O fator Shyamalan
Mesmo que não seja cinéfilo convicto, e talvez até mesmo por causa disso, você já assistiu um filme de M. Night Shyamalan, este indiano, filho de médicos, radicado nos EUA e apaixonado pela cidade da Filadélfia.
Shyamalan já tinha rodado dois filmes e colaborado com alguns roteiros quando estourou para o mundo e para a crítica com um dos mais inusitados sucessos do verão americano de 1999. O sexto sentido era uma produção de médio orçamento da Buena Vista (estúdio integrante do Grupo Disney) e não parecia talhado para a revolução que desencadeou. O filme, que fora indicado a seis Oscars (inclusive filme, direção e roteiro original, todos para Shyamalan), rendeu mais de U$ 600 milhões e realinhou a forma como filmes de suspenses seriam produzidos em um futuro próximo.
Há quem enxergue uma praga em O sexto sentido. Justamente as duas pessoas que mais teriam se beneficiado do sucesso do filme (Shyamalan e o menino que via gente morta Haley Joel Osment) passaram a viver um ostracismo itinerante em suas carreiras. Atendo-se a Shyamalan é preciso, de pronto, dizer que seus filmes seguintes não foram os equívocos que as expectativas sempre desestabilizadoras sentenciaram. É lógico que uma análise pormenorizada se faria necessária, mas superficialmente é oportuno dizer que seus filmes falharam devido a deturpações do marketing dos estúdios com que o diretor trabalhou, de seu ego monstruosamente inflamado e da enorme pressão que havia sobre seus ombros por trabalhos tão vistosos e surpreendentes quanto O sexto sentido.
Shyamalan já tinha rodado dois filmes e colaborado com alguns roteiros quando estourou para o mundo e para a crítica com um dos mais inusitados sucessos do verão americano de 1999. O sexto sentido era uma produção de médio orçamento da Buena Vista (estúdio integrante do Grupo Disney) e não parecia talhado para a revolução que desencadeou. O filme, que fora indicado a seis Oscars (inclusive filme, direção e roteiro original, todos para Shyamalan), rendeu mais de U$ 600 milhões e realinhou a forma como filmes de suspenses seriam produzidos em um futuro próximo.
Há quem enxergue uma praga em O sexto sentido. Justamente as duas pessoas que mais teriam se beneficiado do sucesso do filme (Shyamalan e o menino que via gente morta Haley Joel Osment) passaram a viver um ostracismo itinerante em suas carreiras. Atendo-se a Shyamalan é preciso, de pronto, dizer que seus filmes seguintes não foram os equívocos que as expectativas sempre desestabilizadoras sentenciaram. É lógico que uma análise pormenorizada se faria necessária, mas superficialmente é oportuno dizer que seus filmes falharam devido a deturpações do marketing dos estúdios com que o diretor trabalhou, de seu ego monstruosamente inflamado e da enorme pressão que havia sobre seus ombros por trabalhos tão vistosos e surpreendentes quanto O sexto sentido.
Cena de O sexto sentido: Da consagração à maldição...
Shyamalan criou o hábito de lançar um filme a cada dois anos. Então, isso lhe dava tempo para desenvolver uma ideia e projetá-la da melhor maneira possível. Corpo fechado (2000) e Sinais (2002) ainda foram produzidos e distribuídos pela Buena Vista. Mas com desempenhos de crítica e bilheteria consideravelmente inferiores (principalmente do filme estrelado por Mel Gibson), Shyamalan passou a ser um artista caro para ser bancado pelo estúdio. Uma vez que o indiano é muito intolerante a intervenções e gosta de manter uma aura autoral em seus filmes. Muitos acham que seus filmes, de Sinais para cá, são pedantes, mal resolvidos e emulam a arrogância de seu criador.
Com a crítica desconfiada e o público cada vez mais disperso, Shyamalan foi rodar uma alegoria sobre o medo e a paranóia em A vila (2004), seu melhor filme depois de O sexto sentido. A produção da Touchstone distribuída pela Columbia Pictures, também não foi recebida com bons olhos. Em parte, em virtude de um crime no marketing da fita que tentava (baseado no histórico do diretor de finais surpreendentes) vender o filme como um suspense de final surpresa. Não era o caso. A vila era um elaborado estudo sobre o medo e suas reminiscências. Isso acelerou o processo de decomposição do cineasta que decidiu inverter sua lógica narrativa (que lhe valia comparações com Alfred Hitchcock) em seu próximo trabalho, A dama na água (2006).
