Pano para a manga!
Sabe aquele filme que tem uma ótima ideia e por oras tantas a execução acaba sucumbindo a força dessa ideia? É mais ou menos isso o que ocorre com Amor por contrato (The joneses, EUA 2010). Não se deixe enganar pelo péssimo título nacional. O filme estrelado por David Duchovny e Demi Moore é uma sátira arredia ao consumismo americano. A aura de comédia dramática, que o diretor e roteirista Derrick Borte (alemão que vem do mercado publicitário), impõe a sua produção não lhe causa prejuízos, mas certamente impede um impacto maior.
Em Amor por contrato, Steve (Duchovny) e Kate (Moore) formam um casal perfeito. Eles e seus filhos, Mick (Ben Hollingsworth) e Jen (Amber Heard), mudam-se para um bairro com renda média anual de U$ 100 mil e tornam-se referência na vizinhança. O detalhe aí é que eles são pagos para fazer isso. E não são uma família de verdade. São todos vendedores alinhados por uma companhia de marketing para promover os produtos de seus clientes na vizinhança abastada. Os Joneses são, em uma avaliação preliminar, um estilo de vida a ser cobiçado. O american way of life em seu supra sumo familiar.
David Duchovny e Demi Moore em cena do filme: um pouco de romance e indecisão criativa acabam por esfriar o que prometia ser uma ótima sátira
Derrick Borte tem jeito para diálogos irascíveis e situações de grande potencial anedótico e Amor por contrato vai bem nesse ritmo até sua meia hora final. As incidências dramáticas ensejadas pelo roteiro ganham força no clímax do filme e, além de ceder a um moralismo desviante, o vigor da fita acaba deformado pelo simplismo da realização. Borte falha em adentrar na própria crítica que aventou; preferindo ater-se à superfície e enveredando por um previsível romance entre o casal de protagonistas. Se o romance acentua o aspecto de deslocamento pincelado pelo roteiro, os arcos dramáticos dos jovens Mick e Jen o cristalizam perfeitamente.
Amor por contrato traz em seu cerne uma ideia tão boa que dá pano para manga mesmo com um filme que se encolhe ante a própria premissa. Isso não quer dizer que Amor por contrato seja um filme ruim. Longe disso. É tônico, quase sempre sarcástico e deliciosamente irônico. Argumenta-se apenas que poderia ser memorável.
Já tinha ficado curiosa com esse filme, agora mais ainda. Vou conferir assim que der, mas David Duchovny continua com cara de Mulder para mim, hehe.
ResponderExcluirbjs
Com sua ótima crítica quanto a fita deu vontade de conferir. Eu que não sou adepto a este tipo de filme. Rs!
ResponderExcluirAbração
Rodrigo
Eu estou curiosa para conferir este filme. O interessante é que eu pensava que se tratava de um daqueles filmes ruins. Mas, sua crítica foi uma agradável surpresa.
ResponderExcluirRei,
ResponderExcluira Ka disse tudo. Eu temia até perder meu tempo lendo uma crítica que pensava ser negativa. rsrsrsrs
O argumento é muito bom.
;)
Amanda: Para mim, Hank Moody é uma figura mais marcante...rsrs. bjs
ResponderExcluirRodrigo Mendes: rsrs Que bom que vc gostou da crítica. Abs
Kamila: O filme poderia ser melhor, mas está longe de ser ruim... bjs
Cássio: Que bom que gostou Cássio. Valeu pelo sempre temperado feedback. Grande abraço!