quinta-feira, 19 de abril de 2012

Cannes 2012 - Aposta em americanos e em velhos favoritos


Cena de Na estrada, filme do brasileiro Walter Salles que - confirmando expectativas - integra a seleção oficial do festival de Cannes 2012. Outros velhos conhecidos retornam à riviera francesa em uma edição com poucas novidades e muitos nomes cacifados


É notório entre os cinéfilos que o festival de cinema de Cannes, que em 2012 chega a sua 65ª edição, é um clube do bolinha do meio cinematográfico. Principal evento do cinema artístico se promove como plataforma comercial e costuma prestigiar seus entes queridos. Há cineastas que sempre estão em Cannes, seja como membros do júri, na competição oficial ou exibindo filmes em mostras paralelas ou arcos promocionais. O festival desse ano não abrirá mão dessa marca. Tão pouco de outra tendência crescente nos últimos anos. A do predomínio de fitas americanas em competição. Se as premieres mundiais são menos ostentosas do que em outros anos (apenas o terceiro Madagascar, animação da Dreamworks – outra com lugar cativo na riviera francesa), a seleção de produções ou co-produções americanas é de fôlego. São seis filmes americanos na competição oficial que reúne um total de 21. O evento ainda terá como filme de abertura outra fita americana, Moonrise Kingdom, de Wes Anderson.
Um dos destaques da lista é a presença de Na estrada, nova produção internacional de Walter Salles, que entra nessa conta de americanos por ser co-produção daquele país e ter como principal produtor o cineasta Francis Ford Coppola.
Cartaz do segunda longa de
Lee Daniels:
acolhimento  em
Cannes é boa notícia
Outros prestigiados de Cannes voltam à disputa pela Palma de ouro em 2012. David Cronenberg, depois de ficar de fora no ano passado com Um método perigoso, entrou este ano com o antecipado Cosmópolis. O dinamarquês Thomas Vinterberg assume a cota dos egressos do Dogma 95 com The hunt, que marca seu retorno à Cannes, de onde saiu aclamado em 1998 com Festa de família – um dos filmes inaugurais do referido movimento. O veterano cineasta francês Alan Resnais, que costuma figurar nas mostras paralelas de Cannes, volta à disputa principal com Vous n’avez Encore Rien.
O romeno Cristian Mungiu, que triunfou em 2007 com 4 meses, 3 semanas e 2 dias, retorna com Beyond the hills. O russo Sergei Loznitsa, que casou furor em 2010 com o violento Minha felicidade, está na competição com In the fog. O britânico Ken Loach, o iraniano Abbas Kiarostami, o franco alemão Michael Haneke e os sul-coreanos Sangsoo Im e Sangsoo Hong também apresentarão seus novos filmes na disputa pela Palma de ouro. Outro aguardado retorno é o de Jacques Audiard, diretor do intenso e premiado em Cannes O profeta, com De Rouille et D’Os, estrelado pela maior diva francesa da atualidade, Marion Cotillard.
Três americanos causam curiosidade. Lee Daniels, após ir ao Oscar com Preciosa-uma história de esperança, chega a Cannes com seu segundo filme, The paperboy que promove a improvável colaboração entre Nicole Kidman, Zac Efron e Matthew McConaughey. Jeff Nichols, celebrado em 2011 com o independente O abrigo, apresentará The mud seguramente sob fortes expectativas. O neo-zelandês Andrew Dominik apresentará seu terceiro longa-metragem, o segundo em parceria com o ator Brad Pitt. Killing them softly, conhecido anteriormente como Cogan´s trade promete ser para o filme de máfia o que foi O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford para o western.

