No filme, acompanhamos o casal formado pela jornalista Hanna
(Sophie Ross) e o engenheiro Simon (Sebstian Schipper) que vivem aquela fase de
esfriamento da relação. Ainda que se gostem, eles se sentem acomodados e
compartilharem de algum tempo soa mais como obrigação do que como desejo mútuo.
Nesse contexto que conduz para um eventual rompimento, Hanna conhece Adam
(Devid Striesow), um geneticista charmoso e provocativo. Ela se interessa por
ele e logo eles começam a ter um caso. Paralelamente a esse distanciamento da
mulher, Simon enfrenta a notícia da morte de sua mãe, que tinha um câncer no
pâncreas, e se descobre vítima de um câncer no testículo. Depois de passar por
uma cirurgia e ainda em tratamento com quimioterapia, Simon percebe Hanna mais
interessada neles. O que, em todo caso, poderia ser apenas em virtude de sua
condição.
Nesse meio tempo, em uma piscina pública, Simon conhece Adam
e acaba se sentindo atraído pelo jeito expansivo do rapaz. Meio hesitante, ele
acaba estabelecendo uma relação com Adam. O curioso é que nem Hanna, nem Simon
sabem que estão saindo com a mesma pessoa.
O próprio Adam, como Tykwer irá mostrar, é casado e tem
filho, mas é também adepto de um conceito de vida em que não se pode ficar
refém do que chama de “determinismo biológico”. E sua esposa tem consciência
disso.
Tykwer não apresenta formulações morais, apenas apresenta
esses personagens cujos caminhos cruzaram e se redefiniram. Simon no momento de
maior fragilidade de sua vida descobre algo que jamais sentiu e que lhe devolve
o bem estar cotidiano e em uma relação homossexual. Não obstante, Simon e Hanna decidem se casar em meio à
sequência de seus respectivos casos extraconjugais. Tykwer evita escrutinar
seus personagens, mas parece óbvio que Hanna e Simon só conseguiriam levar
adiante sua relação se Adam estivesse nela. De um jeito ou de outro; e em um
dado momento de Triângulo amoroso o “de outro” parece cada vez mais factível.
Tykwer, sem grandes intervencionismos, ainda que com algum
desnecessário maneirismo na meia hora inicial, articula um filme que bifurca
questões morais, genéticas a emocionais. Se reserva o direito de evitar um
contato mais detido com o sentimentalismo para dar um ar acadêmico a um filme que
se pretende mais uma lapidação sócio antropológica do que uma construção
dramática em cima dos conflitos dos personagens. Se essa opção valida o filme
enquanto veículo de um pensamento moderno cada vez mais arejado no século XXI,
limita seu interesse àqueles que buscam participar dessa discussão.
Ao que tudo indica, o grande momento de Tom Tykwer como diretor foi mesmo "Corra, Lola, Corra". Desde então, ele não tem conseguido repetir o mesmo êxito em seus filmes.
ResponderExcluirKamila: Ka, "Triângulo amoroso" é um bom filme Ka, mas poderia ser melhor com uma abordagem menos científica por assim dizer...
ResponderExcluirBjs