segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Retrospectiva 2013 - Cenas de cinema: gente

Ele é o cara!

Impossível ter passado 2013 sem se deparar com ele. Ou ao menos com seu extravagante nome. Principalmente se você for leitor relativamente assíduo de Claquete. Benedict Cumberbatch foi o supra-sumo do ano em todas as variantes possíveis. Foi o protagonista do filme mais alvissareiro (O quinto poder), o vilão mais carismático do filme mais nerd disponível (Além da escuridão: Star Trek) e ainda figura no elenco de dois dos mais bem cotados filmes para o Oscar 2014 (Álbum de família e 12 years a slave).
Como se isso tudo já não fosse razão o suficiente, Cumberbatch incita a dúvida. Como ser tão bom ator sendo tão cool como ele é?

Mais um ano de Brangelina!
Já é meio que uma tradição aqui de fim de ano em Claquete. Uma geral no ano do casal vinte da Hollywood atual e 2013, bem, foi um ano afeito às retrospectivas de qualquer sorte. Primeiro, por Angelina que resolveu fazer uma mastectomia preventiva para evitar que pudesse vir a ter câncer de mama no futuro. Sua atitude, e seu posicionamento público em artigo do The New York Times, repercutiram globalmente. Houve, também, o anúncio de que depois de oito anos juntos, Pitt e Angelina vão formalizar a união com uma cerimônia de casamento a ser realizada preferencialmente na Europa. Acordos pré-nupciais, por insistência dele, já foram assinados. No cinema, Pitt provou força como produtor, e fôlego como promotor de eventos, com o lançamento de Guerra mundial Z, o blockbuster do ano, e Angelina anunciou seu novo projeto na direção, que terá roteiro dos irmãos Coen. Angelina, em novembro, ganhou um Oscar humanitário. Enfim, mais um ano de Brangelina devidamente registrado.

Brad e angelina: just checking...

Um casal quase perfeito
Eles não têm a sutileza ou a sofisticação de brandgelina, mas Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger se assumiram de vez como um casal. Nas telas, é bom que se diga. Stallone, há algum tempo, vinha recorrendo ao passado para garantir o presente no cinema, e a série Os mercenários é o maior exemplo disso, mas a parceria com Schwarzenegger é, para todos os efeitos, mais estratégica e simbólica. “Eu o odiava nos anos 80”, admitiu Stallone em entrevista de divulgação o filme Rota de fuga, em que estrelam juntos e teve lançamento mundial pouco visto. O hype pode ter esfriado, mas esse é um casal que sabe como esquentar a relação. Em 2014, tem mais mercenários!

Simplesmente Emma!

Se tem alguém que sai de 2013 mais cool do que entrou esse alguém é Emma Watson. Riu de si mesma em É o fim,a comédia mais descolada e nonsense da temporada e falou sério, mas sem perder a pose, em The bling ring – a gangue de Hollywood. Harry Potter está definidamente para trás.

O incrível 2013 de Ben!
O ano começou promissor para Ben Affleck. Argo estava na crista da onda e na dianteira da temporada de premiações, mas aí Affleck ficou de fora da lista dos indicados à direção no Oscar e o idílio parecia que ia acabar. Não foi o caso. Argo foi dobrando convicções e escritas e sagrou-se o melhor filme do ano. O Oscar de melhor filme e o prestígio junto a público e crítica, no entanto, não resguardaram Affleck de um dos momentos mais polêmicos do show business no ano. A escolha do ator para viver o Batman na sequência do filme O homem de aço. A opção pelo ator foi contestada em redes sociais e fãs mais desesperados pediram intervenção até mesmo de Obama. Affleck soube lidar muito bem com a situação e assumiu, conscientemente, um desafio que pode livrá-lo de uma vez por todas da má fama angariada como ator de poucos predicados. O ano termina com um sabor tão ou mais especial do que começou.

Affleck no programa de Jimmy Fallon: maturidade para administrar a pressão

Tudo Jen com as Jens
Jennifer Lawrence, Jennifer Lawrence e Jennifer Lawrence. A sensação é de que o tempo parou e só se falou em Jennifer Lawrence, que surge novamente cotada para uma indicação ao Oscar – agora como coadjuvante por Trapaça. Oscar conquistado por O lado bom da vida, bilheterias dominadas com a segunda parte da franquia Jogos vorazes e todo aquele charme Law a desfilar por cá e lá ofuscando as demais Jennifers do planeta Hollywood. Aniston bem que tentou aparecer. Fez strip no filme A família do bagulho, marcou casamento (com Justin Theroux), adiou casamento (com Justin Theroux, ora bolas), mas não se impôs à dinastia Law que ruma para um terceiro ano de muitas capas de revistas e declarações irreverentes. 

Jennifer Lawrence em evento promocional do segundo Jogos Vorazes: ela nem precisaria do decote para aparecer, mas...

