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quarta-feira, 27 de março de 2013

Espaço Claquete - Triângulo amoroso

Há poucos diretores tão versáteis no cinema europeu quanto o alemão Tom Tykwer, que despontou com o movimentado Corra, Lola, corra (1998) e entre o cinema americano e o alemão já fez ótimos filmes como Trama internacional (2009) e Paraíso (2002), realiza com este Triângulo amoroso ( 3, ALE 2010) um inusitado estudo sobre as bifurcações amorosas e as artimanhas do desejo.

No filme, acompanhamos o casal formado pela jornalista Hanna (Sophie Ross) e o engenheiro Simon (Sebstian Schipper) que vivem aquela fase de esfriamento da relação. Ainda que se gostem, eles se sentem acomodados e compartilharem de algum tempo soa mais como obrigação do que como desejo mútuo. Nesse contexto que conduz para um eventual rompimento, Hanna conhece Adam (Devid Striesow), um geneticista charmoso e provocativo. Ela se interessa por ele e logo eles começam a ter um caso. Paralelamente a esse distanciamento da mulher, Simon enfrenta a notícia da morte de sua mãe, que tinha um câncer no pâncreas, e se descobre vítima de um câncer no testículo. Depois de passar por uma cirurgia e ainda em tratamento com quimioterapia, Simon percebe Hanna mais interessada neles. O que, em todo caso, poderia ser apenas em virtude de sua condição.
Nesse meio tempo, em uma piscina pública, Simon conhece Adam e acaba se sentindo atraído pelo jeito expansivo do rapaz. Meio hesitante, ele acaba estabelecendo uma relação com Adam. O curioso é que nem Hanna, nem Simon sabem que estão saindo com a mesma pessoa.
O próprio Adam, como Tykwer irá mostrar, é casado e tem filho, mas é também adepto de um conceito de vida em que não se pode ficar refém do que chama de “determinismo biológico”. E sua esposa tem consciência disso.
Tykwer não apresenta formulações morais, apenas apresenta esses personagens cujos caminhos cruzaram e se redefiniram. Simon no momento de maior fragilidade de sua vida descobre algo que jamais sentiu e que lhe devolve o bem estar cotidiano e em uma relação homossexual. Não obstante, Simon e Hanna decidem se casar em meio à sequência de seus respectivos casos extraconjugais. Tykwer evita escrutinar seus personagens, mas parece óbvio que Hanna e Simon só conseguiriam levar adiante sua relação se Adam estivesse nela. De um jeito ou de outro; e em um dado momento de Triângulo amoroso o “de outro” parece cada vez mais factível.
Tykwer, sem grandes intervencionismos, ainda que com algum desnecessário maneirismo na meia hora inicial, articula um filme que bifurca questões morais, genéticas a emocionais. Se reserva o direito de evitar um contato mais detido com o sentimentalismo para dar um ar acadêmico a um filme que se pretende mais uma lapidação sócio antropológica do que uma construção dramática em cima dos conflitos dos personagens. Se essa opção valida o filme enquanto veículo de um pensamento moderno cada vez mais arejado no século XXI, limita seu interesse àqueles que buscam participar dessa discussão. 

2 comentários:

  1. Ao que tudo indica, o grande momento de Tom Tykwer como diretor foi mesmo "Corra, Lola, Corra". Desde então, ele não tem conseguido repetir o mesmo êxito em seus filmes.

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  2. Kamila: Ka, "Triângulo amoroso" é um bom filme Ka, mas poderia ser melhor com uma abordagem menos científica por assim dizer...
    Bjs

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