quarta-feira, 20 de março de 2013

Crítica - Linha de ação


Conto moral vitaminado

Linha de ação (Broken city, EUA 2013) não é um nome tão bom, ou pertinente à trama, quanto o original que alude a uma cidade corrompida, financeira e moralmente falida. A despeito da pouca criatividade do título nacional, Linha de ação é um filme ambicioso artística e narrativamente. Primeiro por fundir um drama político à lógica de uma fita policial; segundo por apresentar um painel de personagens sem uma figura afável, que flerte com a identificação do espectador.
Billy Taggart (Mark Wahlberg) é um detetive truculento que é afastado da força policial por ter se envolvido na morte de um inocente. Fora da polícia, ele investe na carreira de detetive particular. Russell Crowe faz Hostetler, o prefeito canastrão e carismático de Nova Iorque que está perdendo a corrida eleitoral. Ele aciona Billy, a quem uma vez chamou de herói, para que ele investigue com quem sua esposa (Catherine Zeta-Jones) o está traindo.
Aos poucos, Linha de ação ganha formas que tornam clara sua disposição de ir além da simples trama policial. Nada é o que parece ser e Billy logo se descobre bucha de canhão em uma teia de corrupção que envolve um negócio imobiliário bilionário feito entre o município de Nova Iorque e uma construtora.

Amigos, amigos...: Linha de ação é um eficiente thriller com forte pulso político...

Indubitavelmente, Allen Hughes, por mais talentoso que seja, não é um Sidney Lumet ou Michael Mann e o desenrolar dessa intrincada e complexa trama se alimenta de algumas cenas explicativas e outras simplificações. O que não compromete a destreza do roteiro em apresentar personagens moralmente desviados e desafiar o espectador a buscar vestígios de identificação em cada um deles. Billy matou um homem inocente e não foi preso, o prefeito é corrupto desavergonhado, sua mulher conspira com seus opositores, seu secretário de segurança pública (Jeffrey Wright) espera a melhor oportunidade para dar o pulo do gato, a namorada de Billy (Natalie Martinez) não hesita em se engraçar com um ator estrelinha do cinema independente para garantir uma carreira promissora no ramo do cinema...
A cidade corrompida ao qual o título original alude está por toda parte e é justamente nesse painel multifacetado que Linha de ação encontra seu maior predicado: a desmistificação da luta entre o bem e o mal em um filme policial. Algo somente possível quando se traz a cena política à luz. Nesse sentido, como conto moral, Linha de ação se obriga a um final com pulso moral, mas é suficientemente ousado para atestar que a redenção não está na próxima esquina.

2 comentários:

  1. Esse era um filme que eu não estava muito animada para assistir, mas uma série de boas resenhas críticas que tenho lido me fazem ficar bem curiosa em relação à "Linha de Ação". Vou tentar assistir.

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