sábado, 2 de fevereiro de 2013

Crítica - Paris-Manhattan


Doce, mas sem sal

Existem ideias tão boas que acabam gerando um produto ruim. É mais ou menos o que acontece com Paris-Manhattan (França 2011). Não que o filme da diretora Sophie Lellouche seja ruim. Não o é. É uma comédia romântica bem feitinha, curtinha e com o bônus de ter Woody Allen como seu centro gravitacional. Literal e figurativamente. Eis aí, o céu e o inferno do filme.
Se por um lado é genial colocar a protagonista do filme, vivida com graça e candura por Alicia Taglioni, como uma mulher hesitante em assumir sua faceta mais moderna ou mais tradicional e que é absolutamente fanática por Woody Allen, a ponto de ouvi-lo em seu quarto e filosofar com um retrato de Allen que mantém em sua parede, por outro a execução dessa ideia é demasiadamente pobre. A impressão que se tem é que o roteiro não foi desenvolvido e sim que o argumento foi esticado. Allen, espirituoso, aparece no filme – além de emprestar sua voz ele surge em uma ponta no final – mas não consegue disfarçar a pouca criatividade de Lellouche, ela mesma uma fã de Allen, na tratativa de sua história.
Feitos um para o outros: os diferentes se atraem...
Alicia, farmacêutica, em busca de um marido mais por pressão do pai – judeu em fase de desortoxização – do que por si mesma, tem o hábito de receitar filmes a seus clientes ao invés de remédios. É uma personagem que converge muito bem o que tem de encantadora com o que tem de irritante. É essa característica certamente que atrai Victor (Patric Bruel), um vendedor de alarmes que nunca viu um filme de Woody Allen na vida.
Allen, no fundo, serve como bússola informal para o desabrochar dessa crônica amorosa parisiense. Tudo muito doce; mas em face de suas potencialidades, muito sem sal...

3 comentários:

  1. É isso, parece que existem dois filmes, o do argumento com Woody Allen a tira-colo que poderia ser ótimo, e a comédia romântica tradicional. Falar criatividade e desenvolvimento da primeira questão, então, acaba se misturando com a trama da comédia romântica, do caso do cunhado, da questão dos pais e claro, da falta de relacionamentos dela. Então tudo se perde e fica bem morno. Uma pena.

    bjs

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  2. É um bom começo, afinal é o primeiro filme da diretora. Original e ainda conseguiu a participação de W. Allen. O que será que ele achou do filme?
    Wilma

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