Filmes franceses geralmente agradam pela sofisticação e qualidade com que as propostas são desenvolvidas. Não a toa, Crime de amor, destaque desta semana da seção Cantinho do DVD, já tem uma refilmagem americana engatilhada. Passion marcará o retorno de Brian De Palma ao cinema de suspense, seu habitat natural. A fonte não poderia ser melhor, como atesta a crítica que o leitor confere a seguir.
Crítica
Crime de amor (Crime d´amour FRA 2010) é um elaborado
exercício de narrativa. Em uma trama costurada com parcimônia por Alain
Corneau, o espectador tem acesso a elaboração de um crime tão perfeitamente
engendrado que só parece possível em um roteiro de cinema. À primeira vista, a
fita trata de uma relação de poder e manipulação entre Christine (Kristin Scott
Thomas), a chefe egocêntrica e possessiva, e Isabelle (Ludivine Sagnier), a
executiva fiel e pacata. Mas essa impressão rapidamente dará vez a uma
intrincada trama policial que joga brilhantemente com certezas e dúvidas. O
espectador é instigado por Corneau a adivinhar os movimentos que se darão antes
que eles sejam revelados. É um exercício muito saboroso para cinéfilos.
Outra grandeza do filme é nunca explicitar por completo seus
personagens. Os arquétipos que ganham forma frente a nossos olhos são mais
construções nossas do que algo delineado pela realização. Essa afortunada opção
de Corneau o coloca em pleno controle dos rumos do filme e possibilita que
surpreenda a platéia mesmo que o desenrolar da trama possa ser pressentido.
Crime de amor é altivo na articulação das ideias e na forma
que dá a elas. É um deleite contínuo testemunhar como Corneau bifurca os
gêneros cinematográficos com sutileza, sem deixar de ser firme no fluxo
narrativo do filme.
É verdade que a reviravolta final, que se dá precisamente na
última cena do filme, tira um pouco da força da fita. A consciência que se
revela era mais bem adornada como as cenas que precedem o desfecho sugeriam com
tensão Hitchcockiana. O poder da sugestão é algo poderoso na narrativa de Crime
de amor, maiormente concentrada em uma investigação policial minuciosamente calculada.
No entanto, Corneau opta por uma figuração de maior impacto. Ele narrou o crime
perfeito, mas se reservou o direito de não fazer o filme perfeito.
Como Hollywood está cada vez mais sem criatividade mesmo. Outra refilmagem? rsrsrs.
ResponderExcluirEnfim, sobre o original, espero conferir antes da versão do De Palma ser lançado.
Beijos! ;)
Pois é Mayara. O que seria da Hollywood de hoje sem as refilmagens não?
ResponderExcluirEsse filme já está nas locadoras e também em exibição na tv por assinatura. Vale muito a pena.
Bjs