quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

O time dos sonhos de Além da vida

Da esquerda para a direita: Cecile De France, Bryce Dallas Howard, Clint Eastwood, Matt Damon e Peter Morgan



Clint Eastwood é, aos 80 anos, dos diretores mais prolíficos que se tem notícia. Agregue-se a isso, o fato de ser dos mais interessantes, instigantes e qualificados realizadores do cinema norte-americano e você tem em mãos um autor que vale o ingresso. Peter Morgan é um renomado dramaturgo que ingressou no cinema com autoridade. São seus os roteiros dos elogiados (e premiados) A rainha, Frost/Nixon e O último rei da escócia. Por fim, Além da vida (Hereafter, EUA 2009) – que estréia nesta sexta, 7 de janeiro – traz Matt Damon à frente do elenco. O ator que definitivamente deu um tempo nas fitas de ação tem neste filme sua segunda parceria com o diretor de Menina de ouro. A primeira, que data de 2009, o levou a disputa do Oscar de ator coadjuvante por Invictus.
A trama que acompanha três desconhecidos e os contatos em níveis e escalas diferentes que eles têm com a morte chega em boa hora aos cinemas brasileiros. Depois da forte demanda espírita que se viu em 2010, desencadeada com o sucesso de Chico Xavier, o novo filme de Clint Eastwood acresce valor e aura internacional ao cenário. “É um assunto que eu espero que as pessoas considerem interessante”, revelou Matt Damon em entrevista de divulgação à época do lançamento do filme nos EUA, em outubro passado.


Um Eastwood diferente

Há quem possa estranhar o fato do diretor de filmes como Os imperdoáveis e Sobre meninos e lobos estar à frente de um filme que percorre questões ligadas ao espiritismo. Mas não foi isso que atraiu Clint Eastwood ao projeto. “É uma história sobre três pessoas de procedências, culturas e crenças diversas lidando com a presença da morte. É um tema universal”, declarou o diretor em entrevista ao site Indiewire. “Se as pessoas não se interessarem, azar o nosso, perderemos um bocado de dinheiro”, exclama com serenidade o diretor que comandou um dos maiores orçamentos de sua carreira (aproximadamente U$ 60 milhões). A fita, até a presente data, arrecadou pouco mais da metade desse valor nas bilheterias americanas.

Matt Damon vive um médium que se ressente da habilidade de contatar os mortos no novo filme de Clint Eastwood



Realismo fantástico: o tsunami de Além da vida é uma das razões do filme estar entre os sete semifinalistas para beliscar uma vaguinha na disputa pelo Oscar de efeitos especiais


“O filme não encontrou seu público”, escreveu em sua crítica Rubens Ewald Filho. A verdade é que Clint Eastwood vem assumindo temas cada vez mais complexos em seus filmes. Se em Gran Torino (2008) o perdão era algo subliminar, a capacidade de perdoar era um dos principais ativos em Invictus (2009). Se a morte era um elemento presente em filmes como Sobre meninos e lobos (2003) e Menina de ouro (2004), em Além da vida o debate gira em torno dela. Eastwood se desafia como cineasta. Evoluindo dentro de uma constante de subjetividades e abraçando histórias de uma multiplicidade impensável, como a proposta de revisitar a segunda guerra mundial pela ótica do lado derrotado (Cartas de Iwo Jimma, de 2006).
Em Além da vida, Eastwood continua a traçar esse itinerário de desafios constantes a seu cinema. O resultado pode até não ser dos mais entusiasmantes (Invictus foi recebido a meio mastro e Além da vida passou abaixo do radar da crítica), mas será sempre um Eastwood legítimo.



E o Oscar?

Principalmente nesta última década, um filme de Clint Eastwood era sinônimo de filme de Oscar. Até mesmo o mediano Invictus valeu duas indicações ao prêmio da academia. Além da vida parece fadado a quebrar essa escrita. O que chama mais a atenção ainda se considerado o ótimo rendimento do roteirista Peter Morgan (o filme é o primeiro que não lhe vale prêmios e indicações). Mas Matt Damon não liga para essas coisas. O astro, que vira e mexe declara que pensa em debutar na direção, diz para quem quiser ouvir que tem tomado aulas magnas do mestre Eastwood. E encerra: “Eu faço o que Clint Eastwood quiser”. Damon, por enquanto, não está alistado para o próximo projeto de Clint, a biografia do mentor do FBI previamente intitulada Hoover, mas qualquer necessidade...

5 comentários:

  1. Tema universal, é assim mesmo que ele conduz o filme. Não pende para o espiritismo, mas para as formas como lidamos com a morte, por mais que tenhamos um médium e uma mulher que vivenciou uma EQM (Experiência Quase Morte). Por incrível que pareça, o que mais me incomodou foi o roteiro de Peter Morgan, ele foi pelo caminho mais fácil.

    Ainda assim, um filme a ser conferido.

    bjs

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  2. Estou curiosos para assistir. Todo o trabalho de Clint é acima da média.

    Abraço

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  3. Eu ainda não assisti "Além da Vida", mas a recepção mista que o filme anda recebendo me faz esperar este filme com poucas expectativas. Entretanto, isso é muito difícil de fazer, afinal, estamos falando de um filme do grande Clint!

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  4. Marcelo: Merece mesmo. É superior a Invictus! Abs

    Amanda:Acho que evitar abraçar uma causa é o grande mérito da direção do Eastwood Amanda.Discuto mais isso na minha crítica que será publicada ainda esta semana aqui. Bjs

    Hugo: É mesmo acima da média Hugo. O cara é f...
    abs

    Kamila:Do grande Clint. E mesmo o mais fraco dos filmes é interessante. Acho que o diretor vive uma entressafra na carreira, mas uma boa entressafra...
    bjs

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