James Gandolfini encara o papel mais frágil de sua carreira em um filme que discute a busca pelo amor na maturidade. Os relacionamentos amorosos são destaque nas principais estreias nos cinemas brasileiros nesta semana
Entre as muitas e boas estreias programadas para esta
sexta-feira (6) nos cinemas brasileiros, três produções merecem atenção. Em
parte pela qualidade que ostentam individualmente e em parte pelo recorte que,
combinadas, favorecem aos relacionamentos amorosos.
Como não perder essa mulher, Azul é a cor mais quente e À
procura do amor, em um primeiro olhar, guardam pouco em comum. Mais boa
vontade na análise, no entanto, revela que são filmes, cada qual a sua maneira,
que falam do amor e da complexa e desorientadora busca por ele.
No filme vencedor da Palma de Ouro em 2013, o francês Azul é
a cor mais quente, a ideia é mostrar o oxigênio da juventude na especulação do
amor. Na descoberta da sexualidade e as divergências que se impõem nesse
universo tão rico e incompreendido.
Sexo também ronda, de uma maneira aparentemente mais
lasciva, mas menos gráfica, Como não perder essa mulher. No filme, que marca a
estreia de Joseph Gordon-Levitt na direção (o roteiro também é dele), Jon
(Levitt) é uma espécie de Don Juan contemporâneo. O culto à imagem é seu
sobrenome. Corpo malhado, carro brilhoso, emprego como bartender, uma mulher
por noite e um vício em
pornô. Mesmo fazendo sexo com frequência incomum, Jon se
masturba em um compasso ainda mais incomum para a frequência com que faz sexo.
Tudo parece inclinado à mudança quando ele conhece Barbara (Scarlett
Johansson), mas a relação tem problemas na decolagem. Um paralelo interessante
no filme é que Barbara modela suas relações amorosas nas comédias românticas
hollywoodianas, um vício tão nefasto quanto o de Jon, mas menos patrulhado.
Programa a dois: comédia romântica une ou desune?
Já em À procura de amor, da diretora Nicole Holofcener (uma
das poucas diretoras a arejar o olhar sobre o feminino no cinema americano), o
mote é ainda mais complexo. Eva (Julia Louis-Dreyfous, em surpreendente papel
dramático) é uma mulher ressentida com a possibilidade cada vez mais palpável
de ficar sozinha. De morrer sozinha. Em uma festa, ela conhece Albert (James
Gandolfini em um de seus últimos papéis no cinema) e eles começam a se
relacionar. Mais adiante, ela descobre que Albert é o ex-marido de uma nova
amiga (Catherine Keener), que desenha um monstro da convivência para Eva.
O drama da personagem, deixar-se contaminar pela experiência
da amiga ou manter um olhar neutro, se é que isso é possível, pautará o filme
agridoce de Holofcener.
As três produções têm o mérito de radiografar diferentes
gerações envoltas em pequenos dramas românticos característicos das diferentes
fases da vida em que os protagonistas dos filmes (adolescentes, adultos na faixa dos 30
anos e cinquentões) se encontram. São espelhos, também, das fases que o amor,
como objetivo de vida, introjetam na existência humana.
Cena de Azul é a cor mais quente, cujo diretor, o franco-tunisiano Abdellatif Kechiche concedeu entrevista exclusiva ao AdoroCinema em visita promocional ao Rio de Janeiro. Confira a entrevista em vídeo!
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