“Elysium é um filme sobre os ricos ficando mais ricos, os
pobres ficando mais pobres e a distância entre eles ficando mais extrema”.
Assim define seu segundo e elogiado longa-metragem, o cineasta sul-africano
Neill Blomkamp em entrevista à revista Total Film. Não é, porém, exclusividade
de Elysium essa obstinação de usar a ficção científica como espelho de um mundo
em frequente e preocupante transformação social. Nos anos 80, Ridley Scott e
Terry Gilliam já faziam isso e Blomkamp, um garotão de 33 anos, sabe disso. “O
legal é você pegar as suas ideias é colocar lá. Não reciclar o que já está aí”,
disse à Entertainmet Weekly o diretor que em 2009 impressionou o mundo com seu
debute no cinema: Distrito 9.
A ficção científica costuma ser palco para críticas sociais
de intensidade e densidade diversas. Do influente Blade runner - o caçador de
androides (1982) ao diversionista O livro de Eli (2010), o gênero costuma
fornecer alguns dos mais valorosos e ultrajantes insights sobre nossa
contemporaneidade.
J.J Abrams lançou em 2013 o segundo filme Star Trek sobre
sua autoria com uma invejável construção política que rendeu comparações com
atuação dos EUA no Oriente Médio e no desenrolar da guerra fria no final dos
anos 80 e como isso repercutiu no cenário geopolítico atual. As comparações
procedem especificamente no tangente às motivações do ótimo vilão interpretado
por Benedict Cumberbatch.
Cumberbatch capturado em cena de Star trek: além da escuridão: a ficção como espelho do real
Blomkamp levando aquele lero com Matt Damon no set de Elysium: "sempre quis fazer ficção científica", disse à Total Film
X-men –primeira classe (2011) é outro exemplo recente de
produção calcada na ficção científica que favorece um espelho do real em suas
intermitências políticas e sociais. A ruptura de Xavier e Magneto, tão bem
engendrada no filme, é signo das diferenças de pensamento que caracterizam, por
exemplo, o imbróglio na Síria e toda a guerra ao terror - para extravasarmos a metáfora com o racismo .
Há, ainda, filmes menos ambiciosos no encapsulamento do
real. Alguns exemplos que podem ser citados são Repo men – o resgate de órgãos,
sobre o mercado negro de órgãos oficializado no futuro, e Contágio, sobre a
fragilidade humana em face de pandemias biológicas ou químicas.
Os exemplos da potência da ficção científica em
traduzir e refletir a realidade são vastos, ricos e por vezes tão complexos quanto seu objeto de inspiração.
Sigo muito curiosa e torcendo por um ótimo filme. rs.
ResponderExcluirbjs
20 de setembro não chega logo! rs
ResponderExcluirTb estou curiosíssimo.
Abs!
As críticas, em geral, são positivas. Mas há o sentimento de que "Distrito 9" pode ter criado um monstrinho... se é que vcs me entendem!
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