Com a crítica desconfiada e o público cada vez mais disperso, Shyamalan foi rodar uma alegoria sobre o medo e a paranóia em A vila (2004), seu melhor filme depois de O sexto sentido. A produção da Touchstone distribuída pela Columbia Pictures, também não foi recebida com bons olhos. Em parte, em virtude de um crime no marketing da fita que tentava (baseado no histórico do diretor de finais surpreendentes) vender o filme como um suspense de final surpresa. Não era o caso. A vila era um elaborado estudo sobre o medo e suas reminiscências. Isso acelerou o processo de decomposição do cineasta que decidiu inverter sua lógica narrativa (que lhe valia comparações com Alfred Hitchcock) em seu próximo trabalho, A dama na água (2006).
Bruce Willis e Samuel L. Jackson no filme de super herói mais real do cinema: "O público não entendeu o espiríto do filme", resmungou Shyamalan sobre a recepção morna que Corpo fechado teve no ínicio dessa década
Joaquin Phoenix em cena do seu segundo trabalho com o diretor, A vila: o filme foi vendido errado e Shyamalan pagou o pato...
Desta vez trabalhando para a Warner Brothers, o diretor entregou um filme ruim. A dama na água, que o próprio admitiu ter concebido a partir de uma historinha que contava para seus filhos, não tinha razão de ser. Um filme pueril, cansativo e brega. O fato de Fim dos tempos (2008), seu próximo filme – dessa vez sob o selo da Fox -, não ter ido bem, ressaltou o óbvio. Shyamalan, mais do que qualquer outra pessoa, ainda não havia conseguido digerir O sexto sentido. O cineasta é capaz de construir grandes histórias, mas tem considerável dificuldade em arrematá-las. Tenha-se um final surpresa ou não, todos os filmes de Shyamalan descambam na meia hora final. O que não ocorre com seu filme mais famoso. Na fita estrelada por Mark Wahlberg, além de uma certa militância ambientalista esvaziada de senso crítico, o diretor parece dizer que só ele é intelectualmente capaz de entender seus filmes. Não à toa, em entrevistas recentes, Shyamalan disse que faz seus filmes para si mesmo. Não pensa no público. Faz sentido.
Mark Wahlberg fica tão deslocado quanto o público em Fim dos tempos, mais um filme que começa muito bem...
De qualquer jeito, para a Paramount ele fez O último mestre do ar, primeiro trabalho não original em sua carreira. Uma concessão impensável há dez anos que devolve o seu as suas expectativas. Shyamalan vai se afastando da pecha de especial. Apesar das críticas (novamente negativas), a bilheteria não comprometerá tanto dessa vez. Sai o autor, entra o homem de estúdio e, com isso, Shyamalan talvez comece a fazer filmes pensando no público. Se isso será bom ou ruim (para ele e para a gente) o tempo dirá.
Ótimo Texto Reinaldo!
ResponderExcluirShymalan, demonstrou ser ótimo diretor com "O Sexto Sentido", mais seus outros filmes decaíram muito, acontece também que o diretor teve muita pressão em torno de todos os filmes, mais vem dele próprio também, acho que o sucesso subiu a cabeça rápido demais, tanto que ele próprio não admite os seus erros, pelo menos é o que parece.
Seria bacana fazer uma matéria ou enquete, pra ver qual o diretor mais azarado de todos os tempos, pq convenhamos Shymalan é diretor de um sucesso só, HAHAHAHA.
Abs.
Bacana o Insight sobre o Shyamalan. Eu também fiz uma biografia/filmografia dele no blog. Depois confira.
ResponderExcluirEu sempre gostei de seus filmes, embora admito que A Dama na Água e Fim Dos Tempos passaram de um certo limite encadeado da narrativa e onde ele perdeu uma ótima oportunidade de desenvolver concluir melhor suas ótimas premissas, mas também nada que me atrapalhe.
