quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Oscar Watch 2011 - A peleja dos atores

Da esquerda para a direita: Colin Firth (O discurso do rei), Jesse Eisenberg (A rede social), James Franco (127 horas), Javier Bardem (Biutiful) e Jeff Bridges (Bravura indômita)



O de sangue azul

Colin Firth era, com muita boa vontade, um expoente das comédias românticas. Como em um passe de mágica, o inglês cinquentão e dono de charme indelével virou ator de tarimba dramática de indiscutível apelo. Se Tom Ford tem responsabilidade na descoberta desse, vá lá, novo status, Firth é o grande responsável por manter o nível de excelência sempre alto. Seja em um romance, um drama de época ou qualquer outra coisa que faça. O Oscar, de repente, parece apenas um detalhe.


Prós:
+ Todo mundo sabe que ele merecia o Oscar no ano passado. Seu desempenho em Direito de amar era o melhor do ano.
+ Pode se beneficiar da política de correção. Vigente na academia desde que o mundo tem a cerimônia do Oscar para assistir
+ Está em um filme cuja principal força reside nos atores, maior grupo do colegiado que forma a academia
+ Interpreta uma figura real. Sempre um chamariz de Oscars
+ Ganhou os principais prêmios da temporada (Globo de ouro, Critic´s Choice Awards e SAG)
+Interpreta um personagem que precisa superar algum tipo de deficiência. Aspecto que provoca simpatia na academia
+ É a interpretação mais técnica dentre os indicados
+ O fato de concorrer novamente com Jeff Bridges lhe favorece



Contras:
- É uma atuação menos acachapante do que a do ano passado e nem todo mundo pode estar disposto a premia-lo por um papel menor
- Não é a melhor atuação do ano e todo mundo sabe disso
- Pode-se optar por não cometer um equívoco dois anos seguidos de negligenciar o melhor trabalho em favor de um injustiçado
- É tido como favorito desde antes do início da temporada de prêmios, justamente por causa de Direito de amar. O desgaste pode se impor


Segunda indicação
Indicação anterior: Melhor ator por Direito de amar (2010)



O estranho no ninho


Jesse Eisenberg pode se tornar o ator mais jovem a faturar o Oscar. Mas não é só a possibilidade de quebrar o recorde de Adrien Brody que assusta o rapaz. Há poucos dias ele declarou que não sente como se merecesse estar no Oscar. Disse que ficou mais tranquilo quando apurou que outros se sentiam da mesma forma. Versátil e convincente, Jesse Eisenberg mostrou talento logo nos primórdios de sua ainda emergente carreira. É bom se acostumar a frequentar a festa da academia.


Prós:
+ Ganhou o maior número de prêmios na temporada
+ É uma interpretação que ganhou o aval e simpatia da própria figura biografada
+ Faz parte do filme mais elogiado do ano
+ Impressionou críticos e público com sua frenética composição de um bilionário que, embora famoso, ainda é majoritariamente desconhecido do grande público
+ Interpreta uma figura real. Sempre um chamariz de Oscars
+ É o primeiro nome na lista de quem não quer votar em Colin Firth



Contras:
- Não ganhou nenhum prêmio major
- O fato da leitura que o filme faz de Mark Zuckerberg ser bastante contestada pode prejudicá-lo mais do que ao filme propriamente dito
- É muito novo para a faixa de idade dos premiados na categoria e tem um histórico de filmes teens na bagagem
- a pecha de que a indicação já é suficiente
- Diferentemente dos outros concorrentes não dá vida a um personagem simpático
- Concorre, também, contra a atuação de Colin Firth em Direito de amar


Primeira indicação



O cara

Ele teve um bom ano. Estrelou dois filmes independentes que reverberaram junto a crítica e chegou ao Oscar pelo mais comentado (127 horas). James Franco, porém, estaria no Oscar de qualquer maneira. Em um anúncio até certo ponto surpreendente foi confirmado como co-host da cerimônia de 27 de fevereiro. Muita gente duvidava que o filho de Harry Osborne pudesse ir tão longe.


