domingo, 18 de abril de 2010

ESPECIAL HOMEM DE FERRO 2 - Insight


Um falcão em pleno voo

Foi no ano 2000. Há exatos dez anos a saga da Marvel mudava no cinema. Enquanto a concorrente DC engatava filme atrás de filme pelo estúdio Warner (com sucessos como Batman e fracassos como Batman e Robin), a Marvel continuava em um marasmo criativo no que tocava a sorte de seus personagens na tela grande. Fracassaram as tentativas com o justiceiro e o Capitão América e o roteiro de Homem aranha (assinado por ninguém menos que James Cameron) perambulava por Hollywood há uma década.
Até X-men de Brian Singer surgir e mostrar que os personagens da editora tinham sim estofo para serem campeões de bilheteria assim como o Batman e o super- homem. O maior sucesso de uma adptação de HQ marvel havia sido o primeiro Blade de 1998. Mas o personagem pouco remetia ao universo Marvel. Era quase que um anônimo em meio a tantos super heróis famosos na fila para invadir os cinemas.
A produção barata de U$ 75 milhões (para um blockbuster e para os padrões atuais dos filmes da Marvel) rendeu o triplo, lançou um astro (o australiano Hugh Jackman) e provou que era possível fazer filmes com os personagens da editora que agradassem aos fãs, a executivos de estúdios e a todos os outros mortais que vão ao cinema. A equação parecia resolvida. E Sam Raimi a aprimorou em Homem aranha. A produção de 2002 registrou recorde de arrecadação no final de semana de abertura e agradou público e crítica. Blade também voltou aos cinemas. Já estabelecido como coadjuvante no “ano do aranha”, o caçador de vampiros também registrou aumento de bilheteria em relação ao primeiro filme.


Sam Raimi em ação:ele conciliou fórmulas comerciais a um cinema mais autoral


Em 2003, os cinemas foram invadidos pelos heróis da Marvel que assumiram de vez a dianteira em termos de arrecadação em frente aos concorrentes da DC comics. Demolidor – o homem sem medo, estrelado por Ben Affleck teve investimento médio e retorno financeiro satisfatório. Apesar do bom elenco e do bom momento para personagens Marvel, o filme não agradou a crítica e o público o encarou com reservas. O mesmo ocorreu com o Hulk de Ang Lee. A pegada intimista e o foco no drama psicológico do personagem não agradou ao público e embora o filme tenha feito razoável bilheteria não agradou ao estúdio (no caso a Universal) e a uma parte da crítica. Já os mutantes de X-men voltaram com tudo e com um orçamento maior. X-men 2 foi sucesso absoluto de público e crítica, patenteando a Marvel como o melhor celeiro para superproduções de qualidade e com potencial de grandes bilheterias.

Itálico

Cena de X-men 2: Maior e melhor



Nem tudo são flores
Entre um arrasa quarteirão e outro (o segundo e o terceiro filmes do Homem- aranha, X-men: O confronto final) alguns filmes que não deram certo, casos de O justiceiro e Justiceiro: Zona de guerra (duas tentativas de emplacar o sombrio personagem que mata mafiosos e deliquentes diversos), Electra e Motoqueiro fantasma. Alguns filmes que ficaram no limite do satisfatório, casos dos dois filmes do Quarteto fantástico, do terceiro filme do Blade, do novo filme do Hulk e do recente X –men origens: Wolverine (spin off da trilogia mutante).
Muitos desses filmes não eram ruins. Alguns poderiam ter sido mais bem desenvolvidos. De qualquer forma, foram vítimas da profusão de filmes de heróis nessa década. Existia uma ansiedade por parte da indústria em aproveitar a boa maré desencadeada com o primeiro filme dos mutantes lá em 2000.

Eric Bana prestes a se transformar no Hulk de Ang Lee: Um filme de muitos méritos que não deu certo



Cena de Homem-aranha 3: Apesar de ter sido o filme da série que mais arrecadou nas bilheterias, o senso geral é de que o filme não foi o ideal


Assumindo o controle
Depois de ver os outros lucrando, e muito, com seus personagens, a Marvel resolveu assumir o controle das crias que lhe restaram. Explica-se. A empresa negociava os direitos de seus personagens com estúdios de cinema. Dessa maneira, Homem- aranha, Motoqueiro fantasma e Justiceiro foram para a Sony. Demolidor, Quarteto fantástico e X-men para a Fox. Hulk para a Universal e assim por diante. Com todos os direitos de seus principais personagens negociados por um bom tempo, a Marvel se viu na contingência de fazer uso dos que ainda lhe restavam. Com aspirações a se tornar uma gigante do cinema também, a empresa/estúdio bancou sozinha a produção de Homem de Ferro e firmou acordo com a Paramount para a distribuição. A produção custou U$ 200 milhões. Era um tiro só. Não haveria margem para manobra. Se o filme não fizesse sucesso, as pretensões da Marvel em ampliar seu campo de atuação virariam pó. A aposta ganhou contornos ainda mais arriscados quando o diretor Jon Favrau, relativamente inexperiente, foi anunciado a frente do projeto e Robert Downey Jr., mais conhecido por frequentar as páginas policias do que as de cinema, confirmado como protagonista.


Banner de Homem de ferro 2: o filme chega para consolidar o status da Marvel como estúdio de cinema


Deu tudo certo e, esse mês, Homem de ferro 2 chega para solidificar as pretensões da Marvel. O estúdio já tem mais três filmes em desenvolvimento. Thor, que será dirigido por Kenneth Branagh, estréia em maio de 2011, Capitão América, que será dirigido por Joe Johnston, estréia um mês depois e Os vingadores está previsto para 2012. O presidente da Marvel estúdios, Kevin Feige, já declarou que a idéia é unir a cronologia desses filmes e formar um universo Marvel nos cinemas. A pista dessas pretensões já havia sido dada em 2008, quando Tony Stark (Robert Downey Jr.) aparece no final do filme O íncrivel Hulk que a Marvel co-produziu junto a Universal. Mas ali tudo ainda não passava de uma idéia. Hoje, com a produção dos filmes já em andamento, esse universo Marvel no cinema, já é uma realidade.

O exectivo e fã, Kevin Feige, ao lado de Edward Norton nos sets de O íncrivel Hulk:a marvel cresce de maneira planejada e sustentável


Próximo passo
Em agosto do ano passado o mundo do entretenimento, e das finanças, foi pego de surpresa pelo anúncio da compra da Marvel pela Disney. No negócio de mais de U$ 4 bilhões, que foi aprovado por credores, acionistas e fundos de investimento há pouco tempo, estabeleceu-se uma estrutura quase imbatível de produção de filmes. É bem verdade que alguns dos personagens da Marvel continuam licenciados para outros estúdios, e já foi anunciado que os contratos vigentes serão respeitados, mas quando estes acabarem, todos encontrarão abrigo na Disney. Joe Quesada, editor-chefe da Marvel, já declarou que a relação entre Disney e Marvel será muito semelhante a que a mesma Disney trava com a Pixar. “Eles nos darão suporte, mas nossa independência criativa será preservada”, disse ao New York Times à época em que a transação se configurou.
A Marvel já se estabeleceu como estúdio de cinema. Agora planeja voos mais longos. Já deixou sua rival (no campo editorial) no chinelo e se prepara para assumir o controle criativo de todos os seus personagens no cinema. Uma bela e intensa jornada. Não parece que se passaram apenas 10 anos

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