Terror infantil revisionista
Se você achou o título dessa crítica estranho, saiba que
essa é a melhor tradução de Frankenwennie (EUA 2012), novo filme de Tim Burton.
A mais recente incursão do cineasta pela animação em stop motion ganha no
3D, do qual obrigatoriamente se serve, um detalhamento que torna o filme mais
“burtoniano”. Em Frankenweenie, Tim Burton volta para casa. Esse regresso
pressupõe um sem número de homenagens aos primórdios do terror, em cenas
orquestradas mais para esses cinéfilos de botequim do que para as crianças
perdidas pelo cinema, a colaboração com atores que remetem ao começo de sua
carreira (como Winona Ryder e Martin Landau) e também a reimaginação de uma
história pessoal dimensionada em um curta simples e simplista produzido por
Burton na década de 80 na Disney – estúdio pelo qual ele lança agora essa
versão mais adornada.
Na fita, Victor (voz de Charlie Tahan) é um grande
entusiasta de ciências. Posto o complexo de maneira simples, um nerd assumido.
Ele não tem amigos, a não ser o cachorrinho Sparky. Quando Sparky morre, ele
decide – inspirado pelo climático professor de ciências dublado por Landau –
ressuscitá-lo na base da corrente elétrica.
Victor e o ressuscitado Sparky: um filme de terror infantil que no fundo é uma declaração de amor ao cinema burtoniano
O que Tim Burton faz é pegar o mito de Frankenstein e
remendá-lo de forma a produzir uma parábola infantil sobre o bom (e o mau) uso
da ciência e o amor incondicional de uma criança por seu cãozinho. Isso na
superfície. O que Frankenweenie realmente é um túnel do tempo para Tim Burton.
É uma fenda espaço-temporal que o cineasta abre em sua obra e permite que seu
público fiel compartilhe com ele daquela nostalgia embalada pela mais acurada
técnica de stop motion em 3D.
O grande problema é que Frankenweenie continua a ser
essencialmente um curta-metragem. Não há nada, além do deleite nostálgico de
Burton e de seus fãs, que justifique a duração do filme.
Esteticamente vistoso e com seu par de emoções, Fankenweenie
pode ser percebido de duas maneiras: Tim Burton está preparado para se
reinventar como artista ou já ensaia, ainda que inconscientemente, o epílogo de
sua obra. De qualquer maneira, a importância de Frankeenweenie em uma revisão histórica será a de ter prenunciado um ou outro.
Concordo plenamente, Reinaldo. É uma espécie de marco na carreira de Tim Burton, uma retomada de um ponto inicial, quando ele começou aquele curta que virou quase maldito. Gosto muito do resultado aqui, da estética, do stop motion impressionante, mas da história, o que interessa mesmo é o que já está no curta, o resto é firula para esticar o que não precisava ser esticado.
ResponderExcluirbjs
Preciso ver! Ao menos o filme vem obtendo um saldo bem positivo em relação aos outros filmes lançados atualmente pelo diretor.
ResponderExcluirUma animação impressionante mesmo!
ResponderExcluirÓtima crítica meu caro! Um retorno eletrificante de Burton!
Bom, só não acho que o filme tenha a essência de um curta, mas de fato é uma nostalgia do cineasta e fãs.
Abs.
Amanda: Concordamos muito em relação a este filme Amanda.
ResponderExcluirBjs
Alan: É verdade, mas gostei mais de outros filmes lançados pelod iretor.rsrs
Rodrigo Mendes: Obrigado pelo elogio. Acho que o filme tem problemas em termos de estruturação de roteiro sim Rodrigo,mas não diminui a força da homenagem que Burton desenvolve.
Abs