Prós:
+ Carrega o filme nas costas e a academia tem reconhecido nos últimos anos atores que façam isso. Exemplos recentes foram as premiações de Jeff Bridges (Coração louco), Sean Penn (Milk) e Daniel Day Lewis (Sangue negro).
+ É jovem e vem em uma rota de incrível ascendência em Hollywood. O cenário positivo pode favorecer
+ Interpreta uma figura real. Sempre um chamariz de Oscars
+ Assim como no caso de Colin Firth, interpreta um personagem imerso em uma situação em que precisa de força sobrehumana para superar-se
+ Além de Firth e Zuckerberg, foi o único entre os indicados a ganhar prêmios da crítica
+ É a melhor chance de reconhecer o filme do benquisto Danny Boyle


Contras:
- Está nitidamente atrás na briga entre o favorito Colin Firth e o desafiante Jesse Eisenberg
- Muita gente (inclusive dentro da academia) não quis ver o filme por causa da forte cena de mutilação, o que deve prejudicá-lo
- A pecha de que a indicação já suficiente
- O fato de ser host da cerimônia pode afastar o voto dos conservadores

Primeira indicação


O latino improvável


Javier Bardem tem fãs fervorosos em Hollywood. E é só por causa disso que garantiu vaga entre os cinco finalistas. A atuação cheia de sutilezas no filme mexicano Biutiful não seria suficiente. Mas o espanhol volta a disputa pelo Oscar orgulhoso de tê-lo feito por um filme falado na língua materna. A história reconhecerá o feito de Bardem de forma maiúscula. Não importam os meios.


Prós:
+ Assim como Michael Mann, Julia Roberts, Sean Penn, Benício Del toro e Robert De Niro avalizaram a indicação de Bardem, podem garantir a vitória do ator no Oscar
+ É um ator profundamente admirado pelos votantes
+ Duas notícias recentes trabalham em seu favor: o nascimento do filho e a confirmação de que será o vilão no próximo filme de James Bond


Contras:
- Já tem um Oscar, ganho recentemente pelo filme Onde os fracos não têm vez
- Não mora nos EUA e entre premiar um espanhol e um inglês, os americanos tendem a optar pelo inglês
- Como a nomeação vem por um filme falado em língua não inglesa, uma vitória seria improvável. São raros os casos. Recentemente, a atriz Marion Cottilard triunfou pelo francês Piaf
- Como entrou tarde na disputa, muitos dos acadêmicos já tem seus favoritos


Terceira indicação
Indicações anteriores:
Melhor ator por Antes do anoitecer (2001), melhor ator coadjuvante por Onde os fracos não têm vez (2008)
Vitória anterior: Melhor ator coadjuvante por Onde os fracos não têm vez (2008)





O cara reloaded


Não se sabe se foi de caso pensado, mas fato é que Jeff Bridges complicou a vida da academia ao acirrar uma rivalidade com o inglês Colin Firth. No ano seguinte da vitória por Coração Louco, Bridges volta melhor em sua segunda colaboração com os irmãos Coen. Aqui, dizem as más línguas, ele faz uma variação do Dude (do sucesso O grande Lebwoski). Pura intriga. Jeff Bridges demonstra mais sutileza do que nunca e dribla a pressão de reviver o personagem que deu o Oscar a John Wayne.

 
Prós:
+ Se existe um ator americano vivo que possa se equiparar a Tom Hanks obtendo dois Oscars seguidos, esse ator é Jeff Bridges
+ É um trabalho superior ao desempenhado em Coração louco. Por questão de coerência, se ele ganhou lá...
+ É um tipo de personagem que agrada muito os atores
+ Pode se beneficiar da excelente bilheteria que o filme está fazendo nos EUA e mundo afora


Contras:
- Ganhou no ano passado, quando Colin Firth estava melhor. Como muita gente acredita que aqui se faz, aqui se paga...
- Como o grande destaque na crítica está sendo a companheira de elenco, Hailee Steinfield, ele pode ser deixado de lado em favor dela
- Não ganhou nenhum prêmio na temporada


Sexta indicação
Indicações anteriores: melhor ator coadjuvante por A última sessão de cinema (1971), melhor ator coadjuvante por O último golpe (1974), melhor ator por Starman (1984), melhor ator coadjuvante por A conspiração (2000) e melhor ator por Coração louco (2010)
Vitória anterior: melhor ator por Coração louco (2010)

3 comentários:

  1. Excelente análise, Reinaldo! Acho que o Colin Firth está ótimo, merece vencer, mas a sensação que eu tenho é a de que a vitória vem meio que por compensação pelo ano passado, quando ele também merecia vencer. O Oscar vive fazendo isso! :)

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  2. Acho que apesar de tudo apontar para Colin Firth essa é a categoria mais dicífil do Oscar. Verdade seja dita, os cinco concorrentes estão ótimos, ao final de cada filme é possível dizer, pôxa, essa cara merecia o Oscar. Ótima análise.

    bjs

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  3. Kamila: Valeu Ka. Não acho que Firth mereça vencer este ano, mas acho que ganha mesmo assim...
    bjs

    Amanda: Valeu Amanda. Acho que haviam atuações melhores que foram negligenciadas, ma é inegável que os cinco indicados estão em grande nível. Bjs

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