domingo, 2 de maio de 2010

critica - Tudo pode dar certo

Econômico e eficiente!

Tudo pode dar certo (whatever works, EUA 2009) marca o retorno de Woody Allen a Nova Iorque, a verborragia deixada de lado nos recentes trabalhos - e que lhe é característica - e ao desacordo com a crítica que lhe torceu o nariz (em muito por que parte da critica considerou o trabalho um retrocesso criativo). Filmando um roteiro que abandonara nos anos 70, Allen retoma aquele modelo de filme que valoriza um humor irônico, sarcástico e de deslocamento. Com belos e ácidos diálogos, Tudo pode dar certo se desenvolve com certa previsibilidade para quem conhece o trabalho do diretor que data dos idos dos anos 70 e 80, mas nem por isso torna-se uma experiência menos agradável.
Boris Yellnikoff (Larry David) é um físico aposentado, rabugento e descontente com a vida. O intragável Boris vai, ao seu jeito, se seduzir pela jovem e encantadora Melody (Evan Rachel Wood) que chega a Nova Iorque fugida da família conservadora e com alguns sonhos na bagagem. Em um misto de atração pela personalidade exótica de Boris e de desamparo, Melody apaixona-se pelo imponderável e acabam casando-se. A convivência do improvável casal rende alguns bons momentos à pena de Allen, muito bem potencializados pelos atores.

Os opostos se atraem: O turrão Boris e a doce Melody em um típico passeio no parque

A escolha de Larry David (roteirista de Sienfield e criador e protagonista do seriado da HBO Segura a onda) foi das mais felizes do diretor. O humor negro de David em muito se assemelha ao de Allen, o que possibilita ao público do diretor identificá-lo rapidamente como um alter ego apropriado. Ainda assim, David é um comediante arejado e com expressão e timing cômico diferentes de Allen; o que ajuda a diminuir o sentimento de repetição. Afinal, Woody Allen sempre vive Woody Allen, mas Larry David como Woody Allen é algo, ao menos, inusitado.
Com uma estrutura econômica, Allen faz seu personagem se dirigir para a platéia, quase como em um monólogo existencial. Estão lá a rabugice de Allen, sua antipatia pelas organizações religiosas e as tradicionais piadas étnicas. Tudo funcionando as mil maravilhas. A moral de Allen não é nova, mas vem repaginada. No final das contas, todo conservador é um liberal enrustido e o acaso é mais insidioso do que lhe damos crédito. Você já ouviu isso de Allen antes, mas ele é um ótimo contador de histórias. Vale a pena ver de novo.

12 comentários:

  1. Ahh eu quero muito ver esse filme, e não sei bem o motivo, mais quero ver ! hehehehe

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  2. Olá, nós do volver Um filme acompanhamos sempre seu blog e colocamos o link do seu blog no nosso! Teria algum problema?
    Abraço

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  3. Ainda que não tenha um roteiro tão inovador e atraente, só pela presença de Evan Rachel Wood - eu quero ver!

    abraço

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  4. A sua opinião foi a mais positiva que li até agora sobre "Whatever Works". A minha maior curiosidade, nesta obra, é ver a performance elogiada da Evan Rachel Wood.

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  5. Alan: É Woody Allen Alan. Não precisa ter um motivo! rsrs ABS

    Volver um filme: Fico lisonjeado pelo reconhecimento e prestígio que vc me oferece. Vou conhecer o seu blog. Continue me visitando aqui.Pode fazer de Claquete seu quintal cinematográfico. Grande abraço!

    Cristiano:Tb adoro Evan Rchael wood, mas aqui ela está meio apagadinha. Larry David domina a cena e quando não, os coadjuvantes a engolem.
    ABS

    Ka: Sinceramente, não vejo como podem ter elogiado tanto assim a Evan. Ela capricha no sotaque interiorano e é só. O filme é um conjunto de reciclagens "woody allenianas" mas funciona muito bem. Não admitir isso é querer fazer intriga.
    Bjs

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  6. Acabei de ver o filme. Pra mim, o mérito de Allen em Whatever Works é justamente recriar a mesma história outra vez... porque é evidente que ele já tratou aquele tema outras vezes em seus filmes, e mais uma vez consegue fazer isso tão bem. Ok, concordo com a crítica: não é seu melhor trabalho e se formos analisá-lo com Vicky Cristina Barcelona, de fato, houve um retrocesso, mas ainda assim, acima da média dos diretores main stream.

