sábado, 19 de março de 2011

Cantinho do DVD

Kevin Smith é um diretor que tinha o sonho de ser pop, underground, reconhecido, trabalhar com estrelas e controlar grandes orçamentos. De certa forma conseguiu seu intento, mas nunca em um só trabalho. Seu novo filme, um terror independente, debutou no último festival de Sundance após Smith angariar verbas na internet para realizá-lo. Antes de Red State, no entanto, o diretor fez seu primeiro filme assumidamente blockbuster, Tiras em apuros. Mas o filme estrelado por Bruce Willis e Tracy Morgan não está a altura das expectativas fomentadas pelo diretor de O balconista e Procura-se Amy. Descubra o por quê na crítica a seguir:



Crítica

Kevin Smith sempre evitou o cinema comercial. O diretor de vocação indie realizou filmes às margens do circuito (Dogma, O balconista, O império do besteirol contra ataca, entre outros) sempre com forte identidade autoral e com profusão de referências pop. Smith, porém, nunca escondeu que queria ser um diretor de blockbuster. Com astros sob seu comando e orçamentos generosos de produção. Seu primeiro projeto mais próximo dessa realidade foi Pagando bem, que mal tem?, uma comédia escrachada com alguns bons momentos, mas que parecia mais grossa do que descolada. O próximo passo foi Tiras em apuros (Cop out, EUA 2010). Uma fita de ação estrelada por Bruce Willis (de quem Smith é fã ardorosamente confesso) e Tracy Morgan. A ideia é que Tiras em apuros funcionasse como uma paródia dos filmes estrelados por duplas policiais. Como paródia, Tiras em apuros é de uma pobreza ímpar. As referências estão lá, mas falta liga para fazê-las funcionar.
Tracy Morgan e Bruce Willis se esforçam nas caracterizações de seus personagens (dois patifes bem intencionados), mas o texto é mesmo ruim. É lógico que uma ou outra piada funciona (seria catastrófico se isso não ocorresse), mas esse resultado não deixa de ser frustrante para um filme que se pretendia sarcástico e divertido. A trama (que gira em torno da necessidade do personagem de Willis em reaver um item de colecionador para que possa bancar o casamento da filha) é esticada ao máximo e não rende os dividendos cômicos pretendidos.
Mas o que pesa mais contra Tiras em apuros é ver a identidade autoral de Smith diluída em uma fórmula comercial desgastada. Estão lá as referências pop que o distinguiram em primeiro lugar, mas sem a expertise de outrora. Estão lá, apenas, para viabilizar arroubos de grosseria gratuitos que pouco fazem por seus fãs, quanto mais por expectadores ocasionais. Sean William Scott faz uma participação eficiente como um pentelho que desencadeia toda pendenga em que Willis e Morgan se enfiam. No fim das contas, Tiras em apuros, embora seja o lançamento de maior visibilidade de Smith (o que não impediu de se configurar em seu maior fracasso), representa a derrocada de um cineasta que uma vez foi conhecido por fazer do comercial uma forma de pensamento artístico.

3 comentários:

  1. Do Smith eu só vi "Pagando bem, que mal tem?"... bem, no morro de amores por este filme mas é inegável que tem os seus momentos hehehe

    Agora "Tira am Apuros" eu passo.

    abs,
    cinegrafia.blogspot.com [cof...cof...]

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  2. Apesar de gostar de Bruce Willis mesmo em filme de ação besta, esse é um que nunca tive muita vontade de ver, talvez, se encontrá-lo por acaso na televisão um dia. hehe.

    bjs

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  3. Alan:É... vc precisa descobrir o que ele tem de melhor... esses últimos dois não são lá essas coisas não... abs

    Amanda: Quem sabe um dia né? rsrs
    Bjs

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