Como era verde o nosso vale...
Selvagens (Savages, EUA 2012) é
um filme vigoroso! Bem dirigido por Oliver Stone e com o um roteiro ainda mais
vistoso assinado pelo próprio Don Winslow, autor do livro no qual o filme se
baseia, em parceria com Stone. A história de três jovens americanos que entram
em guerra com um poderoso cartel mexicano impressiona pelo contexto
realista que pulsa na veia desse entretenimento. Se quisesse, Stone poderia ter
feito um filme denúncia, com ares de conspiração, como caracterizava seu
registo no final dos anos 80 e início dos anos 90. No entanto, Selvagens se
beneficia da escolha de seu diretor em fazer um filme que flerta com alguma
reflexão, mas incendeia a tela da mais pura e voyeurística adrenalina do
cinemão americano embalado por inteligência, ironia e balas.
Ben (Aaron Johnson) e Chon
(Taylor Kitsch) são amigos desde o colegial. Além de manterem um lucrativo
negócio com tráfico de maconha – a mais pura da Califórnia – eles dividem O
(Blake Lively). O é uma típica patricinha que mantém relação amorosa com os
dois. E tudo vai bem na mansão em que moram até que um poderoso cartel de
drogas mexicano, comandado pela “rainha vermelha” Elena (Salma Hayek) resolve
absorver o negócio de Chon e Ben. Diante da resistência dos moçoilos, ela
sequestra O como demonstração de que o negócio das drogas, no final das contas,
não é tão idílico como faz crer a filosofia dos rapazes.
A partir deste momento, Selvagens
vai ganhando musculatura dramática e, a despeito de algumas reviravoltas mal
elaboradas, se sustenta como um legítimo debate sobre concessões e percepções.
Stone coloca sua plateia para pensar: afinal, o que é ser selvagem? Agir como o
despirocado e assustador Lado – capanga de Elena deliciosamente encarnado por
Benecio Del Toro, ou afastar-se de certas convenções sociais como fazem os três
produtores e traficantes de maconha enamorados? É uma discussão interessante
que vai se construindo sobre alguns insights que o ágil e dinâmico texto de
Winslow aventa.
O final é um deleite a parte.
Stone se dá ao luxo de rodar dois finais, ambos incrivelmente satisfatórios
para os conflitos erigidos no longa, e ainda dá sua pisadinha na eterna “guerra
contra as drogas” travada pelos EUA.
Mas o segredo de Selvagens reside
em uma ótima fala do personagem de John Travolta, um agente corrupto da
narcóticos que é quem verdadeiramente se sai melhor na história toda: “a torta
está cada vez menor e a fome continua aumentando”.
"Como era verde o nosso vale..." - "How Green Was My Valley" de John Ford - rs! Gostei desta analogia.
ResponderExcluirEntão, só me resta assistir ao filme!
Abraço.
Depois de alguns filmes que foram muito mal recebidos, é sempre bom ver alguém como Oliver Stone voltamdo aos bons filmes. Aguardando ansiosamente pela estreia de "Selvagens" na minha Cidade. Beijos!
ResponderExcluirRodrigo: Vc é o máximo! Sempre atento a essas sutilezas!
ResponderExcluirAbs
Kamila: Apesar do segundo Wall street não ter tido o mesmo impacto do primeiro filme, trata-se de um filme muito bom. Até mesmo superior ao ótimo "Selvagens".
Bjs
Eu já estava a fim de ver o filme antes porque achei a ideia do triângulo de traficantes paz e amor boa demais, rsrsrs Como vc falou, é bom aproveitar o Stone agora que ele deixou a política um pouco de lado ;)
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