É difícil não gostar dele! Matt Damon, quarentão com jeito
de menino, é ator de notável senso de humor e ainda mais notável cálculo na
gestão de sua carreira. Anunciou recentemente que fará sua estreia na direção e
que permanecerá vinculado ao universo da ficção científica, já que integrará o
próximo filme de Christopher Nolan, Interstellar. Seu debute no gênero foi em
uma adaptação de Philip K. Dick, uma espécie de batismo de fogo no gênero, com Os
agentes do destino (2011). No mesmo ano protagonizou Contágio do amigo Steven
Soderbergh, com quem já rodou cinco filmes.
Eis aí outra característica proeminente em Damon. Ele valoriza
suas parcerias. Depois de estar no epicentro da revolução do cinema de ação
moderno com a trilogia Bourne, disse que só voltaria a viver o personagem se
Paul Greengrass retornasse como diretor. Isso pode acontecer ou não, mas Damon
– que ficou de fora do quarto filme – é um homem de palavra. De fé também.
Fechou sua participação em The monuments men, novo filme do amigo George
Clooney sem ler o roteiro, mas ciente de que o amigo não lhe decepcionaria.
Raciocínio semelhante aplicou na reedição da parceria com o
cineasta Terry Gilliam que o dirigiu no subestimado Os irmãos Grimm (2005).
Para The Zero Theorem, exibido no festival de Veneza deste ano, Damon tinha
apenas quatro dias na agenda. Fez acontecer porque admira o trabalho e o cinema
de Gilliam.
Durante sua trajetória para o estrelato, Damon surgiu como
ele mesmo (de maneira pouco simpática) em séries como House of Lies e
Entourage, demonstrando que sabe rir de si mesmo. Mas sabe falar sério também
em filmes como Syriana – a indústria do petróleo (2005), Terra prometida
(2012), Zona verde (2010) e O bom pastor (2006).
É de conhecimento público que tão logo ganhou notoriedade
com o Oscar conquistado por Gênio indomável (1997), o ator passou a perseguir
projetos que lhe permitissem construir uma personalidade midiática compatível
com suas aspirações artísticas. A estratégia deu muito certo. Discreto na vida
pessoal, Damon é reconhecido como um astro do cinema e, também, louvado por
seus pares e pela crítica como um ator confiável.
Too Matt for your taste? Em Elysium, Damon aparece careca e tatuado. O ator não se incomodou de atuar em um lixão, onde rodou a maioria das cenas de seu personagem passadas no planeta Terra
BFF: As carreiras seguiram rumos opostos, mas Matt Damon e Ben Affleck - em foto de 1998 - são para sempre...
A ficção científica, um dos últimos bastiões a ser explorado
pelo ator no cinema, agora é um ponto estratégico para que o ele exerça seu
poder de atração descolado do cinema de ação ou de seu personagem mais célebre (Jason
Bourne). Elysium registrou boa bilheteria e ancorado na celebridade de Damon
foi a melhor bilheteria da Sony nos EUA no verão de 2013. Ter se vinculado a
Neill Blomkamp e não a M. Night Shyamalan como fez Will Smith, também para o
estúdio Sony com Depois da Terra, é outro sinal do cálculo certeiro de Damon em
seu traçado para ser aquele tipo de ator de quem é impossível não gostar.
Belo texto, Reinaldo. Difícil mesmo não gostar dele.
ResponderExcluirbjs
Amanda: Obriga Amanda! É difícil msm!
ResponderExcluirbjs