domingo, 15 de abril de 2012

Cantinho do DVD

Filmes franceses geralmente agradam pela sofisticação e qualidade com que as propostas são desenvolvidas. Não a toa, Crime de amor, destaque desta semana da seção Cantinho do DVD, já tem uma refilmagem americana engatilhada. Passion marcará o retorno de Brian De Palma ao cinema de suspense, seu habitat natural. A fonte não poderia ser melhor, como atesta a crítica que o leitor confere a seguir.

Crítica


Crime de amor (Crime d´amour FRA 2010) é um elaborado exercício de narrativa. Em uma trama costurada com parcimônia por Alain Corneau, o espectador tem acesso a elaboração de um crime tão perfeitamente engendrado que só parece possível em um roteiro de cinema. À primeira vista, a fita trata de uma relação de poder e manipulação entre Christine (Kristin Scott Thomas), a chefe egocêntrica e possessiva, e Isabelle (Ludivine Sagnier), a executiva fiel e pacata. Mas essa impressão rapidamente dará vez a uma intrincada trama policial que joga brilhantemente com certezas e dúvidas. O espectador é instigado por Corneau a adivinhar os movimentos que se darão antes que eles sejam revelados. É um exercício muito saboroso para cinéfilos.
Outra grandeza do filme é nunca explicitar por completo seus personagens. Os arquétipos que ganham forma frente a nossos olhos são mais construções nossas do que algo delineado pela realização. Essa afortunada opção de Corneau o coloca em pleno controle dos rumos do filme e possibilita que surpreenda a platéia mesmo que o desenrolar da trama possa ser pressentido.
Crime de amor é altivo na articulação das ideias e na forma que dá a elas. É um deleite contínuo testemunhar como Corneau bifurca os gêneros cinematográficos com sutileza, sem deixar de ser firme no fluxo narrativo do filme.
É verdade que a reviravolta final, que se dá precisamente na última cena do filme, tira um pouco da força da fita. A consciência que se revela era mais bem adornada como as cenas que precedem o desfecho sugeriam com tensão Hitchcockiana. O poder da sugestão é algo poderoso na narrativa de Crime de amor, maiormente concentrada em uma investigação policial minuciosamente calculada. No entanto, Corneau opta por uma figuração de maior impacto. Ele narrou o crime perfeito, mas se reservou o direito de não fazer o filme perfeito.    

2 comentários:

  1. Como Hollywood está cada vez mais sem criatividade mesmo. Outra refilmagem? rsrsrs.

    Enfim, sobre o original, espero conferir antes da versão do De Palma ser lançado.

    Beijos! ;)

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  2. Pois é Mayara. O que seria da Hollywood de hoje sem as refilmagens não?
    Esse filme já está nas locadoras e também em exibição na tv por assinatura. Vale muito a pena.
    Bjs

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