Almodóvar sem pele
O próprio diretor já havia antecipado em entrevista ao jornal espanhol El País que estava preparado para sair de mãos vazias de Cannes. Não deu outra. Almodóvar saiu sem prêmios da croisette e, mais uma vez, viu a aguardada Palma de ouro seguir para as mãos de outro cineasta festejado, no caso o americano Terrence Malick.
Seu filme, A pele que habito, já começa a subir de cotação entre a crítica internacional. O número de críticas elogiosas já superam as que relativizam os ganhos de Almodóvar em sua incursão pelo thriller. No Brasil, o filme está programado para estrear no dia 25 de novembro.
Onde está Malick?
Não foi a primeira vez que aconteceu. Foi a segunda. Raríssima na história do festival de Cannes, o vencedor da Palma de ouro, o cineasta americano Terrence Malick não compareceu a premiação, nem a entrevista coletiva realizada horas depois em Cannes. Segundo o produtor do filme, Bill Pohlad, “Malick é uma pessoa extremamente tímida, mas posso assegurar que está extremamente feliz por este momento”.
Misoginia que vale Palma
Como diria aquela outra, não é brinquedo não! O cineasta dinamarquês agregou, por conta própria, a pecha de nazista à sua péssima fama. Tido como misógino e com relatos de estrelas do porte de Nicole Kidman e Björk de ser cruel com suas atrizes, Von Trier é quase certeza de prêmio para as moçoilas em Cannes. É a terceira vez que uma atriz sob seus cuidados leva a Palma de melhor atriz para casa.
Invencibilidade garantida
Outra previsibilidade assegurada pela 64ª edição do Festival de Cannes foi o prêmio para os irmãos Dardenne. Os belgas garantiram, dessa maneira, uma improvável hegemonia no festival. Em cinco participações, cinco prêmios. É uma estatística invejável que mereceu a desdenha do diretor turco Nuri Bilge Ceylan que dividiu o Grande Prêmio do Júri com os belgas: “Se me perguntassem o por quê do empate, eu não saberia responder”, afirmou na coletiva de imprensa.
De Niro e seu tradutor
Desde a primeira entrevista coletiva estava claro. Com um lacônico presidente, a voz do júri que melhor se comunicaria com a imprensa seria a do cineasta francês Olivier Assayas. Não foi diferente no ato final do júri em Cannes. De Niro, querendo agradar ao público, tropeçou no francês e foi prontamente acudido por Assayas que havia elaborado muito bem, há quinze dias, a meta do colegiado composto por ele, De Niro e muitos outros: “Estamos aqui para julgar filmes e não cineastas”. Kirsten Dunst diz obrigado.
O cineasta francês Olivier Assayas posa para foto em Cannes: ele ajudou De Niro no francês e no trato com imprensa
Reação à Palma de Ouro
No Brasil, a imprensa recebeu a premiação de A árvore da vida com parcimônia. O portal IG salientou a previsibilidade da premiação, mas entendeu que os prêmios de direção e de interpretação foram zebras. A Folha de São Paulo destacou a divisão de opiniões acerca do grande vencedor da 64ª edição do festival, enquanto que o UOL preferiu sublinhar uma possível influência do presidente do júri Robert De Niro na escolha dos premiados.
O Globo aventou a possibilidade do prêmio para a atriz Kirsten Dunst ser uma espécie de “troféu de consolação” para um dos filmes mais “vistosos” em competição e O Estado de São Paulo destacou as justificativas do júri pela preferência ao trabalho de Malick.
Ninguém reparou em Um certo olhar
A salvo o filme de abertura, Inquietos de Gus Van Sant, a mostra Um certo olhar foi pouco notada pela crítica internacional em 2011. Poucos foram os destaques. No Brasil, ainda houve interesse por conta da participação de um longa brasileiro, o pouco elogiado Trabalhar cansa. Mas na imprensa internacional foram poucas as menções. Também pode ter contribuído para esse fato, o bom nível da competição principal.
Não foi desta vez que Almodóvar arrebatou a Palma, mas acredito que ele ainda terá a sua! Percebe-se que há uma preocupação de premiá-lo qualquer hora dessas...
ResponderExcluirApesar de acreditar que Dunst esteja com um ótimo desempenho em Melancholia, também acredito que mais seja um prêmio de consolação. Não sei ao certo explicar, mas mesmo sendo de Von Trier, não me parece que Dunst esteja tão 'arrebatadora' assim... Enfim, é ver pra crer!
[]s
Gostei da matéria Reinaldo. Só aqui busco as notícias do cinema da forma que gosto de ler.
ResponderExcluirMalick é meio Kubrick? Almodóvar já ganhou comigo, e olha que nem vi seu novo filme ainda. E o que dizer do banderas fritando ovos na Ana Maria Braga? Rs!
Abs.
Rodrigo
O que me chamou a atenção na premiação de Cannes 2011 foi a boa distribuição de prêmios entre cada filme. Senti falta de Almodóvar, claro, e pensava que iria dar "The Artist" na Palma de Ouro e Tilda Swinton em Melhor Atriz.
ResponderExcluirGostei dessa edição e da divisão de prêmios também. E o filme do Almodóvar irá estrear no meu aniversário! Legal! rsrsrs.
ResponderExcluirBeijos! ;)
Alan: Não tenho essa mesma certeza quanto a premiação de Almodóvar. Mas vamos torcer né?!
ResponderExcluirTb desconfio que tivessem atrizes melhores do que Dunst em competição...
abs
Rodrigo: Poxa, brigadão pelo elogio Rodrigo. Pois é, Banderas descobriu o Brasil...
Abs
Kamila:Não achei a distribuição tão boa assim não. Filmes muito comentados ficaram a ver navios. Mas a nossa opinião quanto a isso ainda está em formação né?! Bjs
Mayara:Eu tb gostei dessa edição e é perceptível que ela superou, de longe, a fraquíssima edição de 2010.
Bjs