Majestade acidental
Colin Firth e Geoffrey Rush são os principais destaques do filme que lidera a corrida pelo Oscar. Claquete desvenda para o leitor o componente acidental do filme que promete reinar na noite de 27 de fevereiro
Começou em Toronto. Naquele que é o festival mais prestigiado pelos filmes, produtores e artistas que cortejam o Oscar. O discurso do rei, filme que estréia nas salas de cinema do país nesta sexta-feira (11), saiu de Toronto escolhido o melhor filme do festival pelo público. A fita, que é uma co-produção entre Estados Unidos, Inglaterra e Austrália, é daqueles filmes que congregam fórmulas infalíveis. É uma produção de época, que registra os bastidores da monarquia inglesa em um momento de especial erupção, focada no embate de dois atores de muito talento e com aquela moral caprichada que tanto entusiasma espectadores mais conservadores. A fita dirigida por Tom Hooper, cujo principal crédito remete a minissérie da HBO John Adams, exala academicismo em todos os poros. Desde a direção de arte e figurinos até o próprio contexto temático. Em O discurso do rei, o príncipe Albert Frederick Arthur George (Colin Firth), o segundo na linha de sucessão ao trono inglês, se vê na contingência de assumir a coroa quando seu irmão Edward (Guy Pierce) renuncia para casar-se com uma americana divorciada. Albert, no caminho para se tornar George VI, precisará contornar um mal tenaz para todo político: uma gagueira aparentemente incurável. É nesse momento que entra em cena a figura do terapeuta Lionel Logue (Geoffrey Rush). Um plebeu ousado que desafia o futuro rei em suas convicções. É da relação inusitada entre este paciente pouco ortodoxo e o terapeuta menos ortodoxo ainda que O discurso do rei se sustenta.
Um drible na história
Com doze indicações ao Oscar e com o termômetro da indústria apontando para um favoritismo inconteste, O discurso do rei polariza admiradores e detratores. O repórter especial de cinema da Entertainment Weekly, David Karger, apontava o filme como o principal candidato ao Oscar desde meados de outubro. Foi um dos primeiros a apontar este fato, mesmo com a correnteza a favor de um filme que então estreava nos cinemas, A rede social. Por sua vez, o Los Angeles Times em um suplemento dominical cultural no mês de dezembro discorreu uma pouco elogiosa crítica ao filme. O texto estava intitulado da seguinte maneira: “O discurso do rei – o melhor filme de 1993”. O texto destacava a inadequação do filme à época, sensação potencializada pela rivalidade de obras como A rede social e A origem.
Simpatia e imprecisão histórica: O discurso do rei ostenta credenciais paradoxais para a conquista do Oscar
Depois de conquistar os principais prêmios dos sindicatos americanos e de também liderar a corrida pelo Bafta (que será entregue no próximo domingo), a fita agora enfrenta uma campanha difamatória. Parte da crítica americana, que apoiou vigorosamente o filme de David Fincher (A rede social), começa a ventilar na mídia teorias que, embora verdadeiras, objetivam apenas enfraquecer a candidatura do filme ao Oscar. Uma vez que as cédulas de votação acabam de ser despachadas para os membros da academia. E a grande imprecisão de O discurso do rei diz respeito a sua acuidade histórica. Seja pela pobre recriação de Winston Churchill, pelo fato de ignorar o flerte do primeiro na linha sucessória do trono com o nazismo ou por ocultar toda e qualquer frivolidade que manche as figuras biografadas. Este último item, embora contumaz em toda e qualquer biografia, somado dos outros dois pontos ganha – segundo os difamadores da fita – contornos irreversivelmente problemáticos.
Seja pelos erros, pelos acertos ou pela espantosa confluência que deles se obtém, O discurso do rei – ainda que talhado para o Oscar – não deixa de parecer aquele tipo de filme que chegou aonde chegou de forma acidental. Não poderia haver forma mais eloquente de honrar seu biografado.
Este filme parece ser muito simpático! :) Assisto no sábado, e espero gostar!
ResponderExcluirA caracterização de Churchill é mesmo um dos pontos fracos do filme, mas essa história de difamar o concorrente sempre acontece, né? Vamos esperar o resultado desse embate.
ResponderExcluirbjs
Gostei do filme, achei muito bem feito, produção bem caprichada. Mas não tem cacife para ganhar um Oscar, muito menos em um ano que concorre com obras fabulosas, tais quais "Toy Story 3", "A Rede Social", "Cisne Negro" e mais uns 3 na frente.
ResponderExcluirEnfim, mas Colin Firth e Geoffrey Rush estão soberanos!
abs!
Vou conferir!!!!!
ResponderExcluirÓtima premissa anunciando o filme Reinaldo, como sempre você detalha passo a passo até a sua crítica final.
Quero ver se consigo ver neste FDS, o trailer já mostra que o filme tem uma presença maravilhosa e soberana, como disse o Elton, dos protagonistas.
Abs.
Rodrigo
Kamila:Espero q vc goste! bjs
ResponderExcluirAmanda: Sempre acontece... bjs
Elton: E disse tudo. Para mim, O discurso do rei só é superior a Minhas mães e meu pai na briga pelo Oscar. E só me falta ver 127 horas. Uma lástima que esteja entre os cotados para vencer. Abs
Rodrigo: A crítica será publicada nessa segunda-feira Rodrigo. Firth e Rush respondem mesmo pelo filme. Abs
Quero muito assistir o filme, ainda mais depois dessa vibe que ele recebeu nas últimas guilds. Bom texto!
ResponderExcluirLuis Galvão: Valeu. Espero que goste do filme. Ele é muito agradável... Abs
ResponderExcluirVi essa semana e amei, muito legal teu blog
ResponderExcluirEder: Valeu Eder.Espero que volte sempre a Claquete. Quem gosta de cinema é sempre muito bem tratado aqui! Grande abraço!
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