Oscar Watch 2013 - O lado bom de Cooper

“Eu fiquei impressionado com ele em Penetras bons de bico (2005)”, diz o cineasta David O. Russell em entrevista à revista inglesa Total Film sobre o processo de casting de Bradley Cooper para O lado bom da vida. “Ele tinha tanta raiva e era capaz de expressá-la com tamanha intensidade...”, pondera Russell. Para quem não se lembra, afinal em 2005 Bradley Cooper já transitava por blockbusters hollywoodianos, mas ainda sem a pecha de astro, no filme que foi a grande sensação daquela temporada pipoca, ele fazia o noivo da personagem de Rachel McAdams que é seduzida pelo personagem de Owen Wilson no curso do filme. David O. Russell precisava daquela energia de um homem que percebe tudo o quer da vida escapando pelos dedos. A princípio Russell tinha em mente Mark Wahlberg para viver Pat, o homem com distúrbio bipolar que surta depois de ver sua mulher na cama com outro que é o principal eixo de O lado bom da vida, mas o ator que estabeleceu parceria com Russell em Três reis (1999) e O vencedor (2010) não chegou a um acordo com a Weinstein Company, estúdio por trás da produção. Foi então que Russell pensou em Penetras bons de bico. Nem mesmo Bradley Cooper pensava que aquela participação relativamente pequena e pouco lembrada depois do estouro de Se beber, não case (2009) podia ser uma credencial para um trabalho que agora lhe coloca na rota do Oscar.

“Estou muito feliz pelo reconhecimento que o filme e minha performance vêm obtendo nessa temporada. Foi um trabalho muito difícil e que sei que tem o potencial de mudar a percepção que as pessoas tem do meu trabalho como ator”, disse Cooper em entrevista ao New York Times.

Cooper ao lado de Rachel McAdams em Penetras bons de bico: quem diria...

Apontado pelo National Board of Review como o melhor ator de 2012, Cooper também foi indicado ao Globo de ouro de melhor ator em comédia e musical, categoria na qual é favorito. O ator agora tem pela frente o desafio de vencer possíveis preconceitos para conquistar sua primeira indicação ao Oscar. Atores muitos mais prestigiados como Denzel Washington, Daniel Day Lewis, Richard Gere e John Hawkes estão no páreo e todos com performances dramáticas. Cooper, no entanto, ressalta que uma das belezas do texto de O lado bom da vida é justamente a condensação do drama na comédia e vice versa “Foi Sidney Pollack quem me apresentou o livro e disse que seria difícil fazer um filme daquela peculiar narrativa, mas que eu seria a pessoa certa para tentar”,afirmou David O. Russell à Total Film.
A comédia não costuma vingar no Oscar, mas quando vinga é em grande estilo. Bradley Cooper espera que O lado bom da vida domine esse timing. Prestes a voltar ao universo do blockbuster Se beber, não case e engatilhando propostas em dramas independentes como The place beyond the pines, novo filme do diretor de Namorados para sempre, e Serena, novo filme da dinamarquesa Susanne Bier, Cooper espera finalmente mostrar seus predicados artísticos a quem deseja ver além da estampa de bonitão e funny man. O convite para o Oscar no meio do caminho deixará tudo mais aprazível.