Páginas de Claquete

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Especial Elysium - A ficção científica como espelho do real


Elysium é um filme sobre os ricos ficando mais ricos, os pobres ficando mais pobres e a distância entre eles ficando mais extrema”. Assim define seu segundo e elogiado longa-metragem, o cineasta sul-africano Neill Blomkamp em entrevista à revista Total Film. Não é, porém, exclusividade de Elysium essa obstinação de usar a ficção científica como espelho de um mundo em frequente e preocupante transformação social. Nos anos 80, Ridley Scott e Terry Gilliam já faziam isso e Blomkamp, um garotão de 33 anos, sabe disso. “O legal é você pegar as suas ideias é colocar lá. Não reciclar o que já está aí”, disse à Entertainmet Weekly o diretor que em 2009 impressionou o mundo com seu debute no cinema: Distrito 9.
A ficção científica costuma ser palco para críticas sociais de intensidade e densidade diversas. Do influente Blade runner - o caçador de androides (1982) ao diversionista O livro de Eli (2010), o gênero costuma fornecer alguns dos mais valorosos e ultrajantes insights sobre nossa contemporaneidade.
J.J Abrams lançou em 2013 o segundo filme Star Trek sobre sua autoria com uma invejável construção política que rendeu comparações com atuação dos EUA no Oriente Médio e no desenrolar da guerra fria no final dos anos 80 e como isso repercutiu no cenário geopolítico atual. As comparações procedem especificamente no tangente às motivações do ótimo vilão interpretado por Benedict Cumberbatch.

 Cumberbatch capturado em cena de Star trek: além da escuridão: a ficção como espelho do real

Blomkamp levando aquele lero com Matt Damon no set de Elysium: "sempre quis fazer ficção científica", disse à Total Film

X-men –primeira classe (2011) é outro exemplo recente de produção calcada na ficção científica que favorece um espelho do real em suas intermitências políticas e sociais. A ruptura de Xavier e Magneto, tão bem engendrada no filme, é signo das diferenças de pensamento que caracterizam, por exemplo, o imbróglio na Síria e toda a guerra ao terror - para extravasarmos a metáfora com o racismo .
Há, ainda, filmes menos ambiciosos no encapsulamento do real. Alguns exemplos que podem ser citados são Repo men – o resgate de órgãos, sobre o mercado negro de órgãos oficializado no futuro, e Contágio, sobre a fragilidade humana em face de pandemias biológicas ou químicas.
Os exemplos da potência da ficção científica em traduzir e refletir a realidade são vastos, ricos e por vezes tão complexos quanto seu objeto de inspiração.

3 comentários:

  1. Sigo muito curiosa e torcendo por um ótimo filme. rs.

    bjs

    ResponderExcluir
  2. 20 de setembro não chega logo! rs
    Tb estou curiosíssimo.

    Abs!

    ResponderExcluir
  3. As críticas, em geral, são positivas. Mas há o sentimento de que "Distrito 9" pode ter criado um monstrinho... se é que vcs me entendem!

    ResponderExcluir