terça-feira, 20 de abril de 2010

Critica - Zona verde

O thriller definitivo sobre o Iraque!

Era grande a expectativa pelo novo trabalho de Matt Damon e do diretor Paul Greengrass depois do desfecho da trilogia Bourne. Zona verde (Green zone, EUA 2010) foi anunciado com pompa, depois adiado e finalmente lançado em uma época de marasmo nas bilheterias americanas (o mês de março).
Essa evolução se deu em virtude do árido tema que o filme aborda. O Iraque e a inexistência de armas de destruição em massa que justificaram a guerra ao país então comandado por Saddan Hussein. Mas Zona verde não é apenas um filme sobre esse tema. É o filme sobre esse tema. Depois da eloquência do filme de Greengrass, ficará difícil, para não dizer desnecessário, retomar o tema. O diretor entrega aqui um filme ágil, um thriller de ação quase ininterrupta, um tenso painel político e uma audaciosa e aberta crítica a forma como as coisas foram conduzidas pelo governo americano. O sucesso de bilheteria, apesar de Damon e da memória de Bourne que ambos evocam, era, por consequência, um objetivo distante.
No filme, Damon vive Roy Miller, um subtenente do exército americano que lidera um pelotão encarregado de recolher armas químicas em lugares hostis destacados pelo serviço de inteligência. Com o passar do tempo, Miller começa a se inquietar pelo fato de perder homens e não achar absolutamente nada nesses locais. Ele então passa a colaborar com um agente da CIA (Brendan Gleeson) que além de descontente com a atuação americana na reconstrução do Iraque, desconfia dos motivos que levaram os EUA ao país do Oriente Médio.
A jornalista vivida por Amy Ryan tenta se aproximar do subtenente vivido por Damon: um país que recobra a consciência

Greengrass não deixa seu público respirar. A ação do filme se desenvolve em ritmo alucinante, assim como os diálogos inteligentes e repletos de sarcarsmo e sentido duplo. Zona verde não é para um público amplo. Não é indicado para quem gosta de cinema de ação sem conteúdo (maior parte da produção de ação americana), muito menos para quem não lê jornais e não está por dentro do contexto sócio-político do qual o filme trata. Para quem não tem interesse nesses pontos, é bom passar longe de Zona verde. É o que está fazendo o público americano. Um desperdício, na verdade. O filme é um tratado dos mais inteligentes sobre os desmandos de governos bélicos, sobre a facilidade que os mesmos têm de manipular a imprensa e sobre conscientização. Mais do que nunca, os americanos, pelo menos os que se preocupam com a questão do Iraque, estão se conscientizando. Assistir esse híbrido de ficção e documentário realizado por Paul Greengrass é algo capital nesse sentido.

5 comentários:

  1. Seu blog é demais e vc é brilhante!
    Indiquei pro meu irmão,ele adora cinema.

    Beijão!

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  2. Eu vi que a cotação no RT estava baixa, mas a sua crítica me animou!
    A parceria Greengrass + Damon já rendeu bons frutos, e eu espero ansioso por este filme. Aliás, na crítica (muito bem escrita, como de costume) você atenta ao fato de mesclar ficção com documentário, lembrei automaticamente de outra obra de Greengrass, "Domingo Sangrento", que é um filme sensacional. Vale muito a pena! É sobre o episódio da Irlanda do Norte em confronto com a Inglaterra. Um retrato sobre a guerra fantástico.


    abs!

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  3. Pat: Poxa Pat, obrigado pelos elogios. Fico muito feliz pelo reconhecimento. Valeu mesmo. Espero que seu irmão compartilhe desse entusiasmo. Bjs!

    Elton:Fala Elton! Blz? Pois é, muita gente não viu com bons olhos o filme por ele se desdobrar sobre um assunto que é hoje já está superado, pelo menos na grande mídia. Mas isso não faz dele um filme menos eficiente e menos bem resolvido.
    Assisti Domingo sangrento. Muito bom. Assisti-o logo depois de A supremacia Bourne. Havia ficado intrigado com a qualidade daquele diretor e precisava descobri-lo. rsrs
    Mas Guerra verde não é exatamente como Domingo sangrento. É ficção com jeitão de documentário. Coisa de Greengrass.
    ABS

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  4. Estou bastante curioso por este, já que o tema contemporâneo é interessante e a direção ágil (parece que dessa vez mais do que antes) de Greengrass sempre me agrada. É bom ouvi elogios, já que a crítica americana nem gostou tanto.

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  5. Pois é Luis. A critica considerou a fita "um filme requentado" ou "Bourne no oriente médio". Isso chama-se preguiça.
    ABS

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