10 – A Tóquio de Abbas Kiarostami
O olhar estrangeiro faz maravilhas por cenários urbanos
pós-modernos como Tóquio. Desde que Sofia Coppola ajudou a tornar a capital
japonesa cult no ocidente com Encontros e desencontros, a cidade não era
capturada de maneira tão apaixonada e minimalista. Kiarostami fez de Tóquio um
estado de espírito em Um alguém apaixonado.
9 – Descobrindo Georges Méliès
A grande atração de A invenção de Hugo Cabret, outra carta
magna cinematográfica de Scorsese, é iluminar a figura de um dos pais do
cinema. O mágico francês que ajudou a ficcionalizar a nascente sétima arte é o
principal cerne do filme vencedor de cinco Oscars neste ano. O momento em que,
com o préstimo do 3D, a obra de Méliès é reproduzida em frente a nossos olhos,
a cinefilia ganha novo sentido.
8 – E agora?
Se houve um filme poderoso em 2012, esse filme foi A
separação. A fita iraniana sufoca o espectador com inteligência e foco
narrativo, em uma demonstração de força do cinema daquele país. A última cena,
em que o casal que enfrenta um intrincado e muito complexo processo de
divórcio, espera a decisão sobre com quem ficará a filha – sonegada para o
público em vã objetividade – é das coisas mais emocionais e inquietantes surgidas
no cinema em 2012.
7 – Fim do mundo... apaixonados!
Em uma época em que muito se fala sobre o fim do mundo, um
filme teve a ousadia de especular sobre o comportamento humano em face do
apocalipse. E enxergou no amor, a mais perene e sofisticada criação da
humanidade, o remédio para a agonia provocada pela iminência do fim. A última
cena de Procura-se um amigo para o fim do mundo é, nesse sentido, de uma força
absurda. Os desamparados, em toda a sua existência, personagens de Keira
Knightley e Steve Carell, enfim, encontraram paz um no outro.
6 – Vingadores reunidos
Por muito tempo se esperou para que o supergrupo da Marvel
se reunisse no cinema. Em termos efetivos, no entanto, a espera começou ao fim
de Homem de ferro (2008). Em 2012, eles finalmente estiveram juntos em Os
vingadores e foi impossível não vibrar com o apelo cinematográfico dessa
reunião de super-heróis ensejada por uma constelação de astros igualmente
impressionante.
5 – O exame de próstata
Só em um filme de David Cronenberg para um procedimento tão
indesejado e algo asséptico soar sexy. Em Cosmópolis, o personagem de Robert
Pattinson, submetido a um exame de próstata em sua limusine enquanto fala
sobre pandemia econômica com uma assessora, experimenta elevações de tesão.
Assim como sua assessora. Apenas Cronenberg poderia fazer a combinação economia
e exame de próstata ser tão erótica...
4 – Precisamos falar sobre esse filme
Precisamos falar sobre o Kevin é um trator emocional na
maneira como não facilita respostas às muitas perguntas que enseja no
espectador. Depois de seu apoteótico, e ainda assim simplista, final, o filme
de Lynne Ramsey joga o espectador contra a parede sufocado em seus
questionamentos existenciais.
3 – Deixando o céu cair
As aberturas de 007 são sempre, por elas mesmas,
acontecimentos. Mas Operação Skyfall certamente é um dos picos da série. Tanto
o filme, como comprovam a bilheteria e as críticas, como a abertura. A música
interpretada por Adele, "Let the sky fall", beira o sublime no adorno que faz da angústia
do personagem e casa perfeitamente com a abertura mais filosófica da história de
Bond.
2 – A dor de Brandon
Existe um momento no excepcional Shame, que é possível para
o espectador dimensionar a angústia diária de Brandon, personagem viciado em sexo
vivido por Michael Fassbender. É quando ele, no auge de uma noite em que se
esgueirou em todo tipo de lugar em busca de sexo, ao atingir o orgasmo revela
uma face de profunda tristeza. Um momento doce, doloroso e surpreendente que
marcará a lembrança deste filme e, também, do ano de 2012.
1 - O silêncio e a música em O artista
Nos dias de hoje, dá para se dizer que poucos tiveram o
privilégio de ver um filme mudo no cinema. O artista, em sua ode à gênese da
indústria cinematográfica americana, recupera o valor dessa experiência. E o
faz com o auxílio da música. Uma experiência saudosista com ar de inovação. O
retorno ao simples ditou o sucesso do grande vencedor do Oscar 2012 e cativou
plateias do mundo todo.
Ótimos destaques, Reinaldo.
ResponderExcluirE além de Hugo, esse ano ainda tive o prazer de ver Viagem à Lua de Georges Méliès no cinema, foi no Panorama aqui em Salvador. Mágico.
bjs
Gostei muito do apanhado, Reinaldo, só discordo com as "colocações", se é que você quis imprimir algum "grau de importância decrescente", não sei rs.
ResponderExcluirConcordo e muito que "A Separação" é um não, é O filme mais poderoso de 2012. Me arrepio só de lembrar. Dos destaques, ainda não conferi o novo Kiarostami e não sou muito fã de "Cosmópolis", muito menos de "Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo", portanto não os listaria. Em seu lugar, sei lá, colocaria Pina e Drive, que provocaram muito mais sensações hehe... mas tratando-se de uma lista pessoal, de boa =)
Abs!