A seção desta semana destaca um dos grandes trabalhos de Brad Pitt como ator. Premiado em Veneza e com três indicações ao Oscar, O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford é um filme de imensa beleza. Mas sua qualidade excede a técnica apurada empregada pelo diretor Andrew Dominik. Um filme que se debruça sobre a cultura de celebridades, tão em voga nessa época em que realitty shows dominam as atenções da mídia. Um filme pensativo, contemplativo e lúcido em seus comentários. Fique com a crítica que, não custa lembrar, foi escrita à época do lançamento do filme.
No tempo das diligências
Demorou em ficar pronto, mas valeu a espera. O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford (the assassination of Jesse James by the coward Robert Ford, EUA 2007), do diretor neozelandês, Andrew Dominik, é um filme para a posteridade.
O diretor conhecido por ser um perfeccionista incorrigível, provavelmente deva a essa compulsão, o sucesso de seu filme. Sucesso relativo é bom que se diga. Apesar de premiado em Veneza com o leão de prata de melhor ator para Brad Pitt, o filme tem dividido opiniões.
Assim como o título, o filme também é longo. Tem duas horas e quarenta minutos de duração e não investe na ação. Algo incomum para um western. Daí, justamente, vem toda a originalidade da obra de Dominik. Ao realizar um western parado, pensativo e com o foco na batalha emocional dos personagens, sem recorrer a confrontos físicos para exteriorizá-la, o diretor realizou um faroeste revisionista, mas diferente da proposta de Os imperdoáveis, que se dedicava a desconstruir os mitos criados no mais tradicional gênero cinematográfico americano.
Em O assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford, o diretor procura antes de fazer um western, fazer um ensaio sobre o surgimento da cultura de celebridades e, para isso, recorre ao mito por excelência da América, Jesse James. Durante a fita, utilizando o ofício da narrativa em off, o diretor procura dialogar com o mito para explicar o homem, uma inversão ousada de valores. Nas biopics tradicionais, pega-se o homem para desvendar o mito. Aí também está outro grande mérito da fita. O diretor sabia que somente se arriscando a quebrar determinados paradigmas do cinema americano é que poderia, de fato, desmontar aquela figura tão engendrada, tão enraizada dentro de si que sucumbiu a própria fama. E consegue.
Dominik vai além e traça um paralelo entre a fama e o fã, como se dá a relação de amor e ódio, de cobiça e desprezo. Em um trabalho potencializado pelas soberbas atuações de Brad Pitt como Jesse James e Casey Affleck como Robert Ford, em especial desse último, que veste-se de uma fragilidade quase hedionda em uma terra de homens durões e bidimensionais; capaz de chorar quando seus irmãos caçoam de sua adoração por Jesse James. O ator está maravilhoso como Ford. Hipnótico!
Um filme difícil, mas para ser apreciado com o devido zelo e a merecida atenção. A ressaltar também a magnífica fotografia e a bela trilha sonora. Filmaço!
Já ouvi falar desse filme, agora é impressão minha ou o filme não teve uma boa divulgação ?
ResponderExcluirAfinal, ele é quase nem lembrado.....
mais msm assim, muito boa a crítica e mes tendo 2h40 de filme, ele despertou a minha atenção !
É alan não teve muita divulgação pq é um filme difícil, que não chama público msm. Apesar de ter concorrido ao Oscar (ator coadjuvante, fotografia e trilha sonora), o filme passou quase incólume pelos cinemas. Mas para mim, foi um dos melhores filmes de 2007. Vale a pena ver sim!
ResponderExcluirABS
Obra-prima detected! Uma das maiores surpresas dos últimos anos. Inexplicavelmente, um filme deveras subestimado.
ResponderExcluirPois é Elton. Inexplicavelmente como vc bem disse.
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