sábado, 10 de novembro de 2012

Crítica - Magic Mike


Simpatic Mike

O novo filme de Steven Soderbergh se pagou no primeiro fim de semana nos EUA. A última vez que isso aconteceu foi com Onze homens e um segredo (2001). A fórmula mágica foi colocar uma série de homens pelados na tela de cinema. Magic Mike, não se engane, é mais um filme independente de Soderbergh. Que nessa seara já retratou desde a vida amorosa de uma garota de programa à ascensão de Che Guevara. Magic Mike surgiu das memórias, agora imortalizadas em celuloide, de Channing Tatum que antes de se descobrir ator já havia sido stripper. Soderbergh, portanto, contou com o insight do ator para erigir esse mundo que mistura fetiche, luxúria, carência, sonhos e necessidade de amadurecimento.
A primeira vez que avistamos Mike ele está pelado e se levantando da cama que divida com duas mulheres. É uma entrada triunfal para um personagem pouco triunfante, mas que Channing Tatum, com muito coração e desenvoltura, vai humanizando ao longo do registro.
Mike não é só stripper. Ele faz polimento de carros e também trabalha com construção civil, mas percebe-se que seu prazer está vinculado a tirar a roupa na frente de mulheres. Mas, para todos os efeitos, ele mantém um sonho: ter a própria empresa de fabricação de móveis personalizados. Mike é um sonhador e também um cara gente boa, como se diz por aí. Ele apadrinha Adam (Alex Pettyfer), um jovem de 19 anos que se recusa a assumir responsabilidades e mergulha de cabeça nesse convidativo mundo de liberdades. A partir da relação de Mike com Adam e com seu patrão no clube de strip-tease, Dallas (Matthew McConaughey), Magic Mike tira seu sustento dramático. Mike, com o préstimo da irmã de Adam (Cody Horn) por quem se interessa romanticamente, percebe que não crescerá como ser humano naquele ambiente. Não deixa de ser uma vertente moralista essa que o filme adota, apesar do desfile de glúteos masculinos e abdomens sarados. Mas é, também, um conflito legítimo o vivido pelo personagem, o que valida as opções tanto de Mike como dos outros personagens que gravitam seu universo.
No limiar, Magic Mike é um filme sobre despertar de consciência, mas os músculos pipocando na tela divergem a atenção do espectador. O apelo ao público feminino e homossexual também tendem a reforçar a resistência ao filme que, no limiar, apresenta os mesmos conflitos e soluções de Ted, filme mais afeito ao gosto do público masculino e que, coincidência suprema, estreou no mesmo fim de semana de Magic Mike nos EUA. Magic Mike é menos inteligente do que Ted, mas é muito mais simpático.

6 comentários:

  1. Quero conferir muito esse filme. Especialmente porque me parece se tratar de um Steven Soderbergh mais leve, numa trama mais "divertida". Beijos!

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  2. Sua crítica conseguiu ser bem racional em relação a obra. Ao meu ver, Magic Mike é um filme superficial, arquitetado apenas para levantar uns trocados nas bilheterias. No entanto, a atuação de Channing Tatum é esforçada e Matthew McConaughey é a melhore coisa do filme, enquanto Alex Pettyfer traz um personagem inexpressivo e caricato. Ao meu ver, ainda não foi dessa vez que Soderbergh voltou a boa forma.

    Abração.

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  3. Kamila: É leve sim e para uns e mais divertido do que para outros, se é que vc me entende Ka... rsrs
    bjs

    Celo:Acho Soderbergh um cineasta incrivelmente regular. Acho que o único filme ruim dele é Solaris. Há, logicamente, filmes menores e pouco satisfatórios. Talvez Magic Mike se enquadre nesse filão.
    Abs

    Jaqueline: Pois é... rsrs. Voltei! Obrigado pelo apoio e prestígio!
    Bjs

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  4. O filme realmente dividiu opiniões. A sua, por exemplo, foi uma das únicas positivas que eu li. Enfim, estou pra conferir, claro...

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  5. Alan: Acho que o filme dividiu opinões por duas razões: má vontade com Soderbergh e má vontade com um bando de homens pelados na tela do cinema... rsrs Mas não que seja um baita filme, é apenas ok!
    Abs

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