O tom certo

Nem Tom Hanks, nem Tom Cruise. O tom do ano é inglês, mais charmoso do que a dupla de citados mais famosa e daqueles atores que dá gosto ver crescer. Em 2013, Tom Hiddleston estrelou dois filmes. Thor – o mundo sombrio, em que novamente rouba todas as cenas possíveis e inimagináveis, e Only lovers left alive, o filme de vampiros de Jim Jarmusch. Nos cinemas brasileiros, estreou ainda o pouco visto Amor profundo, em que dá mais um show. Intérprete absoluto, generoso e cheio ambição criativa, Hiddleston vai construindo uma carreira a qual daqui não se vê limites.

Francowholic
Talvez ninguém tenha trabalhado mais em 2013 do que James Franco. Pelo menos no mundinho de Hollywood. O ator de 35 anos lançou programa de arte na TV, escreveu livro, estrelou nove filmes, dirigiu dois, roteirizou e produziu outros três e lançou a maioria nos prestigiados festivais de Sundance, Berlim, Cannes, Veneza e Toronto. Como se isso não fosse suficiente, tem 12 filmes programados para 2014. Muitos dos quais filmados também em 2013. Como ele consegue é a pergunta que não quer calar.

Astros contra o tempo
Afora Brad Pitt e Tom Hanks, 2013 não foi generoso com os astros de primeira grandeza. Mas foi pior com Will Smith. Ele fez um filme para discutir a relação com seu filho crente que manteria o status de homem de U$ 100 milhões nas bilheterias, mas Depois da Terra foi um fracasso homérico. A coisa só não ficou tão feia graças às bilheterias internacionais. Esse solavanco ocorre depois de Will ter ficado cinco anos sem dar as caras nas telas de cinema em um filme que não fosse de franquia (nesse meio tempo só apareceu em MIB 3). A tentativa de viabilizar seu filho Jaden, desprovido do carisma do pai, como seu sucessor talvez mereça mais tempo de maturação. Enquanto isso, Will Smith dá pistas de que pode rever sua posição e entrar para o elenco das sequências de Independency Day. Amigo de Smith, Cruise é outro que não guarda boas lembranças do ano. Além de constantemente precisar se explicar sobre o divórcio de Katie Holmes e a cientologia, Cruise não consegue mais produzir sucessos como outrora. Na defensiva, o astro planejou um retorno à ficção científica com Oblivion e uma nova franquia com Jack Reacher. Nenhum dos dois deu muito certo em termos comerciais, apesar de serem bons filmes. Smith e Cruise, mais do que nunca, correm contra o tempo para manter a relevância.   

Apertem os cintos, Almodóvar sumiu!
Cite um dos piores filmes do ano. Ok! Agora em pense em outro. Em mais um. Certamente, você já pensou em Amantes passageiros. Um dos mais bizarros, incautos e desorientadores filmes de 2013. Sem contar que é ruim para chuchu, como se dizia antigamente. O grande ponto é que é um legítimo Almodóvar. E um Almodóvar de volta à comédia, como tanto se alardeou. Não é bem uma sátira, não é bem uma comédia histérica, não é um filme pornográfico e não é, exatamente, uma comédia sem freios. É mais sem freios do que comédia. Enfim, se há um cineasta, daqueles imortais, que sai arranhado de 2013, esse cineasta é Almodóvar.

Garras sempre afiadas
Hugh Jackman teve um ano intenso. Foi indicado pela primeira vez ao Oscar de melhor ator por sua incrível e emocional perfomance em Os miseráveis, voltou a viver o mutante Wolverine em um filme que convenceu, e rendeu, produziu um dos filmes mais bacanas do ano (Os suspeitos), descobriu ser vítima de um tipo de câncer de pele, não se abateu, começou o tratamento, se declarou para a esposa por tê-lo convencido a fazer os exames que detectaram a doença e ainda fez campanha para que homens não sejam turrões de não ouvirem suas esposas. Tem como não amar?



Caça e caçador

Mads Mikkelsen. Conhece? Não houve ator tão visceral e tão diverso, em mídias e camadas, como o dinamarquês. Além de reviver, com a responsabilidade de desviar da sombra de Anthony Hopkins, o famoso serial killer Hannibal Lecter na TV, Mikkelsen esteve no aclamado A caça, em que apresenta uma atuação não menos do que magistral em toda a sutileza e contenção possíveis, e ainda esteve em Michael Kohlhaas, um épico europeu que o levou ao festival de Cannes novamente. Se em A caça ele era a presa em um comentário pessimista do realizador Thomas Vinterberg, em Hannibal, ele consegue o improvável e reinventa o personagem como um caçador sofisticado e muito mais ameaçador do que o encarnado por Hopkins. Que tal para um reles vilão de Bond? 


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