Michael Haneke, que ganhou a Palma de ouro há três anos pelo excepcional A fita branca, retorna à disputa pela Palma de ouro com Amour. Outros vencedores também estarão na disputa como Ken Loach e Abbas Kiarostami 

Brad Pitt e Richard Jenkins em cena de Killing them softly, do neo-zelandês Andrew Dominik: altas expectativas pela safra americana em Cannes


Outros destaques
A mostra “Um certo olhar” que costuma ostentar cineastas de prestígio destaca alguns projetos interessantes em 2012. O filho de David Cronenberg, Brandon, não acompanhará o pai à Cannes apenas por devoção familiar. Ele exibirá seu primeiro filme Antiviral  e rivalizará com, pelo menos, outros dois prodígios da direção: o canadense Xavier Dolan, cujos últimos dois filmes integraram a principal mostra paralela de Cannes, com Laurence anyways e o mexicano Michel Franco que apresentará seu segundo longa-metragem, Despues de Lucia.
O argentino Pablo Trapero, que em 2010 levou o excelente Abutres à mostra, terá dois filmes em competição. O argentino Elefante Branco e o coletivo Sete dias em havana, o qual assina com outros sete diretores; dentre os quais Benicio Del Toro, Gaspar Noe e Laurent Cantet.
Outros dois vencedores em Cannes terão seus novos trabalhos exibidos fora de competição. Apichatpong Weerasethakul que ganhou a Palma de ouro há dois anos com o tailandês Tio Boonmee, que pode recordar suas vidas passadas, exibirá Mekong hotel e o turco alemão Fatih Akin exibirá Der Mull im Garten Eden. A presença brasileira, além de Walter Salles, fica por conta da exibição de A música segundo Tom Jobim em sessão especial e pela presença de Rodrigo Santoro no filme Hemingway & Gellhorn, dirigido por Philip Kaufman para a HBO.

Clive Owen e Nicole Kidman (ela de novo) em cena de Hemingway & Gellhorn, filme da HBO que terá exibição especial no festival. Não será a primeira vez que um filme feito para a TV terá destaque em Cannes. Há dois anos atrás, Carlos, de Oliver Assayas competiu pela Palma de ouro


Os filmes que compõem a seleção oficial

Moonrise Kingdom, de Wes Anderson (filme de abertura)
De Rouille et D’Os, de Jacques Audiard
Holy Motors, de Leos Carax
Cosmopolis, de David Cronenberg
The Paperboy, de Lee Daniels
Killing Them Softly, de Andrew Dominik
Reality, de Matteo Garrone
Love, de Michael Haneke
Lawless, de John Hillcoat
In Another Country, de Sangsoo Hong
Taste of Money, de Sangsoo Im
Like Someone in Love, de Abba Kiarostami
The Angel’s Share, de Ken Loach
In the Fog, de Sergei Loznitsa
Beyond the Hills, de Christian Mungiu
After the Battle, de Yoursry Nasrallah
Mud, de Jeff Nichols
Vous n’avez Encore Rien Vu, de Alain Resnais
Post Tenebras Lux, de Carlos Reygadas
Na Estrada, de Walter Salles
Paradise: Love, de Ulrich Seidl
The Hunt, de Thomas Vinterberg


4 comentários:

  1. Só de ter On The Road já vale a pena, rs Gostei bastante da seleção deste ano!

    ResponderExcluir
  2. Ótimo cenário do prêmio, Reinaldo, você fez um R-X perfeito, vamos ver o que Cannes nos dá esse ano, já que o passado foi tão polêmico.

    bjs

    ResponderExcluir
  3. Nunca imaginei que, um dia, veria a notícia da presença de Zac Efron, Robert Pattinson e Kristen Stewart. Tomara que os filmes sejam mesmo bons, e não apenas uma tentativa para conseguir maior público!

    ResponderExcluir
  4. Alan Raspante: Eu tb gostei muito da seleção Alan.
    Abs

    Amanda:Obrigado Amanda.E vamos salivando...
    Bjs

    Matheus Pannebecker: rsrs. Bem observado Matheus. Vamos torcer pelo melhor cenário. Para o bem do cinema e para o bem de Cannes.
    Abs

    ResponderExcluir