domingo, 11 de abril de 2010

ESPECIAL ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS - Insight

As várias leituras da obra de Lewis Carroll




Lewis Caroll é, na verdade, pseudônimo de Charles Lutwidge Dogson. Professor, escritor e matemático, o tímido e recluso Dogson concebeu um dos maiores clássicos da literatura infantil. Alice no país das maravilhas foi concebido (pelo menos a idéia central da obra) durante um passeio de barco que Dogson fazia pelo rio Tâmisa com sua amiga Alice Liddell (uma menina de dez anos na época). Isso ocorreu em 1862. Em 1864, Dogson presenteou sua amiga com um manuscrito do livro que seria publicado em 1865 com tiragem inicial de dois mil exemplares.
Apesar de traduzido para mais de 50 línguas, Alice no país das maravilhas tem algumas piadas e trocadilhos que só funcionam na língua inglesa. De qualquer forma, o que atrai inúmeros pensadores a principal obra de Dogson/Caroll são os problemas matemáticos e lógicos que permeiam a obra. Muitos ainda imperceptíveis, alguns ainda insolúveis. Os enigmas de Carrol só encontram eco nas polêmicas e nas interpretações psicológicas que sua obra suscita.
Em um primeiro momento é realmente tentador rotular o recluso Dogson como pedófilo. Devido a excentricidade da idéia de Alice no país das maravilhas e também o que a motivou. Mas essa interpretação nunca poderá ser definitiva. Apenas cortejada. Há quem veja em Alice um ataque às convenções políticas da monarquia inglesa do século XIX e há quem veja o primeiro grande tratado sobre a passagem da infância para a adolescência destinado para a faixa etária em questão.

“Comece pelo começo, siga até chegar ao fim e então pare”

Os enigmas propostos por Carrol em sua narrativa preservam a atemporalidade da obra. Alice foi influência contumaz em toda a produção cultural do século 20. De forma indireta, como em produções Disney como Branca de Neve, ou direta e referencial, como na trilogia Matrix (em que a matemática e lógica ocupam lugar central na narrativa).
O próprio material de Carrol já foi alvo de centenas adaptações para o cinema, teatro, literatura e toda a forma de arte. A mais recente adaptação do material é a versão cinematográfica concebida por Tim Burton, Alice no país das maravilhas não é uma adaptação do primeiro livro, nem mesmo do segundo (Alice através do espelho), informa o diretor. É uma continuação dos eventos apresentados na obra de Carrol. O que aconteceria se Alice, já na fase adulta (às vésperas de se casar) voltasse ao país das maravilhas? É mais ou menos isso que essa nova versão Disney (maior, mais cara, mais caprichada e em 3D) do clássico de Carrol propõe. Burton já refutou a autoria do filme. Disse que não usou seu olhar. “Fui contratado para fazer esse filme e entreguei-o da maneira que estava no roteiro”, em referência ao roteiro de Linda Woolverton (roteir ista de Mulan e O rei leão).
Muitos falavam que o conflito de Alice no país das maravilhas (a obra original de Carroll) era que Alice, na verdade, só queria sair da toca. No Alice de Tim Burton, ela quis voltar. O que essa nova leitura irá acrescentar a uma obra já tão explorada e descaracterizada, só o tempo dirá.

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