby Cannavale) que experimenta frustrações tão enclausurantes quanto às de Mike, mesmo sendo endinheirado e por aí vai.
Paira sobre o filme um forte elemento de estranheza que facilita uma certa áurea cool. McCarthy cria diálogos afiados, mas sempre conectados com a verdade dos personagens. Em um dado momento, Mike pergunta para Kyle (Alex Shaffer), o adolescente prodígio, como é saber que “se é tão bom”. No que Kyle devolve que não sabe ao certo, apenas que se sente no controle. É um dos poucos momentos em que Kyle se sente no controle de algo. Mike não sente isso há muito tempo. De sutilezas e reflexões como essa que Ganhar ou ganhar vai construindo sua força gravitacional e se apresenta como um filme algo idílico, desvencilhando-se do pieguismo e abraçando sua essência altruísta. A moral que surge da cena final de Ganhar ou ganhar é de que as vitórias nem sempre são como desejamos e que muitas vezes nem sequer notamos nossos triunfos. É preciso atentar às miudezas cotidianas. Fábulas morais como Ganhar ou ganhar estão aí para, mais do que qualquer coisa, nos doutrinar a sermos mais sinceros com nós mesmos.

2 comentários:

  1. O cinema independente muitas vezes produz mesmo títulos que são muito bons, como é o caso de Transamérica, de 2005, excelente filme! Não conhecia esse que você comentou, como você disse, saiu bem escondido mesmo, nem tinha ouvido falar, mas fiquei curioso, vou buscar mais informações e, se possível, vou vê-lo.

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  2. Equipe Uopm: Veja! Impossível não admirar um filme tão simples e tão eloquente.
    Abs

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