Lars Von Trier está de volta aos cinemas com a segunda parte
de seu Ninfomaníaca. A oportunidade enseja uma análise mais vertical da obra do
cineasta e dos elementos fundamentais de sua filmografia. O TOP 10 do mês
observa as dez principais características do cinema do diretor dinamarquês.
10 - Cronologia temática
Lars Von Trier costuma pensar sua obra em trilogias. As
trilogias da Europa, da América (ainda incompleta), do coração de ouro e da
depressão compõem um painel que rima abstração com concretude na construção
fílmica de um dos cineastas mais autorais da contemporaneidade.
9- Estilização
Um filme de Lars Von Trier parece um filme de Lars Von
Trier. Desde o enquadramento desajustado até o ritmo lento, seus filmes têm
fôlego próprio. Seus últimos trabalhos têm chamado ainda mais atenção por uma
tarimba visual ainda mais peculiar.
8 – Capítulos
Outro aspecto comum em sua filmografia é a divisão do filme em capítulos. Em
Ninfomaníaca ele radicaliza ainda mais essa característica
levando para as telas oito capítulos. Essa opção reforça sua afinidade com a
lógica das óperas tão ressaltada em seus últimos trabalhos.
7- Stellan Skarsgärd
Não há ator com quem Von Trier tenha trabalhado mais.
Presente na maioria dos filmes de Von Trier, dos últimos seis só não esteve em
AntiCristo, o ator sueco é um parceiro capaz de assumir as funções mais
variadas nos delírios narrativos do cineasta mais polarizador da atualidade.
6 - Opulência narrativa
Von Trier não alivia. Seus filmes são frequentemente
classificados como pesados. E o são, de fato. Von Trier mitiga seu espectador
com dramatizações pujantes e um humor perverso, mas raríssimo. Opções estéticas
diversas contribuem para o sentimento de estafa que se estabelece de quando em
quando.
5 - Psicologização
Von Trier não esconde sua admiração pela psicologia e
ostenta seu conhecimento, por vezes inesperadamente trôpego, em toda e qualquer
oportunidade de “psicologizar” os conflitos intrínsecos ao filme e aos personagens.
O choque como autopromoção é uma de suas assinaturas |
4 - Protagonistas femininas
O acusam de ser misógino, mas fato é que o cinema de Von
Trier se debruça sobre o feminino. Ele já disse que escreve sobre si e
feminiliza suas angústias na tela. De qualquer modo, ainda que sofredoras
extremas, suas personagens femininas ostentam força indelével no cinema
moderno.
3 – Sexo
De alguma maneira, Von Trier sempre circundou o sexo como
interesse temático em seu cinema. Ninfomaníaca apenas tonifica um tópico
contumaz na filmografia do cineasta. Filmes como Os idiotas, Ondas do destino, Dogville e AntiCristo de alguma maneira, já se ocupavam da questão.
2 – Culpa
Um diversionamento do sexo, em algum aspecto, mas também um
conceito absoluto em si. A culpa é uma das forças motrizes do cinema de
Von Trier. Seja de um personagem, como em AntiCristo ou Dançando no escuro, ou
seja um traço coletivo como em Dogville ou Melancolia.
1-Reverberação filosófica
Como atestam as posições anteriores desta lista, Von Trier é
chegado em um café filosófico. Em Ninfomaníaca este interesse é mais
vívido do que qualquer outra interjeição mais gráfica sobre sexo. Von Trier
filosofa em seus filmes como se o amanhã dependesse disso.
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