    Evan Rachel Wood está linda, hein?

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  7. É bom ver o Woddy Allen de volta a NY né?
    Mas vem cá, você não sentiu falta do Woddy interpretando o Boris? Porque o David se deu o trabalho até de imitar a gagueira e os trejeitos dele..não seria mais fácil se o próprio Allen tivesse feito o papel que sempre é dele?

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  8. Dae Reinaldo!
    Agora estou com pc em casa, posso te mandar aquele e-mail de outrora que havia prometido rs. Vai chegar ainda hoje, pode apostar =)

    Cara, o Paulo se desligou do blog. Foi até um pedido meu e ele, como sempre, foi muito compreensível e entendeu a minha posição. Gostaria que ele desse prosseguimento com o Why So Seirous (blog antigo dele), mas não sei se vai rolar. Gosto dos textos e opiniões dele, mas estou órfão por enquanto =)

    Ah, quanto ao selo Dardos, obrigado, MUITO obrigado pelo carinho! Claro que vc receberá um também rs, afinal o Claquete não é apenas um log que entro para ver suas críticas e textos, mas para ficar informado sobre cinema. Aqui é uma fonte rica para isso ^^
    Mas tu tem que me dar as coordenadas de como usar esse selo. O que faço? Coloco no lado do blog?


    Adoro Woody Allen e finalmente o Brasil estreou esse filme. Estou curioso faz tempo e sua crítica aguçou ainda mais minha vontade, embora as demais publicações tenham sido bem negativas quanto ao filme.


    ABS!

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  9. Depois de tantas gargalhadas na sala do cinema só poderia sair uma crítica de alto nível como essa, né meu parceiro? parabéns! o blog tá sensacional. um abraço. Leandro

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  10. Oi, Reinaldo,

    Seu olhar acurado sempre vale a visita, nem preciso dizer que seu site já está, há tempos, entre os meus favoritos.
    E, claro, parabéns pelo prêmio Dardos! Que seja o primeiro de muitos.

    Beijos,
    Aline

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  11. Fláviadoria: Prazer imenso te receber aqui em Claquete. Volte sempre! Será super bem vinda, te garanto. Concordo com vc flávia. É muito bom ter Allen de volta a NY e dá para senti-lo mais arejado depois de Vick Cristina Barcelona. Penso que a escalação de Larry david foi proposital. Aquele é Larry david sendo Larry david, o que não deixa de ter um ranço de Woody Allen. Não sei se vc já teve a oportunidade de vê-lo em ação no seriado da HBO. Como eu disse na critica, diminui o sentimento de repetição (o fato de não ser Allen vivendo Allen) e facilita na hora de identificar o alter ego. Ficou melhor do que por exemplo Will Ferrel em Melinda & Melinda.
    Bjs e volte sempre!

    Fernando: Não considero um retrocesso Fernando. Não acho que pq um autor volte a temas passados ele esteja necessariamente retrocedendo em termos criativos. Pode estar se repetindo, mas isso é outra história. Como vc mesmo observou ele recontou uma mesma história de forma diferente, aprazível e inteligente. Há de louvar o cara por essa façanha.
    Abração!

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  12. Elton: Festejemos todos a estréia do novo Woody Allen. Como diz a sabedoria critica: um woody Allen menor é melhor do que 90% dos filmes em cartaz.

    Vou esperar o e-mail então hein!!! Tomara que o Paulo siga com o blog dele, mas mais que isso, espero que ele não suma. Manda um abração para ele, dediquei a última seção Movie Pass (sobre um filme argentino, estrelado por Ricardo Darín) a ele.

    Quanto ao selo Dardos, tb sou iniciante nessa categoria.Foi o meu primeiro recebido. Vc pode ler as instruções aí em cima no post, quanto a "armazenagem" do selo, compete a vc. Vc pode optar por exibi-lo na lateral do teu blog ou não. É praxe exibi-lo na lateral. Eu vou colocar o meu lá. Tenho certeza que ainda receberemos muitos. Grande abraço!

    Leandro: Valeu pelo prestígio LÊ! Obrigado pelos elogios e nada como gargalhar no cinema né? É revigorante! ABS

    Aline: Obrigadão pelas palavras Aline. You´re really priceless. Bjs

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