quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Panorama - Insônia


Christopher Nolan pegou este remake de um filme norueguês obscuro, para ser seu segundo trabalho. Insônia (EUA 2002) é, até hoje, o único filme em que não colaborou no roteiro, mas isso não faz deste thriller um projeto menos autoral do cineasta.
Nolan teve a bela sacada de escalar Robin Willians, um ator mais afeito a comédias, para fazer um vilão tão enigmático quanto impassível. Nolan contava com a estranheza da platéia em ver Willians tão deslocado de sua zona de conforto e isso foi providencial para que Insônia pudesse ser digerido da forma que Nolan objetivava. Apesar desse hype em torno de Willians, a história que Nolan quer contar aqui, prescinde de seu personagem. Al Pacino faz um veterano policial destacado para conduzir a investigação do assassinato de uma adolescente no Alasca. Ele e seu parceiro (papel de Martin Donovam) estão vivenciando uma crise, pois discordam sobre assumirem ou não sua parte em um escândalo de corrupção. Após uma confusa perseguição ao suspeito do crime, o personagem de Pacino atira acidentalmente no de Donovam. Segue-se o inferno na vida deste personagem. Atormentado pela culpa, incapaz de dormir pela inadequação a uma cidade em que o sol não se põe, e ainda sendo chantageado pelo criminoso que pretende prender.
Nolan, a partir desse escopo, constrói um filme singular. Tenso, dramático e dotado de algumas belas reflexões sobre a matéria prima do cinema de Nolan. A obsessão e suas circunstâncias. Seja por dormir ou por justiça, Nolan constrói sua trama em cima do interesse de seus personagens em conseguirem seu intento. A policial vivida por Hillary Swank, por exemplo, se investe da responsabilidade de descobrir o que de fato aconteceu naquela desastrada perseguição que culminou na morte do parceiro de Pacino.
Voltando a Willians, importante pontuar que o ator sempre foi conhecido (pelo menos até levar o Oscar em 1998) por querer ser levado a sério e não ser encarado apenas como um comediante. Logo, essa era uma obsessão de Willians enquanto ator. Muito bem explorada por Nolan em seu filme.
Um thriller policial de invejável fôlego que se não oferece um comentário ativo do diretor sobre suas indagações enquanto cineasta, entretém com certo fascínio.

4 comentários:

  1. Em 2002 eu tive o prazer de ver este filme no cinema. Primeira vez que vi Robin Williams vilão e ele só aparece pra metade da fita, mas nunca esqueço da sua voz assustadora ameaçando o Al Pacino no telefone. Depois ele fez o mesmo perfil malvado em Retratos de Uma Obsessão que não chega perto deste filme!

    Impressionante performances e direção excepcional. Ninguém destaca muito este filme na filmografia de Nolan. Que bom que lembrou!

    Abs!
    Rodrigo

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  2. A cada dia que passa Mr.Nolan ganha mais o meu respeito.

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  3. Marcelo: é mesmo! abs

    Rodrigo: Tb tive o prazer de assistir esse filme no cinema. Acho que este é o único vilão de Robin Willians. Seu personagem em Retratos de uma obsessão, que é do mesmo ano (e a distribuidora aproveitou o momento) não é um vilão. É um cara com sérios distúrbios. Mas não se enquadra na definição clássica de vilania no cinema. Assim como o de morra Smoochy morra também não.
    E concordo, Insônia talvez tenha sido o último grande momento desse ótimo ator. abs

    Annastesia: O meu tb. Bjs

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