Meus preferidos são mesmo O Sexto Sentido, Sinais, A Vila e um pouco Corpo Fechado.
Fui ver neste final de semana O Último Mestre Do Ar é achei muito interessante. Sou leigo quanto ao desenho, mas entendi a narrativa e não vi os defeitos que a maioria viu. Enfim cada um com seu gosto não é?
Reinaldo arruma o sobrenome do Night que está escrito errado e ficou gritante está: "Shymalan". É "Shyamalan"! Desculpe o toque e ter que dizer isso, mas é porque está em todo o corpo do texto até na postagem do Ultimo Mestre. Arruma aí. Abraços!
Rodrigo
Bacana mesmo o insight sobre o Shyamalan! Eu, toda vez que leio algo sobre ele, me revolto. Ele é um grande diretor, já provou isso, mas é a prova fiel do que sucumbir ao ego pode fazer com alguém. O pior é que ele não reconhece isso e ainda acha que está no caminho certo. Ele está jogando a carreira dele no lixo, sinceramente.
ResponderExcluirAlan: Pois é, azarado ele é mesmo. Valeu pelos elogios Alan.Abs
ResponderExcluirRodrigo:Obrigado pela correção pontual Rodrigo. Comi bola mesmo. Obrigado por ter trazido avante. A bem da verdade, acho que sempre escrevi o nome dele errado. Sei lá, cismei.rsrs.E olha que na home estava estampado o cartaz do filme, só para deixar o erro mais flagrante...
Bem, quanto aos meus preferidos dele, vamos lá:
1- O sexto sentido
2- Corpo fechado
3 - A vila
4- Fim dos tempos
5 - Sinais
6- O último mestre do ar
Imperdoável é mesmo A dama na água
abs
Kamila:Olha Ka, como argumentei no insight, não acho que a carreira dele tenha enveredado por esse caminho só por causa do ego inflado, mas não discordo de vc não. O ego foi sim um ator preponderante no status de Shymalan.
bjs
hahahahahaha, imperdoável mesmo é A dama Na Água, hahahahaa ai que dó, nem entra na lista!!
ResponderExcluirNão gosto de Fim dos Tempos, embora tenha alguns momentos de tensão.... acaba compensando conferi-lo.
Corpo Fechado é uma homenagem aos fãs de Hq, é muti bem feito e também fica com a medalha de prata pra mim.
Sexto Sentido é um clássico, não tem quem não se surpreendeu, quem não ficou com o coração na boca nas horas de susto, e quem até hoje, ao se levantar de madrugada pra ir no banheiro, não se lembre de Colin tremendo de frio- e de medo- na frente da privada !!!!!!!!
Acho que eu fui a única pessoa no mundo que gostou de A Dama na Água...hehe.
ResponderExcluirSempre gostei do Shyamalan, o único dele que considerei abaixo da média foi Fim dos Tempos. Esse O Último Mestre do ar não me chamou muita atenção, até por ser um trabalho feito "sob encomenda". Mas ainda tenho fé no cara, acho que quando menos esperarmos ele entregará um grande filme novamente.
Laís: Adoro sua empolgação sabia?! Valeu pelo comentário. E concordo plenamente com vc sobre essa cena de O sexto sentido.
ResponderExcluirbjs
Diego Olivares:Não sei se foi a única, mas certamente é um dos poucos Diegão. rsrs.
Tenho a mesma fé que vc Diego. Ele já provou ser um cara super talentoso e criativo. Vamos aguardar esse dia chegar.
abs
Eu fui fã do Shyamalan e o defendi até onde pude. Não achei "A Dama na Água" ruim e até relevei aquela porcaria chamada "Fim dos Tempos". No entanto, não tem mais como ficar no lado dele. A cada filme, ele cai ainda mais como diretor. Tenho até medo de assistir "O Último Mestre do Ar".
ResponderExcluirEntendo plenamente seu ponto de vista Matheus. Não há como negar que o Shyamalan que temos hoje é um diretor muito menos interessante do que aquele que tínhamos em 1999.
ResponderExcluirAbs