Simpatic Mike
O novo filme de Steven Soderbergh se pagou no primeiro fim
de semana nos EUA. A última vez que isso aconteceu foi com Onze homens e um
segredo (2001). A fórmula mágica foi colocar uma série de homens pelados na
tela de cinema. Magic Mike, não se engane, é mais um filme independente de
Soderbergh. Que nessa seara já retratou desde a vida amorosa de uma garota de
programa à ascensão de Che Guevara. Magic Mike surgiu das memórias, agora
imortalizadas em celuloide, de Channing Tatum que antes de se descobrir ator já
havia sido stripper. Soderbergh, portanto, contou com o insight do ator para
erigir esse mundo que mistura fetiche, luxúria, carência, sonhos e necessidade
de amadurecimento.
A primeira vez que avistamos Mike ele está pelado e se
levantando da cama que divida com duas mulheres. É uma entrada triunfal para um
personagem pouco triunfante, mas que Channing Tatum, com muito coração e
desenvoltura, vai humanizando ao longo do registro.
Mike não é só stripper. Ele faz polimento de carros e também
trabalha com construção civil, mas percebe-se que seu prazer está vinculado a
tirar a roupa na frente de mulheres. Mas, para todos os efeitos, ele mantém um
sonho: ter a própria empresa de fabricação de móveis personalizados. Mike é um
sonhador e também um cara gente boa, como se diz por aí. Ele apadrinha Adam
(Alex Pettyfer), um jovem de 19 anos que se recusa a assumir responsabilidades
e mergulha de cabeça nesse convidativo mundo de liberdades. A partir da relação
de Mike com Adam e com seu patrão no clube de strip-tease, Dallas (Matthew
McConaughey), Magic Mike tira seu sustento dramático. Mike, com o préstimo da
irmã de Adam (Cody Horn) por quem se interessa romanticamente, percebe
que não crescerá como ser humano naquele ambiente. Não deixa de ser uma
vertente moralista essa que o filme adota, apesar do desfile de glúteos
masculinos e abdomens sarados. Mas é, também, um conflito legítimo o vivido pelo
personagem, o que valida as opções tanto de Mike como dos outros personagens
que gravitam seu universo.
No limiar, Magic Mike é um filme sobre despertar de
consciência, mas os músculos pipocando na tela divergem a atenção do
espectador. O apelo ao público feminino e homossexual também tendem a reforçar
a resistência ao filme que, no limiar, apresenta os mesmos conflitos e soluções
de Ted, filme mais afeito ao gosto do público masculino e que, coincidência
suprema, estreou no mesmo fim de semana de Magic Mike nos EUA. Magic Mike é
menos inteligente do que Ted, mas é muito mais simpático.
Quero conferir muito esse filme. Especialmente porque me parece se tratar de um Steven Soderbergh mais leve, numa trama mais "divertida". Beijos!
ResponderExcluirSua crítica conseguiu ser bem racional em relação a obra. Ao meu ver, Magic Mike é um filme superficial, arquitetado apenas para levantar uns trocados nas bilheterias. No entanto, a atuação de Channing Tatum é esforçada e Matthew McConaughey é a melhore coisa do filme, enquanto Alex Pettyfer traz um personagem inexpressivo e caricato. Ao meu ver, ainda não foi dessa vez que Soderbergh voltou a boa forma.
ResponderExcluirAbração.
Que bom que vc voltou a escrever!
ResponderExcluirKamila: É leve sim e para uns e mais divertido do que para outros, se é que vc me entende Ka... rsrs
ResponderExcluirbjs
Celo:Acho Soderbergh um cineasta incrivelmente regular. Acho que o único filme ruim dele é Solaris. Há, logicamente, filmes menores e pouco satisfatórios. Talvez Magic Mike se enquadre nesse filão.
Abs
Jaqueline: Pois é... rsrs. Voltei! Obrigado pelo apoio e prestígio!
Bjs
O filme realmente dividiu opiniões. A sua, por exemplo, foi uma das únicas positivas que eu li. Enfim, estou pra conferir, claro...
ResponderExcluirAlan: Acho que o filme dividiu opinões por duas razões: má vontade com Soderbergh e má vontade com um bando de homens pelados na tela do cinema... rsrs Mas não que seja um baita filme, é apenas ok!
ResponderExcluirAbs