domingo, 9 de maio de 2010

Insight

Por que Steve Carrel faz tanto sucesso na TV e no cinema?




É difícil imaginar que você ainda não conheça Steve Carrel. O comediante mais hypado da América é um americano de 48 anos, nascido na cinzenta Conrad no Estado de Massachusetts. Carrel é casado com a roteirista Nancy Carrel, tem dois filhos e é avesso a badalações. No entanto, seu público é composto essencialmente dos jovens que adoram ver seus astros escorregando e fazendo besteira.
Steve Carrel despontou quase que por acaso. Apesar de fazer algumas participações esporádicas em filmes e programas de TV desde os anos 90, foi com uma ponta no sucesso Todo poderoso (2003) que Steve Carrel chamou alguma atenção para si. Paralelamente a isso, como roteirista e convidado do programa de Jon Stewart, Carrel mostrava ser capaz de praticar um humor inteligente e repleto de sarcasmo.
Foi o sarcasmo que lhe possibilitou trabalhar com Woody Allen, em 2004, em Melinda e Melinda. Também nessa época, o amigo Judd Apatow que já havia solicitado sua colaboração nos roteiros da série de TV Freaks and Geeks pediu assistência em alguns projetos em desenvolvimento. Ele estava produzindo um filme (O âncora, no qual Carrel faz um papel coadjuvante, lançado em 2004) e gostaria que Carrel revisasse um roteiro e considerasse ser o protagonista do filme. Que projeto era esse? O virgem de 40 anos. O resto é história. Carrel impressionou meio mundo com sua desenvoltura e, embora Seth Rogan seja o ator e colaborador mais assíduo de Apatow, Carrel foi a cara da revolução na comédia mainstream perpetrada pelo diretor e sua turma.


Ao lado de Juliete Binoche e Dane Cook na comédia com pitadas de drama existencial Eu, meu irmão e nossa namorada


Reclamando a autoria
Foi em 2005, concomitante com o explosivo sucesso de O virgem de 40 anos, que surgiu a possibilidade do ator adentrar o competitivo mercado de TV. A série The Office seria uma releitura americana do programa criado por Rick Gervais na Inglaterra. Era grande o temor de que o projeto não daria certo. Afinal, o humor inglês é muito peculiar e o próprio programa original, que era muito bom, sucumbiu em sua segunda temporada. Carrel criou um personagem icônico e totalmente diferente do material original. Seu Michael Scoot é uma figura que depende totalmente do carisma e do timing do ator. The Office acabou por se provar melhor do que a série original (já está em sua sexta temporada). Apesar de não ostentar a pujança criativa de outrora, a longevidade do show deve-se a Carrel. O ator tem aquela característica tão difícil de se achar no cinema e na TV. Trabalha maravilhosamente em equipe, propiciando que outros brilhem intensamente, mas quando precisa chamar a responsabilidade, o faz com extrema eficiência.
O fato de ser simpático também ajuda. Carrel é doce e brincalhão em entrevistas, pré-estréias e eventos similares. É uma presença agradável que torna tudo mais tolerável, satisfatório e compensador. Um marketing que pode ser involuntário, mas que rende maravilhas em termos de promoção pessoal.



Carrel a frente do elenco da premiada e prestigiada série The office em um intervalo das gravações


Acertando nos projetos
Outra diferença primordial, que ajuda a entender o sucesso de Carrel em ambas as mídias, é a felicidade do ator na escolha de seus projetos cinematográficos. Diferentemente de outros atores que tentam conciliar carreiras de sucesso na TV e no cinema, ou migrar de um para o outro, Carrel não comete loucuras, tão pouco menospreza seu poder de persuasão. Provou ser bom ator dramático em filmes como Pequena miss sunshine (2005) e Eu, meu irmão e nossa namorada (2007), mas nem por isso resolveu que sua seara seria o drama. Aposta em fórmulas eficientes e projetos hypados, como o foram o remake de Agente 86 (2008) e o recente Uma noite fora de série (2010). No primeiro, ele assume um personagem icônico e a despeito da semelhança física com Don Adams (o agente 86 original) evitou a imitação. Já no segundo, juntou forças com outro prodígio atual da TV, a comediante Tina fey. Ambos os filmes já tinham seu público e um interesse estabelecido acerca do comportamento de Carrel nessas situações, mesmo que ele não se propusesse (como era o caso) a fazer nada essencialmente novo.



Em Pequena miss sunshine, comédia dramática que agradou multidões, ele vive um homossexual com tendências suicidas: uma performance apurada e sem vaidades



Com Tina Fey na capa da Entertainment Weekly no final de março deste ano, apresentando o Oscar e se divertindo nos sets de Uma noite fora de série


Essa inteligência na condução da carreira mostra que as oportunidades iniciais podem ter surgido por acaso, mas o sucesso retumbante de Carrel na TV e no cinema não o é. Especula-se agora que o ator não renovará para a sétima temporada de The Office. A atitude pode ser tomada como mais um golpe de mestre do ator. O seriado já vinha perdendo força e Carrel não pode, e não deve, deixar que essa percepção se atrele a ele. O cinema está prestes a receber com exclusividade o ator que, além de brilhante comediante, é um senhor gestor.

6 comentários:

  1. Ahh, gosto muito dos filmes de Carrel, ele é um ótimo ator, engraçado e muito humilde, por isso ele faz tanto sucesso !

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  2. Gosto muito de Steve Carell, acho-o um comediante nato, apesar de ter chegado recentemente. E, também consegue ser um ótimo ator dramático ("Pequena Miss Sunshine" e "Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada" que o diga.)

    Beijos! ;)

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  3. Parabéns pelo texto, Reinaldo! Muito além de informativo, de uma homenagem ímpar a Steve Carell.

    Eu gosto muito do humor do ator. A argumento de Virgem de 40 anos combinou muito com o jeito acessível que ele demonstra, isso porque não só homens se familiarizaram com ele, mas mulheres também. Quem nunca foi ou continua sendo virgem na vida, não é mesmo? A forma que ele interpretou-o, sem escrachar de vez quem optou por isso, foi de um respeito especial.

    Também aprecio muito o seu papel em Pequena Miss Sunshine porque ele teve um ótimo timing cômico trágico. Gosto dessa melancolia bem humorada com requintes de tragédia, rs! É um papel que não é para qualquer ator.

    Ainda não conheço o trabalho dele na tv e não assisti uma noite fora de série, mas espero vê-los.

    Bjs!

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  4. Alan:É bem isso mesmo Alan. ABS

    Mayara: Pois é Ma. Me lembro de ter ficado surpreendido por sua performance em Pequena miss sunshine. Bjs

    Madame:Obrigado madame. Perfeita sua observação a respeito das composições de Carrel. Especialmente em relação a Pequena miss sunshine. Para mim, aquela foi sua melhor atuação e a prova de que não era "apenas" um comediante, mas sim um bom ator. Para mim, aliás, é a melhor atuação do filme.
    Bjs

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  5. Oi Rei, também acho que é a melhor atuação de Carell. Pra falar a verdade, amo o papel dele nesse filme. Acho que o filme não seria o mesmo sem ele. bjs

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