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terça-feira, 9 de outubro de 2012

Crítica - Selvagens


Como era verde o nosso vale...

Selvagens (Savages, EUA 2012) é um filme vigoroso! Bem dirigido por Oliver Stone e com o um roteiro ainda mais vistoso assinado pelo próprio Don Winslow, autor do livro no qual o filme se baseia, em parceria com Stone. A história de três jovens americanos que entram em guerra com um poderoso cartel mexicano impressiona pelo contexto realista que pulsa na veia desse entretenimento. Se quisesse, Stone poderia ter feito um filme denúncia, com ares de conspiração, como caracterizava seu registo no final dos anos 80 e início dos anos 90. No entanto, Selvagens se beneficia da escolha de seu diretor em fazer um filme que flerta com alguma reflexão, mas incendeia a tela da mais pura e voyeurística adrenalina do cinemão americano embalado por inteligência, ironia e balas.
Ben (Aaron Johnson) e Chon (Taylor Kitsch) são amigos desde o colegial. Além de manterem um lucrativo negócio com tráfico de maconha – a mais pura da Califórnia – eles dividem O (Blake Lively). O é uma típica patricinha que mantém relação amorosa com os dois. E tudo vai bem na mansão em que moram até que um poderoso cartel de drogas mexicano, comandado pela “rainha vermelha” Elena (Salma Hayek) resolve absorver o negócio de Chon e Ben. Diante da resistência dos moçoilos, ela sequestra O como demonstração de que o negócio das drogas, no final das contas, não é tão idílico como faz crer a filosofia dos rapazes.
A partir deste momento, Selvagens vai ganhando musculatura dramática e, a despeito de algumas reviravoltas mal elaboradas, se sustenta como um legítimo debate sobre concessões e percepções. Stone coloca sua plateia para pensar: afinal, o que é ser selvagem? Agir como o despirocado e assustador Lado – capanga de Elena deliciosamente encarnado por Benecio Del Toro, ou afastar-se de certas convenções sociais como fazem os três produtores e traficantes de maconha enamorados? É uma discussão interessante que vai se construindo sobre alguns insights que o ágil e dinâmico texto de Winslow aventa.
O final é um deleite a parte. Stone se dá ao luxo de rodar dois finais, ambos incrivelmente satisfatórios para os conflitos erigidos no longa, e ainda dá sua pisadinha na eterna “guerra contra as drogas” travada pelos EUA.
Mas o segredo de Selvagens reside em uma ótima fala do personagem de John Travolta, um agente corrupto da narcóticos que é quem verdadeiramente se sai melhor na história toda: “a torta está cada vez menor e a fome continua aumentando”. 

4 comentários:

  1. "Como era verde o nosso vale..." - "How Green Was My Valley" de John Ford - rs! Gostei desta analogia.

    Então, só me resta assistir ao filme!

    Abraço.

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  2. Depois de alguns filmes que foram muito mal recebidos, é sempre bom ver alguém como Oliver Stone voltamdo aos bons filmes. Aguardando ansiosamente pela estreia de "Selvagens" na minha Cidade. Beijos!

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  3. Rodrigo: Vc é o máximo! Sempre atento a essas sutilezas!
    Abs

    Kamila: Apesar do segundo Wall street não ter tido o mesmo impacto do primeiro filme, trata-se de um filme muito bom. Até mesmo superior ao ótimo "Selvagens".
    Bjs

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  4. Eu já estava a fim de ver o filme antes porque achei a ideia do triângulo de traficantes paz e amor boa demais, rsrsrs Como vc falou, é bom aproveitar o Stone agora que ele deixou a política um pouco de lado ;)

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