Nesta edição de Em off, as melhores atuações e o melhor diretor de 2011 pelo leitor; o fantástico mundo de Steven Spielberg; um presente de aniversário para Mel Gibson; o triunfo da Paramount em Hollywood; os “inimigos” de George Clooney no Globo de ouro e os indicados ao Producers Guild Awards (PGA).
A Spielberg o que é de Spielberg...
Janeiro de 2012 é um mês especial para quem é fã de Steven Spielberg. Estreiam nesse mês dois filmes do diretor. O primeiro deles, Cavalo de guerra, que suscita algum Oscar buzz, chega nesta sexta-feira. O outro, As aventuras de Tintim, estréia no dia 20 de janeiro. Uma overdose spielbergiana que não acontecia desde 2002, quando o cineasta lançou Prenda-me se for capaz e Minority Report. Lá se vão dez anos. Mas na excelente entrevista que a revista Entertainment Weekly fez com o diretor na sua derradeira edição de 2011 o escopo é muito maior. A ideia do bate papo, agradabilíssimo para quem lê, é rememorar a obra de Spielberg sob a perspectiva do próprio. “Os filmes que modelaram nossas vidas”, enuncia a chamada de capa.
Na entrevista, Spielberg discorre sobre a conflituada filmagem de Tubarão, os arrependimentos acerca de Contatos imediatos de terceiro grau e o descontentamento que as novas tecnologias lhe aferiram quanto aos resultados de Hook – a volta do capitão gancho.
Spielberg fala ainda sobre quando John Wayne, além de recusar um papel, o desencorajou a fazer uma sátira da guerra em 1941 por achar o roteiro “antipatriótico”, sobre a recusa de Harrison Ford em fazer o papel imortalizado por Sam Neill em Jurassic Park e o telefonema de Billy Wilder pouco antes do início das filmagens de A lista de Schindler.
Outras curiosidades também têm vez na entrevista. O leitor de Claquete não se avexe. Spielberg será tema da próxima sessão Questões cinematográficas e essa entrevista concedida à EW será repercutida.
Ação entre amigos?
Um aspecto curioso chama a atenção nas principais disputas do Globo de ouro 2012. E não é o fato de George Clooney figurar em quase todas elas. É o fato de disputar prêmios diretamente com amigos ou pessoas com quem trabalhou. Na categoria de ator dramático, por exemplo, concorre contra Brad Pitt, notoriamente um de seus melhores amigos, Leonardo DiCaprio, amigo e produtor associado de Tudo pelo poder, e Ryan Gosling, a quem dirigiu em Tudo pelo poder. Na categoria de direção mede forças com Alexander Payne que o dirigiu em Os descendentes, pelo qual concorre como melhor ator. Na briga por melhor roteiro está novamente em oposição a Payne que também concorre como roteirista.
Os melhores pelo público
Como bem sabe o leitor, na última semana de 2011 Claquete listou os melhores filmes, diretores e atuações do ano. O blog promoveu enquetes com os nomes escolhidos nas categorias de direção, ator, atriz, ator coadjuvante e atriz coadjuvante para que o (e) leitor do blog aferisse os vencedores de fato. Eleito o melhor diretor, com uma mão nas costas, foi Darren Aronofsky por seu trabalho em Cisne negro. O cineasta obteve 66% dos votos. O segundo colocado, Pedro Almodóvar angariou 13%.
Natalie Portman, pelo mesmo filme, aplicou outro banho. Foi escolhida a melhor atriz com os mesmos 66%. Juliette Binoche, por Cópia fiel, ficou no segundo lugar com 16%.
O melhor ator escolhido pelos (e) leitores foi Ryan Gosling com 63%. James Franco, por 127 horas, foi o segundo mais bem votado. Entre os coadjuvantes, Kevin Spacey (Margin call & Quero matar meu chefe) e Christian Bale (O vencedor) travaram uma briga de foice, mas o último levou a melhor e cravou 38%. A vitória de Jennifer Aniston (Quero matar meu chefe) foi até certo ponto surpreendente. Com os mesmos 38% ela superou Amy Adams (O vencedor) com 23%.
Jennifer Aniston, que arrasou em Quero matar meu chefe, faz cara de surpresa; Christian Bale não se contentou em ganhar "só" o Oscar e faturou por aqui também; mesma situação da diva Natalie; Já Ryan Gosling agiu com covardia contra seus oponentes ao trazer três atuações magistrais para a disputa
Centenária de vigor
A Paramount Pictures, um dos mais longevos e poderosos estúdios de Hollywood, completará 100 anos de existência em 2012. E o feito deve ser comemorado. Depois de cinco anos de total domínio da Warner Brothers, com as franchises de Harry Potter e Batman, a Paramount anunciou que fechou 2011 como o estúdio mais lucrativo de Hollywood. Foram U$ 5.170 bilhões de dólares arrecadados. A façanha ganha ainda mais dimensão por ter sido realizada não só às vésperas do centenário, como no ano em que a Warner encerrou a franquia de maior sucesso da história do cinema (Harry Potter). O desafio da Paramount que entrou em 2012 com o filme mais visto no mundo (Missão impossível – protocolo fantasma) é não deixar a peteca cair justamente no ano em que completa 100 anos.
