segunda-feira, 21 de março de 2011

Crítica - Sexo sem compromisso

Aos finais felizes!


Em tempos como o do “ficar”, de brincadeiras cada vez mais sexualizadas e em que namorados já foram amigos e amigos já foram namorados, faz sentido um filme como Sexo sem compromisso (No strings attached, EUA 2011). A nova fita de Ivan Reitman ambiciona se comunicar com um público mais diversificado, liberal e que costuma se sociabilizar tendo o sexo como principal canal. Não á toa, em Sexo sem compromisso, os protagonistas primeiro transam e depois se apaixonam. Este dado por si só, já dimensiona a representatividade de Sexo sem compromisso na nova ordem das comédias românticas americanas. Menos puritanas, mais desavergonhadas, mas alinhadas às mesmas diretrizes. Ainda não se pode dizer que presenciamos um maio de 68 no gênero, mas é possível dizer que ele está à esquina.

Ashton e Natalie em momento fofura: o problema do filme
reside na indecisão em romper com certos paradigmas da
comédia romântica

Na fita, Natalie Portman vive Emma, uma estudante de medicina que não vê com bons olhos relacionamentos amorosos. A percepção da moça é de que dependência emocional não gera bons dividendos a médio e longo prazo. Adam (Kutcher), que vive cruzando com ela, pensa diferente. Ambos vão se envolver em uma relação sexual, de pura catarse física, com direito a aviso prévio se as coisas saírem dos trilhos. Mais século XXI impossível. Mas como antes do século XXI tem os séculos XX e XIX, as coisas previsivelmente saem dos trilhos. Enquanto Adam esboça interesse em namorar, Emma resiste a ideia. Ivan Reitman se esforça para reger uma história que ele sabe que não vai dar certo. E o grande problema do filme é que ninguém acredita que Adam e Emma não sucumbirão aos ardis da paixão. Se fica tudo muito bonitinho em Sexo sem compromisso, e fica, sai dessa aparente normalidade o grande entrevero da fita. A ideia de final feliz parece deslocada no tempo. Ao buscar o diálogo com um público mais moderno e idiossincrático, a fita acaba doutrinando valores que esse público não compactua. Ao mesmo tempo que o charme da premissa não atrai quem por ela não usufrui interesse. Essa dicotomia é contumaz do momento de renovação que atravessa a comédia romântica. Esse gênero que busca credibilidade e novidade na figura de Natalie Portman e conforto e segurança na de Ashton Kutcher.

6 comentários:

  1. Perfeito Reinaldo, a sua crítica é aquilo que já pensava do filme ao ver o trailer.

    Ashton Kutcher, para mim não tem talento algum, so sorry e Natalie Portman, bom dispensa apresentações. E, vejo que é típico de uma estrela tirando férias em um filme como este pós uma obra prima como Cisne Negro.

    O que houve com Ivan Reitman meu caro? Rs!
    Aquele especialista em comédias e diretor do adorável Ghostbusters!
    Creio que é incomparável Sexo sem Compromisso com Dave - Presidente Por Um Dia ou Irmãos Gêmeos. Não?

    Abs.
    RODRIGO

    ResponderExcluir
  2. É uma nova lei, né? Transam até dizer chega... Engrvidam e depois descobrem estar apaixonados. Rs, Tudo bem moderninho (?)!

    ResponderExcluir
  3. Fiquei com a impressão que esse filme sofre do mesmo problema de indefinição que compromete "O amor e outras drogas". Estou menos curiosa agora, pôxa! :P Mas ainda vou ver o filme, só de teimosia, rsrs

    ResponderExcluir
  4. Parafraseando:

    "...E o grande problema do filme é que ninguém acredita que Adam e Emma não sucumbirão aos ardis da paixão..."
    O final já era previsível.
    O que muda,é a forma de contar
    a história,querendo mostrar valores diferentes,sair do paradigma habitual,
    na minha humilde opinião.

    No final das contas,prevalece o amor e o
    final feliz (ainda bem!),independente de como se chegou até lá.
    Adorei,mas se é para eleger,dentro da nova ordem que segue-se,ainda prefiro Amor e Outras Drogas.Mais charmoso,cativante,simpático e sexy.

    Mas o que torna qualquer que seja o filme especial,é a companhia.

    Beijos

    ResponderExcluir
  5. Acho ótimo ver a Natalie Portman numa obra tão leve como essa, depois da experiência densa que deve ter sido filmar "Cisne Negro", mas pretendo assistir à obra sem qualquer expectativa, até porque parece mais uma daquelas comédias românticas comuns.

    ResponderExcluir
  6. Rodrigo: Valeu meu caro. Pois é, Ivan Reitman está satisfeito em ser o papai do Jason...
    Mas como produtor ele está mandando bem. E não desgosto dessa fase mais light dele como diretor não...
    abs

    Alan: Gostei do raciocínio com referências cinematográficas que vc desenvolveu...
    abs

    Aline: Não acho que "Amor e outras drogas" seja comprometido por o que quer que seja. É um filme muito mais inteligente e persuasivo do que este aqui. Mas não se engane: Sexo sem compromisso diverte! Pelo menos o filme. rsrs. Bjs

    Pat: Acho que vc não entendeu a essência da minha crítica Pat. O problema não está no final ser previsível, no final feliz ou na forma diferente de contar a história (esforço palpável em quase todas as comédias românticas recentes). Está na incompatibilidade que o filme representa ao tentar dialogar com públicos completamente diferentes. Outros filmes conseguiram. Esse não. É a isso que eu chamo atenção.
    bjs

    Kamila: Depende do que vc entende por comum aí...
    Bjs

    ResponderExcluir