Entraram em cartaz nas principais cidades do país neste fim
de semana dois filmes “menores” de cineastas consagrados. A parte dos anjos, de Ken Loach, é
o que a crítica especializada tem chamado de filme mais leve do britânico em anos. Geralmente
conhecido por seus filmes de forte comentário político como Ventos da liberdade
e Rota irlandesa, Loach arrebatou a riviera francesa – de onde saiu com o
prêmio do júri - com uma história sobre um ladrão que acaba de ser pai e, na
expectativa de mudar de vida, articula um novo esquema que inclui um olfato
apuradíssimo para uísques e a tal da parte dos anjos, termo dado aos 2% do
barril que são perdidos devido à evaporação do álcool ao longo dos anos.
Menos leve, mas não menos elogiado, é Killer Joe – matador
de aluguel do grande William Friedkin. O cineasta americano anda bissexto e
este é apenas seu terceiro filme em dez anos. Adaptado da peça de Tracy Letts,
autor que já havia servido de base para o trabalho anterior de Friedkin,
Possuídos, Killer Joe – matador de aluguel é uma comédia de humor negro. Chris
(Emile Hirsch) contrata o Joe do título, vivido por Matthew McConaughey, para
matar sua mãe de maneira a pode sacar o seguro de vida em nome dela. Fazem
parte do esquema seu pai e sua madrasta. Como garantia a Joe, ele oferece a
irmã. Exibido pela primeira vez no festival de Veneza, Killer Joe foi saudado
com um dos exemplares mais vigorosos do cinema americano dos últimos anos.
Tensão e humor: Há quem considere Killer Joe o melhor filme de Friedkin desde O exorcista (1973)
Friedkin e Loach, no entanto, não estão na vanguarda desse
movimento. É mais comum do que parece cineastas experimentados conseguirem
algumas das melhores críticas, quiçá prêmios, de suas carreiras com trabalhos
menores ou menos ambiciosos.
Clint Eastwood, por exemplo, conseguiu seu segundo Oscar
como diretor e seu segundo Oscar como produtor por um filme que nem mesmo o
estúdio (Warner Bros) apostava para a temporada de premiações. Menina de ouro
era o patinho feio em um ano de grandes produções de estúdio como Ray e O
aviador, Menina de ouro foi crescendo na temporada e acabou sendo o grande
vencedor do Oscar de 2005. Danny Boyle é outro que conseguiu triunfar no Oscar
com seu filme menos ambicioso. Sob muitas perspectivas, Quem quer ser um
milionário? é um filme menos ventilado do que produções como Trainspotting – sem
limites, Sunshine – alerta solar ou mesmo o mais recente 127 horas.
Woody Allen estava apenas dando sequência a seu tour pela
Europa e Meia-noite em Paris, filme no qual não despendeu um pingo a mais de
energia do que em Você vai conhecer o homem dos seus sonhos ou Para Roma com
amor, conquistou público, críticas e prêmios.
Steven Soderbergh, que andava brigado das boas críticas há
algum tempo, reencontrou-as com um improvável filme sobre o cotidiano de
strippers masculinos. Magic Mike se pagou em um fim de semana e, salvo uma ou
outra crítica, foi um dos maiores consensos da carreira do diretor de obras
como Sexo, mentiras e videotape e Traffic – ninguém sai ileso.
O maior underdog dos últimos anos no Oscar foi Menina de ouro que começou a temporada de premiações como azarão supremo e se consagrou o grande vencedor do Oscar 2005
Premeditadamente ou por intervenção do destino, cineastas
que usam da prerrogativa do low profile para driblar o peso das expectativas e
reaver a beleza do storytelling frequentemente acertam. E com assiduidade mais
comum do que se percebe, atingem os picos de suas carreiras.
Eu gostei de Killer Joe, não estava dando muita coisa pra ele, mas acabei gostando.
ResponderExcluirAbraço!
Tenho lido opiniões excelentes sobre o novo filme do William Friedkin. Estou bem curiosa sobre essa obra.
ResponderExcluirEmerson: O filme é um arraso!
ResponderExcluirAbs
Kamila: O filme é um arraso (2)!
Bjs