Saíram os indicados ao Producers Guild Awards
The artist, Missão madrinha de casamento, Os descendentes, A invenção de Hugo Cabret, Os homens que não amavam as mulheres, Histórias cruzadas, Meia noite em Paris,Tudo pelo poder, O homem que mudou o jogo e Cavalo de guerra são os dez concorrentes ao prêmio do sindicato dos produtores. O PGA é um confiável barômetro do Oscar, mas nos últimos anos dois ou três filmes incluídos aqui acabam de fora do Oscar. Tendência que deve ser mantida com as novas regras da academia para a categoria de melhor filme. Algumas ausências (Tão forte e tão perto, A árvore da vida, Drive e Harry Potter e as relíquias da morte – parte II) clareiam a disputa e duas inclusões (Tudo pelo poder e Os homens que não amavam as mulheres) colocam mais lenha na fogueira pelas últimas vagas na categoria de melhor filme.
Mais sobre as escolhas do PGA e a influência que deve exercer na temporada nesta quarta-feira (4) no blog.
Precisando de mel
Que Mel Gibson, que completa 56 anos neste dia 3 de janeiro, não vive sua melhor fase já é sabido. Depois de perder cerca de U$ 500 milhões na finalização do divórcio de sua primeira mulher em um processo concluído pouco depois da resolução do acordo com a última mulher em que também perdeu dinheiro, pode-se dizer que Gibson não está em um lugar feliz nesse momento em que sopra velinhas. Para iluminar um pouco a aura do ator, diretor, roteirista, produtor e polesmita, Claquete resolveu declinar – a título de presente de aniversário – as cinco melhores atuações de Gibson.
Como Martin Riggs na franquia Máquina mortífera (quatro filmes entre 1987 e 1998)
Não seria exagero dizer que Mel Gibson deu o tom para a representação de heróis de ação que não apresentem o corpanzil de um Sylvester Stallone ou Arnold Schwarzenegger da vida. Como o ensandecido Riggs, além de desenvolver ótima química com Danny Glover, Gibson provou ser capaz de acrescer relevo dramático a um frágil arquétipo hollywoodiano.
Como William Wallace em Coração Valente (1995)
Talvez este ainda seja o maior triunfo artístico de Gibson. Na pele do revolucionário escocês, o ator surpreende com uma interpretação bem calibrada e que dá o tom do épico vencedor de cinco Oscars.
Como Porter em O troco (1998)
O guilty pleasure por excelência. Mel Gibson nunca esteve mais cínico e debochado em cena. Tirando onda de sua persona no cinema como um “fora da lei do bem” nesse divertidíssimo filme do roteirista de Sobre meninos e lobos.
Gibson em cena do filme que ainda resiste como a maior bilheteria de sua carreira como ator: ele não é mais o que as mulheres querem...
Como Nick Marshall em Do que as mulheres gostam (2000)
Gibson em estado de graça naquela que permanece como a melhor comédia sobre as diferenças entre homens e mulheres. O ator faz números musicais, convence como cafajeste e convence ainda mais como cafajeste regenerado. Atuação menosprezada à sua época.
Como Walter Black em Um novo despertar (2011)
Outra performance devastadora que deve passar ao largo das premiações. Em muito por ser Gibson a materialização de persona non grata em Hollywood. No papel de um homem mergulhado em depressão, Gibson adentra todas as camadas do personagem com sobriedade e equilíbrio, evitando a caricatura.
Férias breves
Em virtude do especial Oscar Watch, a seção Cantinho do DVD, publicada todos os sábados, entrará de férias e retornará em março.
Steven Spielberg vem com tudo mesmo, tomara que não nos decepcione. Ótima sessão, Reinaldo. É sempre bom ler o Em off.
ResponderExcluirbjs
Eu estou ansiosa para a estreia dos dois filmes de Spielberg. Ele é sempre um dos meus diretores favoritos.
ResponderExcluirGosto do Mel Gibson e lamento que ele tenha deixado os escândalos pessoais invadirem uma carreira que já foi primorosa.
Em relação aos indicados ao PGA: surpreendente a presença de "Bridesmaids", a ausência de "The Tree of Life". Acho que a indicação aqui também não ajuda muito nas pretensões de "The Girl with the Dragon Tattoo".
Beijos!
Sabe, agora que percebi que eu não vi os maiores e melhores filmes do Spielberg. Vou atrás de consertar isso!
ResponderExcluirE outro que eu também nunca procurei "saber mais": Mel Gibson...
Grande off/ON estava aguardando esta coluna, adoro!
ResponderExcluirO ano em que Spielberg estará em dose dupla. Sem dúvida vale uma conferida e começo a fazer isso amanhã.
Como eu gostava de Gibson na fase Máquina Mortífera, rs!
Abs.
Amanda: Obrigado Amanda. Fico muito feliz que a seção Em off tenha um feedback tão positivo de vcs.
ResponderExcluirOlha, "Cavalo de guerra" é um senhor filme. Um Spielberg legítimo que busca diálogo com os clássicos. Coisa de luxo.
Bjs
Kamila: Não sei não Ka, acho que Os homens que não amavam as mulheres vai mais longe do que aparenta... ( o que não quer dizer que ganhe nada)
Bjs
Alan:Seu Alan, seu Alan... É Spielberg pô!
E Mel Gibson rules in action!
Abs
Rodrigo Mendes: Pois é, lá no abre da matéria esqueci que em 2005 tb tivemos dose dupla dele com "Guerra dos mundos" e "Munique".
E Máquina mortífera é muuuuito bom!
Abs