Com cheiro de monstro sagrado...
Existem atores que não dizem logo a que vieram. Geralmente não se fala muito desses atores. Especialmente quando ainda são jovens e tem um longo caminho pela frente a trilhar. Ryan Gosling, nascido no inverno de 1980 de Ontário, cidadezinha canadense, é um desses casos. Gosling vive um 2011 acima de qualquer suspeita que provoca empatia imediata em crítica e público. Com três filmes exacerbantes em elogios, muitos deles em virtude de sua presença, o ator parece deixar para trás o rótulo de promessa.
Os 30 anos de idade (completará 31 em novembro próximo) acusam alguma experiência quando Ryan Gosling surge como o romântico desiludido de Namorados para sempre (2010), mas ainda servem ao papel de idealista descobrindo o mundo – e sua sordidez – em Tudo pelo poder (2011), filme que muitos creem pode render ao ator sua segunda indicação ao Oscar.
Gosling em cena de Tudo pelo poder, prometido para dezembro nos cinemas brasileiros: performance elogiada
A primeira vez que Ryan Gosling foi convidado para a maior festa do cinema foi no ano de 2007. Aos 26 anos poderia ter se tornado o ator mais jovem a ter conquistado uma estatueta na categoria principal de atuação pelo professor viciado de Half Nelson (2006). Um trabalho pungente e cheio de fúria em uma fita independente que sacramentaria o gosto de Gosling por essa linha de trabalho. Naquele ano o Oscar foi para Forest Whitaker por O último rei da Escócia, mas quem ficou no radar da indústria foi Gosling. “What about that guy from Half Nelson?”, perguntavam articulistas empolgados com a ascensão de um novo ator a la Robert De Niro em matéria de entrega e capacidade de transmutação em um papel.
Mas a verdade é que Gosling já havia chamado atenção antes. No independente audacioso Tolerância zero (2001), o ator vivia um judeu com forte identificação com os ideais nazistas. Uma complexidade muito bem encorpada e nivelada pela atuação de Gosling que um ano antes – em seu primeiro papel no cinema – tinha sido um dos comandados de Denzel Washington no filme Disney Duelo de titãs – sobre um time de futebol americano escolar as voltas com o racismo.
E foi a Disney a casa de Gosling por muito tempo. Assim como Justin Timberlake, Britney Spears e outros, o ator também integrou o clube do Mickey Mouse.
Em 2002 estrelou o que se pode chamar de seu primeiro filme no mainstream hollywoodiano. Ao lado de Michael Pitt foi um dos psicopatas caçados por Sandra Bullock em Cálculo mortal. A participação no filme lhe rendeu um namoro com a miss simpatia que duraria dois anos.
Contudo, é seguro dizer que foi o romance água com açúcar Diário de uma paixão que colocou Ryan Gosling no mapa. Pelo menos do público em geral. A história de amor que viveu com Rachel McAdams no filme de Nick Cassavetes é considerada por muitos a melhor e mais contagiante dos últimos 20 anos no cinema.
Ryan, ainda com cara de garoto, enamorado de Sandra Bullock...
... e tascando um beijaço em Rachel McAdams no MTV Movie Awards de 2005. Ele e Rachel também namoraram por um breve período após as gravações de Diário de uma paixão
Vieram outros filmes, como o inteligente thriller Um crime de mestre (2007) em que faz um advogado arrogante e ambicioso antagonizando Anthony Hopkins; o singelo e edificante A garota ideal (2007), em que prova ser capaz de segurar dramaticamente um filme ao viver um personagem que se apaixona por uma boneca inflável; e Drive (2011), em que acentua aquelas comparações com De Niro ao viver um personagem muito parecido com o que De Niro viveu em Taxi driver, em um filme que não faz questão de esconder ser influenciado pela fita de Scorsese.
2011 parece mesmo ser o ano da virada para Ryan Gosling. Com uma segunda indicação ao Oscar à vista, o ator, que já coleciona duas indicações ao Globo de ouro, duas ao SAG e outras duas para o Independent Spirit Awards, se experimentou como galã e provou ter ótimo timing cômico em Amor a toda prova, uma das delícias cinematográficas desse ano.
Gosling podia não ser dos mais eloquentes em sua gênese como ator, mas inegavelmente aprofundou-se em seu ofício com gana, obstinação e um tremendo talento. Ainda há muito por fazer e conquistar. Gosling está só esquentando.
Muito legal a matéria Reynaldo ;).
ResponderExcluirMe lembro que, quando Ryan Gosling surgiu, ele era comparado à Edward Norton. Acho que, no final, ele acabou seguindo um caminho muito mais diverso que o Edward, especialmente em termos de carreira. É um ator que encontrou diversidade de personagens, trabalha com diretores de qualidade (jovens e mais velhos) e que se mantém sempre em evidência. Tão jovem e tão respeitado. Isso é notável. Adoro Ryan!
ResponderExcluirBelo destaque. "A garota ideal" é mesmo o trabalho dele que mais me sensibilizou.
ResponderExcluirbjs
Carolina Pera:Obrigado Carol.
ResponderExcluirBjs
Kamila: Edward Norton é ótimo ator, mas acho que Gosling é melhor. E acho que com o tempo isso vai ficar mais claro...
bjs
Amanda: Obrigado Amanda.
bjs
Que ator! Já devia ter mais duas indicações ao Oscar -- por A GAROTA IDEAL e pela melhor performance de 2010, no igualmente soberbo NAMORADOS PARA SEMPRE. Que esse talento continue por muitos anos. Um fenômeno.
ResponderExcluirMateus Denardin: Concordo contigo quanto a fenômeno Ryan Gosling, mas não o indicaria por A garota ideal não.
ResponderExcluirAbs